Na reunião realizada ontem, dia 16-05, no Centro Espírita Cruzada dos Militares, o tema foi a indução mental. A história relatada por Tiago, espírito responsável pelo livro “Memórias de um toxicômano”, falava sobre o seu retorno à crosta terrestre acompanhado do mentor que auxiliava na sua recuperação, para que ele aprendesse novas lições. Ele mostrava muito medo nesse retorno, pois sabia que ainda estava fragilizado frente ao uso da cocaína. Sabia que não queria mais usar, disso ele tinha certeza, mas sabia ainda que o desejo dentro do seu corpo ainda era muito forte e que ele podia sucumbir à compulsão e não querer mais voltar para continuar o trabalho de recuperação o qual ele aprendera tanto valorizar. O seu mentor, Lucius, garantiu que ele não ficasse preocupado com isso, pois se esse temor que ele tinha fosse concretizado, o próprio Lucius o arrastaria contra a vontade de retorno à Colônia do Sol, o local da sua recuperação. Depois de três dias de volta à Colônia, ele poderia então decidir se voltaria ou não para a crosta em busca do pó. Com essa informação, Tiago ficou mais confiante nessa visita que deveria fazer à crosta terrestre.
Observamos nesse ponto da história, a importância que tem o livre arbítrio. Toda e qualquer ação que desenvolvemos na vida tem sempre a participação do nosso livre arbítrio, que entra em ação movido por nossa consciência, nossa capacidade de julgamento, do juízo crítico. Acontece que essa capacidade mental de desenvolver juízo crítico, consciência, livre arbítrio, pode está “contaminada” pela influência negativa do corpo que foi deixado se envolver com prazeres indevidos tornando-o dependente física ou psicologicamente desses efeitos corporais. É a consciência dessa “contaminação” que Tiago sabe que existe em sua mente, que o deixa temeroso em voltar à crosta, pois sabe que se a sua mente tiver possibilidade de usar a cocaína, mesmo que seja através de um desencarnado, ele pode perder o controle de sua vontade, do seu livre arbítrio e perder todo esforço feito até o momento para a sua recuperação da dependência química.
Essa é uma lição preciosa que devemos entender. O livre arbítrio é um dos bens mais preciosos que possuímos, que nos capacita a um comportamento ético e moral cada vez mais evoluído e que nem o próprio Deus que nos deu pode controlar. Isso nos deixaria na condição de autômatos de Deus, se tivéssemos o nosso livre arbítrio controlado por Ele. Mas nós somos criaturas dEle, feitos à Sua imagem e semelhança, e portanto é esse livre arbítrio, sem o controle de nada ou ninguém, o principal elemento psicológico para garantir essa característica.
Acontece que em nossa atual fase de aprendizado espiritual dentro de um corpo material, passamos a sofrer a influência dos prazeres obtidos pelos diversos órgãos e sentidos e que são reconhecidos como tais no processamento neuroquímico da fisiologia cerebral. O espírito deve ter o conhecimento dessa condição e saber que deve fazer o enfrentamento dos diversos prazeres indevidos que o corpo quer realizar. Não é somente a cocaína, a droga, que é um prazer indevido desejado pelo corpo. Existem muitos outros como o álcool, café, sexo, chocolate, refrigerantes, internet, celular... a própria alimentação! Então, tudo que causa prazer ao corpo e que pode ser repetido sem a devida necessidade fisiológica, tem a capacidade de causar dependência física e/ou psicológica do corpo aquela substância ou circunstância. Como tudo isso é processado no cérebro, base do funcionamento mental, então esses prazeres indevidos do corpo, matéria e/ou psique, são os elementos de contaminação da mente.
Com a mente contaminada por esses prazeres indevidos, o juízo crítico passa a considerar de maneira deformada o uso desse elemento do prazer e direcionar o livre arbítrio para a sua realização. Isso ocorre sem a consciência perceber o prejuízo que está sendo provocado na sua vida, e algumas vezes, mesmo sabendo desse prejuízo, a sua vontade que está associada aos interesses do espírito não consegue se impor aos desejos que estão associados aos prazeres do corpo/psiquê. A pessoa prossegue com o seu comportamento inadaptado, com prejuízos sociais, fisiológicos, psicológicos e biológicos que se acumulam em direção ao “fundo do poço”. Muitas vezes é necessária uma internação involuntária ou compulsória para se tentar livrar a mente contaminada da cegueira psíquica que ela provoca. Nessa ocasião se pode usar os modernos psicofármacos para ajudar a combater os diversos desequilíbrios do cérebro/mente, como ansiedade, depressão, insônia, até mesmo delírios e alucinações.
Fica aqui essa importante lição para que possamos prevenir a contaminação mental e consequentemente a perda do nosso livre arbítrio que ela pode acarretar. Sinto no meu caso que não estou livre dessa contaminação, que a alimentação é o ponto mais falho que eu percebo, que sempre estou procurando corrigir de forma radical, com o jejum, senão hoje eu estaria dentro das estatísticas dos obesos.