Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
26/04/2014 00h01
COERÊNCIA

            A coerência é um dos atributos cognitivos mais importantes para direcionarmos a vida e aplicar o livre arbítrio para onde consideramos correto. Procuro seguir a coerência daquilo que considero correto, mesmo que isso traga algum tipo de prejuízo, emocional ou material. Foi devido a essa coerência que aceitei a paternidade divina, que aceitei a missão de colaborar na construção do Reino de Deus através de uma família modificada, ampliada, com características fraternas e não egoístas. Isso me deixou muito afastado dos princípios culturais aceitos por minha comunidade.

            Uma fonte importante que alimenta esses paradigmas que desenvolvi, são os livros espirituais, principalmente a Bíblia e dentro dela, com bastante ênfase, nos livros do Novo Testamento. Tenho o Mestre Jesus como o meu mentor, irmão maior, comandante na batalha contra as trevas. Ele não deixou nada escrito, foram seus apóstolos, as pessoas que testemunharam Suas palavras e Suas ações, ou que tiveram conhecimento através de outras pessoas, que escreveram bastante sobre seus ensinamentos práticos e teóricos. Acatei com a máxima coerência o desenvolvimento do Amor como a força principal existente no Universo e que se confunde com o próprio Deus. A partir daí, sempre seguindo a coerência do pensamento e das aulas sobre a natureza do Amor, reformei e construí novos relacionamentos baseados sobre uma nova lógica, a lógica do Amor Incondicional. É tão forte essa lógica que todos estranham a direção anômala que tomou o meu comportamento, mas ninguém encontra argumentos para apontar erros que force outra tomada de posição, de comportamento.

            Mesmo assim, essas leituras que sempre estou fazendo, que servem para confirmar ou consertar o meu pensamento dentro da coerência do surgimento de novas verdades, ou seja do descobrimento de verdades já existentes e que jaziam cobertas pela capa da ignorância.

            Foi assim com a gravidez da virgem Maria. A lógica mostra que uma virgem não pode gerar um filho. A geração do filho depende da união do gameta masculino com o feminino. Isso é o que ensina a Biologia, que veio trazer luz ao conhecimento da reprodução. Mas, ao ler o livro “Maria de Nazaré”, vejo dentro dele uma explicação da possibilidade de Maria ter gerado o filho sem o gameta masculino. Ela foi escolhida pelo poder espiritual para gerar um filho cujo espírito era de natureza muito superior aos espíritos humanos de sua época. Foi necessária a intervenção do Poder Divino, na escolha de Maria, quanto espírito bem avançado, e na sua aceitação para se deixar manipular por essa força Divina, e o seu gameta feminino se acoplar com essa força e gerar o Messias. Não tenho os detalhes de como isso aconteceu, acredito que quem contou essa história também não tenha o domínio dessa minúcia. Mas foi colocado um argumento que apesar de eu não conhecê-lo a fundo, não é repudiado pela lógica e é aceito pela coerência.

            Agora, encontro outro trecho do Evangelho, em Atos dos Apóstolos, que parece ferir a coerência: Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!”. Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito. Mas ele lhes disse: “Por que estais perturbados e por que essas dúvidas nos vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho”. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.

            Sei pelo estudo dado pelos próprios espíritos, que o espírito é uma energia sutil difícil de ser conceituada e que é manifesta através do perispírito, uma estrutura semimaterial, mas que não consigo perceber com meus olhos físicos. Caso o que foi escrito no Evangelho através da fala de Jesus está correto, que foi isso que Ele realmente disse e não erro de interpretação ou de tradução, devo fazer um esforço para encontrar a coerência entre a verdade dita pelos espíritos e essa frase dita por Jesus, de que não era espírito porque tinha carne e ossos. Isso justifica a ressurreição do corpo de Jesus, mas a ressurreição é algo totalmente fora da lógica e da coerência com os estudos e a verdade encontrada até o momento. Como um corpo que se deteriora, que já havia sido digerido em parte pelas bactérias, de repente se recompõe da mesma forma que antes? E as bactérias que já haviam digerido parte do corpo e que podiam ter se reproduzido em bactérias filhas... Toda essa cadeia biológica retrocederia para atender os critérios da reencarnação? Não consigo encontrar coerência!

            Como essa frase não encontra coerência dentro do meu arcabouço cognitivo, lógico, prefiro não a considerar e deixar guardada num porão da minha consciência. Não posso acusar de frase mentirosa, pois não sei dos conhecimentos que os apóstolos tinham e muito menos do Mestre Jesus, se realmente Ele falou assim. Prefiro guardar essa informação que não apresenta coerência no seu lugar específico, no baú das frases e assertivas sem coerência. Continuo afirmando que não posso dizer que elas são mentirosas, mas que a minha inteligência, conhecimentos e sabedoria não consegue encontrar a lógica para ela, por mínima que seja. Talvez amanhã eu possa encontrar argumentos que a resgate desse baú, como aconteceu com a gravidez da virgem Maria.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 26/04/2014 às 00h01