Em continuação ao trabalho e pensamento de Steven Pinker, colocareis agora os “demônios”, “anjos” e “forças históricas” que ele considerou.
Os cinco “demônios” interiores compõem os vários sistemas psicológicos que diferem em seus desencadeadores ambientais, em sua lógica interna, em sua base neurobiológica e em sua distribuição social. A violência predatória ou instrumental é simplesmente a violência usada como um meio prático visando a um fim. A dominância é a ânsia de autoridade, prestígio, glória e poder, seja na forma de uma postura agressiva entre indivíduos do sexo masculino, seja nas disputas por supremacia entre grupos raciais, étnicos, religiosos ou nacionais. A vingança alimenta o impulso moralista de retaliação, punição e justiça. O sadismo é o prazer obtido com o sofrimento do outro. E a ideologia é um sistema compartilhado de crença, geralmente envolvendo uma visão utópica, que justifica a violência ilimitada na busca pelo bem ilimitado.
Na consideração sobre os quatro “anjos” bons é reconhecido que os seres humanos não têm bondade nem maldade inata, mas já vêm equipados com motivações que podem orientá-los para longe da violência e em direção à cooperação e ao altruísmo. A empatia, no sentido do interesse solidário, nos impele a sentir a dor do outro e alinhar os interesses dele com os nossos. O autocontrole nos permite prever as conseqüências de agir com base em nossos impulsos e tentar inibi-los quando necessário. O senso moral santifica um conjunto de normas e tabus que governam as interações entre as pessoas numa cultura. E com a faculdade da razão podemos nos desvencilhar de pontos de vista tacanhos, refletir sobre os modos como vivemos nossa vida, deduzir os meios para melhorá-la e guiar a aplicação dos outros anjos bons da nossa natureza.
Na consideração das cinco “forças históricas” Steven Pinker tenta juntar a psicologia e a história, identificando forças exógenas que favorecem nossos motivos pacíficos e que pautaram os múltiplos declínios da violência. O Leviatã, um Estado e poder judiciário que tem o monopólio do uso legítimo da força, pode desativar a tentação do ataque oportunista, inibir o impulso de vingança e contornar os vieses do interesse próprio que fazem todas as partes acreditarem estar do lado dos anjos. O comércio é um jogo de soma positiva no qual todos podem ganhar. À medida que o progresso tecnológico vai permitindo a troca de mercadorias e idéias por longas distâncias e entre grupos maiores de parceiros comerciais, as outras pessoas tornam-se mais valiosas vivas do que mortas, o que diminui a probabilidade de serem alvos de demonização e desumanização. A feminização é o processo no qual as culturas aumentaram seu respeito pelos interesses e valores das mulheres. Como a violência é um passatempo principalmente masculino, as culturas que dão voz ativa às mulheres tendem a afastar-se do enaltecimento da violência e a diminuir sua probabilidade de gerar perigosas subculturas de homens jovens sem raízes. As forças do cosmopolitismo, como a alfabetização, a mobilidade e os meios de comunicação de massa, podem levar as pessoas a assumir a perspectiva dos que são diferentes delas e a expandir seu círculo de afinidades para inseri-las. Finalmente, uma aplicação cada vez mais intensa do conhecimento e da racionalidade nos assuntos humanos, a escada rolante da razão, pode forçar as pessoas a reconhecer a futilidade dos ciclos de violência, a privilegiar menos os seus próprios interesses quando isso prejudica os demais e a reinterpretar a violência como um problema a ser resolvido em vez de uma disputa a ser ganha.
Com a exposição desse trabalho, o autor afirma que quando nos apercebemos do declínio da violência, passamos a ver o mundo de forma diferente. O passado parece menos inocente; o presente, menos sinistro. Começamos a apreciar as dádivas da coexistência que para nossos ancestrais pareceriam utópicas: a família inter-racial brincando no parque, os países que recuam de uma crise em vez de ir para a guerra. A mudança não é em direção ao comodismo: desfrutamos a paz que encontramos hoje porque as pessoas de gerações passadas se horrorizaram com a violência em sua época e se empenharam em reduzi-la; por isso devemos trabalhar para reduzir a violência que resta em nosso tempo.
O fator espiritual, o mundo espiritual e a sua progressão moral não foi considerado pelo autor. Certamente ele não tem conhecimento deste aspecto da Natureza, senão o teria incluído nas suas considerações. Mas isso não retira o valor do seu trabalho, pois é muito bom saber que a violência da qual estamos tão refém nos dias atuais, ela foi muito pior no passado. Os anjos e demônios que foram citados no trabalho, não deixam de ter um referencial no mundo espiritual, a batalha entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que se refletem no mundo material. Temos o nosso comandante espiritual, Jesus Cristo, que já nos deu as instruções necessárias para participar desse combate ao lado das forças do bem, reforçando os anjos e enfraquecendo os demônios que existem dentro de nós. Esta é a compreensão que faltou ao juízo de Steven Pinker, mas que muito agradecemos ao seu trabalho de trazer luz a uma realidade que poucos percebem, que o nosso trabalho intelectual e racional ao longo do tempo mostra que nós estamos vencendo a violência, as forças do mal, ao invés de nos sentimos derrotados por ficarmos presos dentro de casa com medo da violência que nos rodeia.
Serve de incentivo para não ficarmos acomodados, de sairmos para a comunidade de posse do saber acadêmico e colocar os nossos anjos para funcionar, sob o comando do nosso Mestre e autorização do nosso Pai.