A felicidade não é algo pessoal, individual, como se dependesse só de nós mesmos. Eu moro só num apartamento e me considero feliz dentro das minhas possibilidades. Mas isso não quer dizer que eu me contento comigo mesmo dentro dessa sensação de felicidade. Compõe esse sentimento a perspectiva que tenho de ajudar diversas pessoas, que estou contribuindo para a felicidade de outros. Se eu tivesse tudo o que possuo e não pudesse repartir com os outros, sei que me sentiria triste e egoísta. Portanto não faço assim, pois quero evitar a infelicidade que isso me traria.
Então, a felicidade implica em algum nível de relacionamento com algumas pessoas. Não pode ser com qualquer pessoa. Mesmo que eu possa ajudar ao próximo como se fosse a mim mesmo, existem pessoas que pensam de forma muito diferente, então não podem entrar no meu círculo de convivência. As pessoas que me trazem com mais força a sensação de felicidade são aquelas que entram comigo numa espécie de comunhão de pensamentos. Considero que somos espíritos felizes, que nos atraímos um para o outro pela semelhança de idéias.
Acontece que no relacionamento homem mulher dentro do mundo material, onde nossos espíritos assumem um corpo feminino ou masculino, passamos a sofrer as influências da biologia, dos interesses na reprodução e na perpetuação dos corpos, conforme a lei da Natureza. Assim, posso ser atraído por uma mulher, e vice-versa, pela força dos instintos que formam em torno de nós o amor romântico, sem a necessidade de saber a forma de ela pensar. Mas no decorrer do relacionamento a forma de pensar vai se expressando e caso não exista a semelhança das idéias, o relacionamento pode até persistir, mas sempre cheio de conflitos que impedem a felicidade.
Esse é o motivo de eu morar sozinho. Apesar de ser atraído por muitas mulheres pela força do amor romântico. Quando estamos morando no mesmo teto, a diferença de idéias se manifesta e então o conflito é inevitável. Viver dentro de conflito é incompatível com a felicidade. Então se torna necessário a convivência com as companheiras em tetos diferentes, para evitar o constante conflito. Os momentos de encontro devem ser livres de conflitos, mesmo que exista ainda as diferenças de idéias, essas devem ser evitadas em suas manifestações, pois senão implica no afastamento definitivo dessa parceria, da convivência. Não quer dizer que deixe de existir o amor, pois este se existiu na sua qualidade pura, sem condicionamentos, jamais ele desaparecerá. Mas a convivência é que deve ser eliminada, mesmo que essa convivência seja por alguns momentos, porque as idéias contrárias se manifestam de forma conflituosa.
É mais fácil a convivência com outros espíritos no próprio mundo espiritual, pois lá não existe o sexo nem a pressão biológica pelos interesses da reprodução, que sempre se reveste do egoísmo. No mundo espiritual os Espíritos felizes são atraídos uns para os outros pela semelhança de idéias, de gostos, de sentimentos e formam vastos grupos ou famílias homogêneas, no seio das quais cada individualidade irradia suas próprias qualidades, e se penetra dos eflúvios serenos e benfazejos que emanam do conjunto. Assim, os membros dessa irmandade ora se dispersam para se ocuparem de suas missões, ora se reúnem em um ponto qualquer do espaço para se darem a conhecer o resultado de seus trabalhos, ora se juntam ao redor de um Espírito, de uma ordem mais elevada, para receberem seus conselhos e instruções.
Sei através das intuições que recebo do fundo da minha alma, que sou um Espírito feliz e que possuo um grupo de convivência, uma verdadeira família espiritual, todos com a mesma sensação de felicidade. Se hoje estou aqui encarnado na Terra e sofrendo os efeitos do meu corpo biológico, com as dificuldades inerentes ao instinto sexual de sobrevivência; se sou obrigado pelas circunstâncias a morar sozinho, na realidade não estou sozinho, pois estou acompanhado de todos os meus amigos da espiritualidade que torcem pelo sucesso da minha missão. Talvez muitas pessoas que estão dividindo agora a convivência comigo deste mundo material façam parte desse grupo feliz do mundo espiritual. Da mesma forma que tenho uma missão e procuro cumpri-la superando as dificuldades e as pressões do corpo material, espero que minhas parceiras e parceiros consigam da mesma forma, principalmente minhas companheiras que pretendem participar da minha missão de reformar a estrutura familiar. Talvez elas tenham vindo com essa mesma missão que é complementar a minha, cada uma desenvolvendo um papel de acordo com a sexualidade que herdou e assumiu.