Completou 77 anos e talvez seja este o seu último aniversário, pela fragilidade orgânica que apresenta. Estavam presentes os amigos mais próximos, cerca de 30 pessoas, aquelas mais ligadas à espiritualidade.
De início ele pediu a palavra e agradeceu a vinda de todos. Logo que ele terminou eu tomei a palavra e fiz uma singela homenagem a ele. Disse que eu me lembrava de um evento ocorrido há pouco tempo na Câmara Municipal de Natal onde ele fora homenageado como um título de cidadão natalense. Esse momento também era especial na vida dele e que merecia outra homenagem parecida com aquela. Seria o reconhecimento de suas ações em prol do mundo espiritual e lhe dar também um documento simbólico de cidadão do mundo espiritual.
Este meu amigo certa vez chegou no Centro Espírita onde eu tenho uma atividade voluntária semanal, aplicando o Evangelho as dificuldades dos dependentes químicos. Era a primeira vez que eu via aquela pessoa, de aparência humilde, de olhar sereno e amistoso. Apesar de seus diversos cursos, da publicação de livros, ele chegava com a atitude de humildade, se colocando como um aprendiz e servidor de todos.
Foi assim que meu amigo logo se envolveu com este trabalho e dividindo comigo a cabeceira da mesa, quando fazíamos nossos comentários em seguida a leitura de um trecho do livro que adotávamos. Sua linguagem de profundo conhecedor do Evangelho e da Psicologia, sempre nos trazia informações novas e despertavas emoções que nutriam o nosso coração.
Mas a capacidade de doação do meu amigo não ficava circunscrita a isso. Ele também se doava em alguns domingos, para trazer um curso estruturado para os dependentes e seus familiares. Também estava presente em outros lugares quando o convite era feito, sempre com disposição pra servir da melhor maneira.
Já no final fiz a confissão de ter tido muito medo de espíritos quando eu era criança. Mas agora eu entendo e faço diferente. Agora, disse eu, eu faço um combinado com o meu amigo. Se ele voltar ao mundo espiritual antes de mim, como tudo parece que acontecerá, ele tem a minha permissão para fazer contato comigo e assim poder continuar nosso trabalho em comprimento das lições sobre o Amor Incondicional que o Mestre de Nazaré deixou para nós.
A festa de aniversário era movido por um churrasco generoso que era distribuído para todos. Como eu me considero dentro da Quaresma e cumprindo uma forma de jejum não radical, apenas tomei um cálice de vinho e comi um cubo de queijo.
Voltamos para casa de meu irmão e preenchi o resto do dia em atividade lúdica com o jogo de baralho. Mais uma vez ficou a impressão que eu exagerei na dose, podia ter ficado menos tempo nessa atividade lúdica e fazer mais trabalhos, tanto materiais como espirituais que me compete fazer. Mesmo não estando com a consciência tão tranqüila como acontecia ontem, hoje eu considero que devia ter ficado menos tempo mesmo. Uma pontinha de culpa emerge da minha consciência e tenho que encontrar agora tempo e espaço para compensar.