Vendo o filme, “A última tentação de Cristo”, de Martin Scorsese, veio a minha mente a convicção que tenho do que Deus quer de mim. No filme as pessoas dizem que não sabem o que Deus quer delas, comparado com Jesus que sempre soube. Eu também não sabia dessas histórias, de que existia um Deus sobre nossas vidas e que era uma de nossas obrigações enquanto filho de atender a Sua vontade. Pois não é que hoje, após tantas idas e vindas cognitivas e comportamentais, chego a conclusão dessa paternidade divina e que me foi entregue também uma missão!
Pertenço agora ao seleto grupo de pessoas que se reconhece como filhos de Deus e que tem uma missão a cumprir nesta Terra, nesta existência, de acordo com Sua vontade. Reconheço Jesus como meu irmão mais graduado espiritualmente e que é o meu mestre na caminhada da vida, seguindo as Suas aulas como uma verdade, Seu exemplo como um caminho e Sua filosofia como a vida real.
Como adquiri um maior grau de luminosidade dentro do meu coração e da minha consciência, estou pronto para reconstruir minha vida dentro desses novos paradigmas e de transmitir essa luz ao meu redor com toda a honestidade e dedicação possível, mesmo que isso me afaste dos projetos materialistas que todos esperam que eu faça. Estou em pleno processo de construção da família ampliada, com ajuda de minhas companheiras, e também estou em pleno processo de construção do Reino de Deus dentro da comunidade, através dos projetos sociais que começam a ter andamento com a ajuda dos diversos voluntários que Deus convoca e os coloca ao meu lado.
Agora, será que é uma bênção saber o que Deus quer? Essa é a interrogação que Scorsese coloca nas palavras de Jesus. Que Deus ver dentro de nós todos os nossos pecados e nos coloca ainda com tanta responsabilidade. Mesmo Ele vendo no nosso histórico que mentimos, roubamos, adulteramos e tantos outros pecados mortais, mesmo assim Ele nos escolhe para uma missão de acordo com Sua vontade... Como posso dizer as pessoas que tenho tal missão sem provocar uma onda de risos? Como um tal pecador como Eu posso ter tamanha responsabilidade dada por Deus? Talvez porque Ele sonda o meu coração e ver por baixo de tanto lixo existencial, uma réstia de Sua luz original que deseja se expandir e brilhar acima de tudo... Talvez seja por isso...
Mas eu continuo com medo de tantas coisas, nem sempre digo a verdade do que acontece, principalmente as minhas companheiras para não ferir umas as outras. Não consigo falar da verdade que já existe dentro de mim para confrontar a opinião das sombras que se manifestam com ruído ao meu redor. De que adianta eu ser luz se não consigo alumiar? De que adianta eu ter a verdade se não consigo ensinar? Digo ao Pai em oração que quero ser o Seu instrumento aqui na Terra, neste momento, nesta ocasião. Mas que instrumento é esse que não consegue entrar em operação, ensinar os irmãos, influenciar a comunidade?
Assim volta a pergunta: o que Deus quer de mim? Sabendo que sou tudo isso, um fraco pecador, e deixa na minha consciência tal responsabilidade? Para aumentar o meu sofrer na tentativa de realização de uma meta que está além das minhas forças?
O Jesus de Scorsese diz que quando ver uma mulher se envergonha e desvia o olhar. Eu também sofro disso e, no entanto, Deus coloca na minha missão a responsabilidade de me relacionar harmônica, fraternal e até sexualmente se preciso for com tantas que Ele coloca ao meu lado, pelos mais variados motivos.
O medo que esse Jesus de Scorsese diz ser dominado, que esse é o seu verdadeiro Deus, pois se não fosse ele faria tudo que desejasse: roubar, matar, inclusive lutar contra o próprio Deus. O meu medo também exerce grande influência sobre mim, talvez seja ele o maior obstáculo para cumprir a vontade do Pai, com o qual não desejo lutar, não renego a missão que Ele me deu.
Talvez seja isso o que Deus quer de mim, ao fazer a Sua vontade que eu me encontre com a essência divina que Ele deixou dentro de mim, que eu cresça em Sua direção e que me torne uno com Ele, assim como Jesus conseguiu.