Desde quando o Amor Incondicional se defronta com o amor romântico podemos verificar diversos aspectos dessa batalha que se passa na mente e no coração. Um deles é com relação ao som, o silêncio e o barulho. O Amor incondicional nada diz de si próprio, é silencioso e sutil, mas faz as ações mais contundentes; o amor romântico é barulhento, exige falar de si mesmo, dizer que ama e as vezes exigir do parceiro igual declaração. Pode também fazer realizações contundentes para mostrar a verdade do que é sentido, mas sempre é contaminado pela sensação de querer receber a mesma energia que está dispensando. O Amor Incondicional não tem essa necessidade, ama pelo simples prazer de amar, não exige correspondência, não exibe represália.
Tenho dificuldades nos meus relacionamentos afetivos, pois sempre ficam contaminados pelo amor romântico e como procuro manter minha sintonia afetiva com o Amor Incondicional, minha tendência é permanecer calado, no silêncio e deixar apenas minhas ações falarem por mim. Sei que o tempo que tenho não é suficiente para demonstrar o Amor por todos que me são caros, e isso pode provocar ressentimentos por quem não domina o Amor Incondicional e espera sempre uma correspondência por uma palavra ou por uma ação.
O Reino de Deus irá ser construído com a preponderância do Amor Incondicional. O amor romântico continuará existindo, pode até fazer os seus barulhos, mas quando sentir a presença silenciosa do Amor Incondicional irá se recolher dentro de sua hierarquia subalterna. A construção do Amor Incondicional será florescente por toda a sociedade, dentro das famílias cujos limites afetivos não serão mais rígidos com os atuais. Por todo lado as pessoas fazem ações solidárias e afetivas umas com as outras, algumas visíveis, observáveis, mas a maioria de forma anônima.
Hoje, no primeiro dia do mês e na solidão do meu apartamento, minha sintonia é total com esse sentimento de Amor Incondicional. Logo mais estarei viajando para Caicó, muitos pacientes me esperam e tenho uma boa oportunidade de aplicar o Amor em todos, uma espécie de treinamento para aprofundar cada vez mais minha capacidade afetiva. Não só com os seres humanos, mas com todos os entes da criação. Chegar próximo do sentimento de São Francisco, que amava o sol, a lua, os animais, todos os entes da Natureza, até mesmo o fogo que por necessidade de tratar os seus olhos que se tornaram cegos, foi cauterizado e no momento crucial ele se envolvia em amor com o fogo de tal forma que a dor era recebida com alegria e sem alaridos.
Sei que ainda a caminhada é longa para quem já tem essa disposição de preencher o coração com o Amor Incondicional, quanto mais quem ainda não despertou para essa condição para quem quer ser cidadão do Reino de Deus. O máximo que conseguem é desenvolver o amor romântico e os diversos amores condicionais de acordo com os interesses egoístas dos seus instintos animais.
Enquanto a sociedade não atinge esse nível, quem já tenta aplicar o Amor Incondicional nas suas relações, terá que ter muita paciência com todos do seu entorno, pois sempre irá se deparar com exigências que agora não fazem parte do objetivo de vida.