Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/06/2014 07h33
OS JUSTOS

            Os homens, de forma geral, falam muito em Deus. Mesmo alguns se considerando ateus, em alguns momentos de dificuldades ou de resolução de graves problemas, dão “graças a Deus”. Isso é uma prova de que se habituaram a repetir o seu nome em vão, sem todavia, crerem verdadeiramente nEle, que estamos imersos nEle e Ele em nós, que somos os seus filhos e que devemos fazer Sua vontade e que da consciência absoluta dEle não conseguimos escapar, que Ele sonda constantemente nossos corações. Eu mesmo faço essa autocrítica. Quantas vezes me esforço para lembrar-me dEle, de conversar com ele através da oração e de ouvir o que Ele quer me dizer através da meditação. Mas não consigo atingir a contento esse objetivo. Muitas vezes não me lembro dos compromissos que assumi, outras vezes lembro, mas não tenho forças para realizá-los. Então, como poderia eu julgar os meus irmãos se reconheço que as falhas deles eu posso cometer com bem maior gravidade, pois a quem muito foi dado, muito será cobrado?

            Sei que os justos viverão pela fé. Justos são aqueles que incrementam todos os dias os trabalhos de disciplina íntima, que estimulam a caridade e que exercitam o Amor, procurando universalizar os seus sentimentos. Nesse clima, a criatura sairá da opressão dos acontecimentos e, mesmo na Terra, respirará o ambiente do céu.

            Sei que tenho de observar uma lição preciosa do Mestre Jesus: “Não julgueis e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e com a medida que tiverdes medido, também vos sereis medidos. Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão”.

            Aquele que deseja ser justo, não deve esquecer esta lição. Nosso Amor para com o próximo deve ser sincero e concreto, na presença ou na ausência. Não posso falar bem de uma pessoa, ou omitir opinião negativa quando ela está presente, e na ausência “soltar os cachorros” sobre ela. Isso além de ser o pecado mais criticado pelo Cristo, a hipocrisia, ainda vem acompanhado da covardia. Se o irmão está ausente aí é que seus defeitos devem ser esquecidos e suas virtudes lembradas.                                              

            Não posso julgar o meu irmão, pois sei que não sou perfeito. Não posso fazer prejuízo aos que me rodeiam, principalmente aqueles que de alguma forma fazem parte da minha vida, da minha caminhada. O mau juízo a respeito de um irmão é sempre um atentado contra a pessoa e contra a comunidade. E dentro da família, nuclear, ampliada ou universal, jamais deverá ser feito. A regra de ouro é: se temos algo negativo a comentar sobre determinada pessoa, que o façamos de forma reservada; se temos algo positivo a comentar, que o façamos em público.

            No Evangelho não existe nenhum trecho que me incentive ou autorize a julgar o próximo. Devo acostumar-me a interpretar bem o próximo, mesmo quando suas ações não evidenciem o bem.

            Além de ofender a misericórdia de Deus, a qual sou convidados a imitar, posso ofender também a Verdade, pois a minha verdade pode ser um equívoco das minhas cognições. Não sou melhor do que os outros, não estou em posição de julgar ninguém.

            Se quero ser justo, tenho que decorar e aplicar esta lição: não julgar!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/06/2014 às 07h33