Na reunião de ontem no Centro Espírita, convidei um amigo materialista para participar. Ele dizia que não acreditava no mundo espiritual e que tudo acabava com a morte do corpo físico. Ele foi para a reunião e eu comecei a ler um capítulo do livro em estudo, “Memórias de um toxicômano”, ditado pelo espírito Tiago. Não consegui ir além das duas primeiras páginas, parei a leitura e confessei que iria abordar um assunto que estava fervendo na minha mente. Queria abordar sobre a existência ou não do mundo espiritual. Interessante que eu comecei a indagação por uma pessoa que estava indo pela primeira vez para esse estudo. Quando eu o provoquei para se manifestar sobre o assunto, percebi que ele estava impassível, com os olhos abertos, sem nenhuma movimentação, nem as pálpebras batiam, chamava pelo nome, tocava em seu corpo e ele não respondia. Verifiquei que os seus sinais vitais estavam íntegros e que suas pupilas reagiam à presença do foco de luz. Não havia risco de vida. No entanto era como se ele estivesse bloqueado de alguma forma. Foram chamados os médiuns que estavam na casa e eles chegaram para aplicar passes nele e em todos nós. Enfim ele despertou daquele êxtase e disse que estava ouvindo tudo que se dizia, mas não conseguia lembrar-se do gesto que fazia com as mãos.
Depois que os médiuns saíram eu retomei a linha de pensamento que queria abordar desde o início. Disse que o acontecido estava situado numa região limítrofe entre a explicação biológica, que considera o que ocorreu como um sintoma de epilepsia, a pessoa teve uma crise chamada de ausência que é uma espécie de epilepsia, e por outro lado tem a explicação espiritual que diz ser o bloqueio na consciência de um espírito que está ao lado dele. A minha formação médica fica mais tendente a considerar o ocorrido como uma expressão de epilepsia, já que a pessoa é um abusador de bebidas alcoólicas e está usando psicotrópicos como medicamentos. Mas isso não impede que os médiuns cheguem junto e façam os seus recursos terapêuticos do passe.
Tudo isso, expliquei ainda, ajuda a colocarmos a questão da existência ou não do mundo espiritual com toda a hierarquia que se origina nele e se espalha pela Natureza, incluindo o mundo material e todos os outros que nossos sentidos não percebem. Se negarmos a existência do mundo espiritual e toda a hierarquia que dele procede, então negaremos o próprio livro que estamos estudando e todo o alicerce espiritual construído pelo homem, inclusive esta casa em que estamos agora abrigados e fazendo esse estudo.
Fui direto ao meu amigo que convidei para o estudo, para colocar em cheque o seu modo de pensar, em induzi-lo à reflexão. Acrescentei ainda que se prevalecesse o seu modo de pensar tudo aquilo que estávamos fazendo. Apesar de toda carga de informação e que ele não podia contestar, pois ele tinha o conhecimento de que tudo aquilo era falamos era somente verdade.
Depois de tudo fiquei a pensar: o que faz o homem inteligente, de posse de tantos bens materiais, títulos acadêmicos, não aceitar a realidade do mundo espiritual somente porque os seus órgãos dos sentidos não o captam. Deve existir algum ponto cognitivo em seu cérebro que justifique tanta resistência, mas até agora eu não consigo alcança-lo, e enquanto isso não acontece, não posso exercer o meu poder terapêutico sobre ele, e como ele espera de mim.
Talvez não saiba disso!