Ao ler o texto referente ao dia 23 de janeiro, de Pérolas de Sabedoria, da Fé Bahá’í, não pude deixar de fazer uma comparação com a minha vida. Assim está escrito o texto na íntegra:
Ó errante sem lar na senda de Deus! A prosperidade, o prazer e a liberdade – por mais que o coração humano os deseje e com eles se alegre – de modo algum se comparam às provações do estar sem lar e do infortúnio no caminho de Deus; pois tal exílio e banimento é abençoado pelo favor divino e, seguramente, se lhe segue a mercê da Providência. A satisfação da Providência. A satisfação da tranqüilidade do lar e o deleite de achar-se livre de todas as preocupações hão de passar, enquanto a bênção do estar sem lar há de perdurar por toda a eternidade, e seus frutos, de largo alcance, hão de manifestar-se.
Considero como lar o espaço que construímos e que o preenchemos com a presença da companheira e dos filhos, e a quem mais queira ou necessite se agregar. Um local onde há harmonia, onde as pessoas vivem e sentem-se bem.
Construí esse espaço quando construí a minha família, com companheira e filhos; sogra, avó e cunhados como agregados. Quando passei a considerar e praticar o Amor Incondicional assim como Deus colocou na minha consciência, fui banido desse lar, literalmente expulso com agressões físicas e morais. Tentei construir outro lar, mas novamente fui expulso, apesar de explicar minuciosamente a missão que eu tinha que cumprir junto ao Pai. Outra vez fui banido e a expulsão desse outro lar foi acompanhada de agressões morais e de ameaças de agressão física. Tentei mais uma vez morar com alguém e formar mais uma vez um lar compartilhado, mas o controle sobre o meu comportamento e que entrava em conflito com minha missão, terminava por trazer desarmonia nesse espaço de convivência. Então constatei que o banimento que sofri duas vezes e que as tentativas frustras de viver num espaço compartilhado como um lar, não era possível para mim.
Assim me considero exilado num espaço onde moro só e que não posso considerar como um lar tradicional, pois não há convivência com outras pessoas. É o meu refúgio permitido por Deus. Por mais que o meu coração humano deseje que eu conviva com companheira e filhos, não posso a isso me permitir se não terei condições de fazer a vontade do Pai. Essa condição poderia me deixar harmonizado com os companheiros de convivência, mas eu não estaria harmonizado comigo mesmo. E tenho que seguir as instruções de Jesus, amar ao próximo como a si mesmo. Tenho que ter o referencial do amor a partir de mim. Se eu não me amar com prioridade, não poderei amar a mais ninguém, nem mesmo ao Pai, pois foi Ele que me confiou este corpo e alma que devo amar.
A fé Bahá’í me traz essa consolação, de que esta condição em que vivo está abençoado pelo favor divino, pois em nome dEle é que foi construído.