Cheguei cedo ao local da hidroginástica ontem, terça-feira. Não tinha ninguém ainda na praia. O tempo estava chuvoso. Logo depois chegou minha colega, a mais espiritualizada, e ficamos a caminhar e conversar esperando a chegada do professor e do resto da turma.
Passamos a conversar sobre o Projeto de Extensão Universitária “Foco de Luz” que estamos implementando na comunidade da Praia do Meio. Minha colega colocou a questão do envolvimento dos alunos da graduação do curso de Medicina e que cursam a disciplina opcional “Medicina, Saúde e Espiritualidade” no projeto, que é um dos propósitos da política universitária. Eu disse que ainda não havia pensado como fazer esse “link” com os alunos, e de repente veio uma idéia na cabeça que falei de pronto para a minha colega.
Disse que seria interessante que escolhêssemos junto aos professores e a administração da escola os alunos mais problemáticos, mais violentos, agressivos, e designássemos uma dupla de estudantes para fazer a visita domiciliar e fazer o diagnóstico psico-social e espiritual, uma atuação como acontece com a equipe do PSF (Programa de Saúde da Família). A minha colega acrescentou que poderíamos orientar para ser feito na primeira visita uma roda de conversa onde todos os integrantes da casa pudessem colocar suas dificuldades coletivas e individuais. Na segunda visita poderia ser realizada a leitura de um texto espiritualizado, de qualquer religião ou não, com a oportunidade de cada membro fazer sua interpretação e aplicar na sua condição de vida. As visitas subseqüentes seriam feitas a cada mês, ate o fim do Projeto.
Cada grupo faria um relatório mensal dessa atividade e manteria um vínculo de amizade com a família entrevistada.
Consideramos que isso seria muito bom, essa atividade mostraria na prática para os alunos uma oportunidade de servir com base na empatia e desenvolvimento da amizade, independente do nível sócio-cultural que fosse encontrado.
Depois, sozinho em minhas meditações, no retorno a pé para casa, eu considerava que essa proposta surgiu na minha mente sem nenhuma preparação anterior. É como se o próprio Deus houvesse soprado em minha consciência o que Ele desejava que fosse realizado. Ele não está satisfeito com a sobrecarga de trabalho que estou assumindo e joga na minha mente a elaboração de mais um aspecto do trabalho que podemos realizar. É um trabalho que aparentemente não tem muita visibilidade, mas de importante impacto na vida e no aprendizado dos envolvidos, tanto os coordenadores, alunos, e a própria comunidade.
Agora cabe a mim apresentar no momento propício essa proposta dentro da nossa reunião semanal. Nesse momento vai se tornar importante a participação efetiva da escola, que até o momento não se engajou no Projeto.
Tenho que encontrar também alguém que fique entusiasmado em administrar esse projeto, na capacitação do aluno interessado nesse tipo de abordagem familiar
Tenho que informar aos companheiros voluntários para este trabalho a origem das propostas que surgem na minha mente, como pode surgir na mente de qualquer um dos voluntários de Deus. Devemos manter a postura que o Cristo nos orientou para “vigiar” e “orar”. Certamente as idéias fluirão pelo canal divino fazendo em nós melhores instrumentos da vontade de Deus.