Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
18/05/2014 09h54
FESTA DE CASAMENTO

            Jesus disse que era filho de Deus e que para chegar ao Pai, ele era o Caminho, a Verdade e a Vida. Veio para a Terra, encarnado, para nos ensinar de forma teórica e prática o verdadeiro Amor. Eu aceito todas as suas lições, apesar de ainda não compreender bem algumas delas.

            Então vou fazer essa consideração: se eu sou o Seu discípulo, quero seguir os Seus passos, então devo ver o Seu comportamento como lição para o meu caminho.

            Jesus começou a Sua missão quando estava com 30 anos, numa festa de casamento, com o milagre da transformação da água em vinho à pedido da Sua mãe.

            Eu considero o início da minha missão, guardadas, as devidas proporções do distanciamento espiritual que existe entre mim e Ele, aos 60 anos. Ele veio para nos ensinar o Amor. Por outro lado, eu entendi conforme a vontade do Pai em minha consciência, que devo aplicar o Amor, principalmente nas relações afetivas, construindo a família ampliada em direção à família universal.

            Ontem participei de uma festa de casamento e foi inevitável a comparação do comportamento de Jesus com o meu. Ele também estava com os amigos se divertindo, brincando, bebendo vinho e dançando. Então esse é um sinal de que também posso fazer isso. Outro dado interessante é que Ele estava numa festa de casamento, mas que não queria casar e isso era uma implicação da Sua missão. Também me coloco dentro da mesma perspectiva, estava dentro de uma festa de casamento, mas não quero casar. Também faz parte das implicações da minha missão.

            Isso poderia justificar a adaptação da minha alma aquela festa que eu participava, onde a maioria demonstrava a alegria também bebendo bebidas alcoólicas e/ou dançando. Se Jesus tinha a Sua alma adaptada àquela festa de casamento que Ele participou em Caná, eu não sei. Os registros falam apenas que Ele estava presente com os amigos e na presença da mãe e que bebia e dançava. Não falam do estado de Sua alma, se estava adaptada e sintonizada com aquela situação. Sei que a minha não estava!

             Primeiro, não usei bebidas alcoólicas, fato que a maioria dos homens cumpria. Vejo que os homens e mulheres procuram assim liberar suas inibições internas e se entregar na volúpia de uma alegria contagiante. Procuro não usar esse artifício que o álcool provoca, procuro me envolver na alegria contagiante, mas sem anestesiar os neurônios que podem fazer os diagnósticos da minha alma. Sei que a dança é uma expressão corporal que está muito associada com os impulsos sexuais, dos imperativos da reprodução que mantém a perpetuação da vida biológica, com todos os seus prazeres atrelados. Também procuro entrar no ritmo e fazer o meu corpo evoluir com todos os volteios que a mente imagina e os membros podem realizar. Conforme o ritmo que esteja sendo tocado, existe uma maior ou menor facilitação para as minhas coreografias. Mas sempre tenho a mente sob o controle do meu espírito, facilitado por eu não ter deixado o meu cérebro intoxicado pelo álcool e dessa forma mais fragilizado frente às pulsões instintivas.

            Dessa forma eu faço a todo o momento diagnóstico da situação e se existe a coerência do meu comportamento com a minha missão. Lembro-me da explicação de Jesus quando dizia que as dúvidas que existiam se Ele seria ou não o filho de Deus, seriam tiradas ao observar o Seu comportamento, se aquilo que Ele fazia era de origem divina. Então Ele assim cumpria a ordem do Pai e essa obediência devia servir como Sua carteira de identidade frente aos homens. Procuro também cumprir essa lição, procuro me comportar como se cada ação fosse uma ordem dada por Deus, ou melhor, como se fosse uma ação do próprio Deus se Ele estivesse encarnado em meu lugar.

            Então, onde está a fonte do meu mal-estar, a desadaptação da minha alma numa festa que reina a alegria, e que a alegria é um dos objetivos para melhorarmos a qualidade de nossa vida, inclusive e talvez principalmente no plano espiritual?

            Aprofundando o meu raciocínio na procura dessa resposta, chego a conclusão de que a minha busca, o meu caminho, é a construção de uma sociedade baseada no Amor Incondicional onde as pulsões instintivas, incluindo as sexuais, estejam num segundo plano. Pode ser até que as manifestações eróticas possam acontecer, mas sem comprometer o sentido evolutivo da alma que é responsável pelo desempenho do corpo. O corpo deseja o sexo pelo prazer que ele proporciona e isso pode levar o indivíduo à pornografia, prostituição, dependência sexual. O instinto sexual, o amor romântico, todos devem está a serviço do Amor Incondicional e não executados com banalidade sem a observação do lado divino que eles possuem. Fica aparente apenas o objetivo de se servir do outro como um objeto de prazer, como uma estrutura biológica lúdica, uma mercadoria de lucro.

            Tinha músicas como “Era um garoto que como eu” cuja letra e melodia apesar de ter o lado erótico e romântico, também evocam valores éticos e estas eu não tenho dificuldade de entrar na roda e fazer também minhas coreografias. Mas tinham outras como o “Lepo-lepo” que na letra e na coreografia que implicava no uso do pênis de forma escrachada, ou em outra que não lembro o nome agora, mas que fala de um sorteio em que a mulher termina por escolher entre “chupar” ou “dar” que causam de imediato antipatia em minha alma. Mesmo eu sendo pego no salão com uma música dessas, e não querendo sair de imediato para não passar a ideia de moralista, não fico definitivamente à vontade. E se estou fora do salão eu não entro.

            No entanto, pessoas que vejo se comportarem com tanta regularidade dentro da igreja do Cristo, participam dessas evoluções eróticas sem nenhum constrangimento.

            Não quero aqui fazer julgamentos, este não é o meu papel dentro de minha missão, mesmo porque eu posso estar errado. Talvez Jesus, o meu mestre, se comportasse como eles, contagiado pela alegria inocente deles, apesar dos gestos impróprios para mim, e me considerasse como hipócrita, por não me comportar como os outros por ser tímido, mas pensar dentro da minha individualidade nessas ações eróticas tão primárias.

            Por outro lado eu sei que nem o Pai nem Jesus condenam o meu comportamento, mesmo ainda existindo sujeira nos meus pensamentos que não deixo eles se manifestarem. Procuro manter meu comportamento dentro dos princípios do Amor Incondicional com total honestidade aos propósitos do Pai, conforme Ele pode confirmar ao sondar o meu coração. Continuo a amar todos eles apesar de considerar que estavam fazendo um comportamento inadequado. Agi como se eu fosse Jesus encarnado, com a essência do Pai sobre mim, de distribuir o Amor ao meu redor, a quem quer que seja, independente do que façam.

            Sinto que este fim de semana eu estou sendo colocado em prova e junto a mim talvez as minhas companheiras também estejam sendo provadas. Logo mais irei a outra festa em desdobramento a essa que aconteceu ontem e terei novas oportunidades de colocar em prática a minha missão.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/05/2014 às 09h54