A maior violência é aquela que engendramos na mente agredindo constantemente pessoas e coisas e a nós mesmos, torcendo as leis naturais para adquirir mais e mais recursos, prazeres, sem considerar a angústia, tristeza e infelicidade que surge em função disso.
A nossa comunidade se encontra altamente contaminada pela violência, gerada pelo egoísmo desenfreado e que as lições do Cristo tão fortemente disseminadas pelas diferentes igrejas não conseguem serem aplicadas com coerência. O egoísmo campeia livre por todas as dimensões e classes sociais, desde as mais humildes até as mais abastadas, até mesmo nos homens devotados a Deus encontramos ninhos de egoísmo.
A conseqüência dessa triste realidade é o paradoxo existencial que nos encontramos. Os marginais, bandidos de toda espécie, soltos pelas ruas à procura de vítimas e nós, cidadãos que desejam seguir dentro da lei, presos dentro de nossas próprias casas, comércios, escolas, etc. Tudo tem grades, tudo tem polícia, tudo tem vigilância. Termina por surgir do fundo do nosso desespero um grito de angústia que parece mais uma auto-crítica: que posso fazer?
Foi dentro desse clima de procurar uma saída para conter a violência, que colegas do Hospital João Machado expressaram esse grito de impotência, parecido com desespero. Logo fiquei aliado a esses anseios e participei da primeira reunião que só tinha duas pessoas. Parece desalentador, como resolver tamanho problema com apenas duas pessoas. O que nos valeu foi que lembramos do nosso Mestre Jesus, que dizia que quando duas ou mais pessoas estivessem presentes e sintonizados com o seu nome, Ele se faria presente. Então na realidade foram três pessoas e uma, a terceira pessoa que estava desencarnada, era uma pessoa de peso: o próprio governador do planeta. Que poderíamos querer mais? Tínhamos que colocar nossos projetos e idéias em ação, a missão de cada um de nós deveria se tornar um movimento. No mundo material, eu e minha colega, tínhamos agora a tarefa de dar prosseguimento ao projeto, ao movimento. A nossa tarefa era de procurar os parceiros, a de Jesus a de nos intuir a quem procurar e de sensibilizar cada um a dar o que pudesse na execução do projeto.
Dessa forma eu tive que falar do projeto que nutro há anos, de trabalhar com jovens na comunidade, e que por falta de tempo nunca cheguei a cogitar a sua aplicação. Estava esperando pela aposentadoria para implementá-lo. Mas dentro desse contexto eu não poderia ficar com nada guardado e que fosse útil para o desenvolvimento do movimento.
Na próxima segunda feira teremos a segunda reunião desse movimento e teremos que mostrar competência para fazê-lo evoluir apesar de toda a dificuldade operacional que prevejo. Sei que o Cristo está ao nosso lado, mas Ele não pode operacionalizar a matéria como nós podemos. Ele depende de nós nesse aspecto e nós dependemos dEle para a sensibilização de novos parceiros e de nos facilitar a sabedoria para que nós possamos escolher o melhor caminho da construção do Reino de Deus como Ele ensinou. Sei que não podemos alimentar as diferenças que existem no seio da comunidade, seja de natureza política, religiosa ou de qualquer forma. Temos que valorizar o potencial que cada um apresenta e a sua disponibilidade de servir, de ser humilde e de amar incondicionalmente.