O livro “Universalismo Crístico – o futuro das religiões” escrito por Roger Bottini Paranhos, aborda a questão das religiões e a necessidade de assumirmos a espiritualidade com os valores da nossa consciência, evitando ficar preso aos dogmas que existem em todas as religiões. Mas o que mais chamou minha atenção foram os dois capítulos iniciais, principalmente o segundo onde o autor trava um diálogo com um dos dirigentes das trevas, um mago negro.
Esse dirigente vive no submundo das trevas numa espécie de castelo luxuoso e suntuoso erigido sobre a miséria de milhares de almas que vivem ali subjugadas. O mago explica que a causa da existência de tanto luxo e conforto num ambiente como aquele era a miséria de todos os seres que ali viviam, sofrendo o peso dos crimes que suas consciências causaram. Explica ainda que onde existe riqueza e suntuosidade, existe por trás a miséria que a sustenta. Isso tanto é observado no mundo astral como no mundo material.
O mago tenta trazer o autor para o seu lado, o reino das sombras, do mal. Quer evitar que ele publique esse livro e não deixa de fazer ameaças. Mesmo ele sabendo da dificuldade desse pensamento prosperar na Terra onde prevalece os valores egoístas e o mal ainda supera o bem, o mago diz que não quer se arriscar. Lembra do exemplo de Jesus, que trouxe para a Terra uma mensagem de Amor que na época era inadmissível para a ampla maioria das pessoas, que quando muito seguiam a lei de Moisés. Jamais imaginaria que essa mensagem tomasse a dimensão que tomou, mesmo porque quem ficou encarregado de passar à frente foram pessoas rudes, iletrados, pescadores, escolhidos do seio do povo. Por isso ele não podia desconsiderar as lições que esse livro traria para o povo, mesmo sabendo que a ampla maioria não iria considerá-lo, pois estavam presos nos dogmas das diversas religiões e nos seus interesses materialistas.
Essas lições dirigidas à consciência de cada um no sentido de despertar para uma espiritualidade real, onde o Amor fosse o objetivo maior na caminhada para Deus e a ajuda ao próximo fosse a bússola de orientação nessa caminhada, independente de igrejas, poderiam ter sintonia com algumas mentes e servir como um parâmetro de mudança real. Dessa forma ele não podia se arriscar e tudo faria para que esse livro não fosse publicado, apesar da determinação do autor, mesmo com todas as suas limitações do ponto de vista do amadurecimento espiritual.
Não entrei ainda no assunto que o autor quer passar através desse livro, mas já me sinto solidário com o seu modo de pensar e de agir. Essas lições que visam dar a consciência de cada um a responsabilidade de sua evolução espiritual, de sua caminhada em direção à Deus independente de igrejas, já é algo que eu faço na prática. Fico até desconfortável quando alguém pergunta por minha religião. Como faço muitos trabalhos de estudos e assistenciais na Casa Espírita, todos esperam que eu me identifique como espírita. Mas eu não sinto que eu seja um espírita como os confrades esperam, pois eu não sigo com rigor o que eles esperam dos devotos, principalmente na leitura quase que exclusiva dos livros de Allan Kardec e autores associados ao seu pensamento. Não encontro nas livrarias clássicas da doutrina espírita autores como Ramatis, médiuns como Robson Pinheiro e agora este, Roger Paranhos. No entanto da mesma forma que encontro lições valiosas dentro das obras de Kardek e associados, também encontro lições valiosas em outras religiões e outros pensamentos, encarnados ou desencarnados. Não fico preso a essa escolha feita por terceiros do que eu devo ler ou não. Não quero dizer que eles estejam errados, nenhuma das religiões com seus dogmas e determinações de cunho exclusivista na orientação do pensamento. Devem preservar algo que seja importante para levar a fé a maioria das pessoas que ainda não sabem como se dirigir ou caminhar para Deus. Porem pessoas que já possuem uma consciência crítica bem desenvolvida, não podem ficar presas a essas limitações. Sua consciência caminha com mais rapidez em direção a Deus se usar a própria lei de Deus instituída dentro de suas consciências. Assim, essa pessoa não tem possibilidade de se tornar hipócrita, pois para ele Deus está sempre perto de si e acompanhando seus passos, sondando seu coração, e nada do que fizer ficará encoberto. Não há como praticar a hipocrisia, pois sua relação fundamental não é com os outros ao redor, e sim com Deus que tanto está ao redor como está dentro de si.
Dessa forma, não posso me considerar um espírita formal, aquele que segue os princípios da doutrina dentro de uma determinada orientação. Por isso eu sempre respondo quando indagado, que sou espiritualista cristão. Espiritualista porque não sou materialista, sei da existência do mundo espiritual e a ele me reporto com prioridade; cristão porque dentro de todos os avatares da humanidade reconheço Jesus, o Cristo, como o melhor representante, para mim, do caminho a verdade e a vida.
Por todos esses motivos o livro de Roger está me encantando e vou procurar ler todos os outros anteriores para melhor perceber as lições que ele e seus mentores querem nos ensinar.