Ontem, sábado, dia 26-04-14, o grupo que iniciou com o Seminário Nova Ordem Social, que passou a se denominar Nova Consciência Cristã, se reuniu no Campus da UFRN/Caicó, com as seguintes pessoas: 1) Kerginaldo, 2) César, 3) Alcides, 4) Dinelza, 5) Patrícia, 6) Francineide, 7) Vicente, 8) Elias, 9) Simone, 10) Navegante, 11) Soniete, 12) Adriana, 13) Sandra, 14) Francisco, 15) Ivânia, e 16) Eugênia.
Sandra, na condição de coordenadora dos trabalhos, abriu a reunião para cada um colocar o pensamento quanto a forma de realizar o trabalho que ficou decidido no último encontro, de fazer uma intervenção na comunidade do João Paulo II. Patrícia colocou os contatos que fez e que já tem o compromisso da participação de uma cantora e dos escoteiros nesse dia que ficou decidido ser chamado de “Encontro Fraterno”.
Após diversas considerações feitas por todos, foi decidido iniciar as atividades na comunidade no dia 17-05-14, com a denominação de”Encontro Fraterno”, uma espécie de trabalho piloto, uma preparação para um trabalho mais amplo que será realizado no primeiro sábado de junho, dia 07-06-14.
Resolvemos todos ir até a comunidade conhecer o local. Para mim foi uma grande surpresa. Pensava que eu iria encontrar um bairro mais estruturado, mas é uma favela um pouco melhorada. Fomos logo rodeado por diversas crianças e um senhor que se aproximou com aparência embriagada, sujo. Conversei um pouco com ele que disse morar sozinho e que uma das meninas que estava perto de nós era sua neta, fato que a garota confirmou. Observamos a casa de apoio onde o trabalho seria realizado, duas casas coladas uma na outra. Casas normais daquela comunidade. Na frente um espaço livre, irregular e com mato que deveria ser trabalhado na limpeza para poder ser utilizado.
Aquilo tudo não era nada do que eu pensava!
Eu pensava que o bairro já era estruturado, com várias escolas, igrejas... Com mais de um espaço tipo auditório que pudesse ser feito as atividades... Ali não caberia nada do que eu imaginava! Fiquei a pensar que nós quando queremos fazer a vontade de Deus, não é a nossa vontade que está em ação, e sim a vontade de Deus. A comunidade que eu imaginava estava dentro dos meus planos, a comunidade que eu encontrei é que estava nos planos de Deus. Aquela comunidade parecia mais aquela citada na Bíblia para onde iam os leprosos e que de lá não podiam sair para interagirem com a sociedade dita normal. Será que não seria assim? Será que a lepra existente atualmente e que equivale aquela do passado não é a condição da miséria humana, da ignorância da dignidade, da indigência de recursos? Quem devia se adaptar de imediato a essa situação seria eu!
Assim fiz. Passado o primeiro instante de frustração passei logo a imaginar como trabalhar com esse povo que não tinha um mínimo de organização, de infra-estrutura, de perspectivas? Teríamos que fazer tudo a partir do zero. O trabalho de assistencialismo que estava sendo proposto deve ser realizado, mas a ênfase maior deve ser dada por todos ao trabalho de conscientização, de evangelização.
Como foi dito na reunião antes de sairmos, o bem deve se organizar e usar toda a inteligência para se confrontar com o mal e sem usar as armas dele, do mal, procurar levar à luz as consciências, mesmo que associado a isso tenhamos que promover a multiplicação dos pães e peixes como Jesus fez. Nossa multiplicação de pães e peixes será a sopa que iremos oferecer. Atenderemos o estômago daquelas pessoas e esperamos que ele, o estômago, dê liberdade para a mente pensar nas nossas palavras, nas lições do Cristo que levaremos através do Evangelho e de nossa prática, nosso próprio comportamento.
Temos que ter o mapa daquela comunidade para irmos a cada rua e procurar identificar consciências que tenham pelo menos uma chispa de luz brilhando em sua mente, para que sejam convidadas a se integrarem ao nosso trabalho. Feito isso temos que ter a humildade de reconhecer que o nosso trabalho envolve a doação do nosso tempo, algumas vezes dos nossos recursos, sem nenhuma outra perspectiva de recompensa, a não ser de saber que somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai e que Ele espera que sejamos todos amigos. Ele espera que nossos títulos acadêmicos ou cargos sociais sejam colocados de lado no processo de formação de amizades. Ele espera que tenhamos a humildade de sentar para aprender com eles o que eles sentem, esperam e o que acham de nossas atividades junto a eles.
Ao fazer essas considerações vem a minha mente o trabalho que Maria se propôs a fazer no Vale das Flores, uma comunidade composta de leprosos e que estavam abandonados e hostilizados pela comunidade dita normal. Assim também era essa comunidade denominada João Paulo II. Colocarei para o próximo texto neste diário, o que Maria falou para aquela comunidade para avaliarmos o quanto parece ser o que devemos ouvir ou ler quanto o trabalho que queremos fazer, como filhos obedientes ao Pai.