Vi no filme de Bezerra de Menezes, “Diário de um espírito”, pela primeira vez esse termo. Achei muito interessante, não tinha ainda percebido por esse viés a atividade política.
Passei um bom tempo da minha vida como um militante político, fui candidato em diversas ocasiões, desde vereador a vice-governador. Sempre mantive o slogan da minha campanha pela “Dignidade Humana” e a ele fui fiel em todos os momentos. Jamais procurei comprar votos ou trocá-los por qualquer meio, principalmente pela minha atuação enquanto médico, o que era uma prática comum nas eleições. Vi que o meu discurso e a minha prática não iria me levar ao cargo e por outro lado eu não poderia modificá-los com a justificativa de que os fins justificam os meios, como eu era constantemente aconselhado a fazer.
Depois de algum tempo e várias experiências frustradas de alcançar algum cargo público eletivo, vi que eu não iria alcançar esse um objetivo com a minha filosofia, método e comportamento. O máximo que eu podia alcançar era dar uma opção digna ao eleitor que poderia votar com a sua consciência no melhor candidato, de forma secreta como seria o correto.
Com o aprofundamento da minha visão espiritual, com a aplicação da principal lei ensinada por Jesus dentro dos desdobramentos da lei do Amor, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, percebi que a atividade política desenvolvida através de partidos políticos levam necessariamente a formação de grupos antagônicos, que se digladiam, se acusam, se atacam em praça pública, geralmente lançando mão de meios sórdidos de destacar os erros do adversário, as vezes atacar a honra sem oferecer a oportunidade de defesa. Vi dessa forma uma incompatibilidade do meu comportamento espiritualizado com o comportamento político. Fiz então um afastamento progressivo das atividades partidárias enquanto me aprofundava nas atividades espirituais, de preferência sem uma denominação religiosa, pois me parecia algo muito parecido com os partidos políticos. Aceitei a condição de discípulo de Jesus e encontrei dentro da consciência uma missão que o Pai havia preparado para mim.
O pensamento de Bezerra de Menezes ao considerar a política como a religião da pátria, veio me trazer uma reflexão alvissareira sobre os partidos políticos e sobre as religiões. Percebi que Bezerra ao fazer esse comentário, queria destacar o homem da pátria, e que cada um podia ter sua religião: o homem para se religar com Deus, e a pátria para se religar aos seres humanos. Cada uma dessas instâncias deveria ser movida pela lei do Amor como o Cristo ensinou.
Como o pensamento do homem é bastante diversificado e forma as diversas culturas que observamos no planeta, justifica assim a diversidade das religiões e dos partidos políticos. Devido aos interesses individuais é que podemos observar distorções quanto a aplicação da lei do Amor dentro deles, partidos ou religiões. Cabe aos nossos próprios interesses individuais, sintonizados ou não com a lei de Deus, se agregar a tal ou qual denominação religiosa ou política.
Dessa forma Bezerra exercia o seu mandato político na defesa do pensamento abolicionista e trouxe um grande benefício para a dignidade humana dentro da sociedade e cultura brasileira. Contribuiu para a construção de uma sociedade mais justa com os cidadãos, independente da cor da sua pele. A pátria se tornou mais saudável com essa ação e promoveu assim mais um grau evolutivo para o planeta inteiro.