Eu tenho o sonho de um dia ser o juiz de uma disputa onde o vencedor seja premiado por Deus. Essa disputa tem que ser necessariamente muito diferente, diametralmente oposta as disputas que observamos constantemente na mídia.
Nessas disputas os adversários, contendores que disputam a vitória, cada um procura exercer o que melhor há em si para atacar as fraquezas do oponente, fragilizá-lo e derrotá-lo. Observamos essa estratégia em cada disputa organizada como lazer do ser humano. O vencedor é premiado pelos homens e acredito que Deus fica apenas de longe, observando de “camarote”, mas sem se envolver por quem quer que seja.
O jogo no qual Deus pode se envolver e premiar o vencedor com todo entusiasmo (condição característica de Deus: entusiasmo = estar cheio de Deus) deve ter as seguintes características:
Primeiro, os concorrentes devem se reconhecer e considerar como filhos de Deus, e dentro dessa condição cumprir os dois principais aspectos da lei, citados por Jesus: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo;
Segundo, cada um dos contendores no próprio momento da disputa, mesmo assim continua a ver ser adversário como o próximo que deve ser amado e respeitado; e
Terceiro, durante o desenrolar do combate, cada adversário procurará mostrar e realçar o lado positivo do outro, suas virtudes, enquanto expõe suas próprias fragilidades, seus pecados.
Para se credenciar como combatentes, as duas pessoas devem na vida real desejarem um mesmo objeto ou condição, para a partir daí ser gerado o contraditório, a busca de fatores negativos que visam desqualificar o outro. Apesar disso estão dispostas a se defrontarem de forma inversa ao que sentem.
Eu terei o grato prazer de atuar como juiz nessa disputa tão diferente e talvez inédita na história da humanidade. Irei avaliar a condição psicológica e advertir a cada um dos adversários dos limites de suas ações durante o jogo.
Verificarei o esforço que cada um irá fazer para citar as virtudes que o adversário possui, falar das suas próprias fraquezas e pedir perdão pelos erros que cometeu e que prejudicou o adversário. Irei notar o esforço que ele fará também no sentido de reprimir a denúncia sobre o de errado que o adversário possui.
Além de anotar o desempenho de cada um quanto o conteúdo de suas palavras, a forma da expressão de cada frase na expressão do pensamento também serão especialmente analisadas. A forma emocional na expressão das palavras é um bom elemento para se perceber a honestidade do que se diz.
Esse esforço de cada um dos contendores de mostrar as qualidades positivas do outro e, por outro lado, se mostrar inferiorizado por reconhecer a totalidade dos seus defeitos que o outro não conhece, tende a caracterizar o outro como o vencedor. Só que ao conseguir isso ele é quem se torna o vencedor, seguindo a máxima do Cristo, “os humilhados serão exaltados” e “os últimos serão os primeiros”.
O derrotado dessa batalha será reconhecido como vencedor e talvez com muita propriedade, pois o seu adversário conseguiu lhe mostrar as suas virtudes e que brilharam mais no confronto.
Ao derrotado, aquele que fez ver a todos que o seu adversário era superior, é a esse que irei levantar o braço como vencedor e esperar que o Pai lhe dê o merecido prêmio.