Uma afirmativa que Jesus deixou até hoje me deixa a refletir. É quando Ele disse, segundo João (14, 15-21) o seguinte: “Se me amais guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós. Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia, conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele.”
O Paráclito significa segundo o Catecismo da Igreja Católica, o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Tem o significado segundo a gramática grega (parakletos) de “o defensor”, “o consolador”, aquele que está ao lado, que intercede.
Todos esses termos e significados envolve a compreensão humana daquilo que se entende ser a verdade. O fato é que Jesus disse a palavra e o contexto que ela iria operar, a partir daí podemos dar nossa opinião, individual ou coletiva. Como faz a Igreja Católica, o Movimento Espírita também defende que esse Paráclito seja a própria Doutrina ditada pelos espíritos, entre eles o Espírito da Verdade.
Tenho a minha consciência e reconheço que, como cada consciência tem o direito de pensar e de dar sua opinião com relação a conceitos, que seja ou não inspirado, eu também tenho o direito de expressar a minha opinião, quer seja inspirada ou não, quer seja associada a alguma conceituação já existente ou não.
Jesus disse que esse Paráclito não era Ele, era outra pessoa e que ficaria eternamente comigo. A Igreja Católica diz que é o Espírito Santo, o Espiritismo diz que é o próprio Movimento ou Doutrina Espírita. Eu acredito que seja a nossa própria consciência, devidamente instruída e coberta pela graça de Deus dentro da compreensão mais aproximada da Verdade. Essa consciência mais próxima da Verdade não existia antes e por isso não podia ser recebida. As pessoas de 2000 anos atrás não podiam receber essa Verdade, porque não a via nem conhecia.
Hoje a nossa mente já está apta a aceitar o conceito mais aproximado da Verdade com relação a Deus, podemos alcançar um conceito de Deus puramente abstrato, um conceito como aquele dito pelos Espíritos para Alan Kardec ao elaborar “O Livro dos Espíritos”. Agora já sei que Jesus Cristo está intimamente associado ao Pai e vice-versa. Fica mais fácil para mim compreender o Amor que Jesus nos ensinava e que posso ser uno com Ele e por tabela com a vontade do Pai.
Quando esta verdade penetra na minha consciência, ela fica comigo, eu a aceito como Verdade, já tenho condições intelectuais para fazer isso e a intuição me diz que estou no caminho correto. Dessa forma ela permanece comigo, o Filho e o Pai estão dentro de mim e eu estou dentro deles como Jesus falou que iria acontecer, que Ele iria viver porque eu vivo, não me sinto órfão de Pai e o Espírito Santo confunde-se com a minha consciência. A todo instante as minhas ações estão sendo avaliadas, as minhas intenções estão sendo sondadas e o sentimento de culpa ou de prazer surge se eu considero se fiz o errado ou o certo.
Este é o Paráclito que vive em mim e que pode e deve viver em qualquer pessoa, desde que ela afaste de si as sombras da ignorância. A partir daí o caminho natural é a construção do Reino de Deus, pois a família cada vez mais perde a sua característica nuclear, se ampliará até atingir a característica de Família Universal, o Amor Incondicional será a Lei que todos observarão. Todos serão considerados como irmãos, o amor romântico, mesmo existindo e tendo ainda grande força de aproximar pessoas e criar relacionamentos íntimos, sempre estará subordinada ao Amor Incondicional. A ausência de determinado parceiro, em determinada circunstância, jamais será motivo de ciúme, raiva e ressentimento, se porventura ele estiver com outra pessoa, pois a pessoa já aprendeu a Amar o próximo como a si mesmo e quer que o companheiro distante siga a vontade do Pai com alegria e prazer mesmo ao lado de outras pessoas que também sejam ou possam ser suas companheiras.
O Paráclito é este guardião que mora em minha consciência, com a minha permissão dada pelo meu livre arbítrio, e que aponta o que faço de certo ou errado dentro do caminho que o Pai determinou para mim. O Paráclito para mim não está dentro de nenhuma religião, não está do lado de fora. Ele está dentro de mim, em qualquer tempo ou lugar. Ele já chegou para mim e Ele me diz que devo apresentá-lo ao meu próximo como o principal ato de caridade que eu posso fazer, com todos os recursos materiais e abstratos que o Pai já colocou à minha disposição.