Os homens, de forma geral, falam muito em Deus. Mesmo alguns se considerando ateus, em alguns momentos de dificuldades ou de resolução de graves problemas, dão “graças a Deus”. Isso é uma prova de que se habituaram a repetir o seu nome em vão, sem todavia, crerem verdadeiramente nEle, que estamos imersos nEle e Ele em nós, que somos os seus filhos e que devemos fazer Sua vontade e que da consciência absoluta dEle não conseguimos escapar, que Ele sonda constantemente nossos corações. Eu mesmo faço essa autocrítica. Quantas vezes me esforço para lembrar-me dEle, de conversar com ele através da oração e de ouvir o que Ele quer me dizer através da meditação. Mas não consigo atingir a contento esse objetivo. Muitas vezes não me lembro dos compromissos que assumi, outras vezes lembro, mas não tenho forças para realizá-los. Então, como poderia eu julgar os meus irmãos se reconheço que as falhas deles eu posso cometer com bem maior gravidade, pois a quem muito foi dado, muito será cobrado?
Sei que os justos viverão pela fé. Justos são aqueles que incrementam todos os dias os trabalhos de disciplina íntima, que estimulam a caridade e que exercitam o Amor, procurando universalizar os seus sentimentos. Nesse clima, a criatura sairá da opressão dos acontecimentos e, mesmo na Terra, respirará o ambiente do céu.
Sei que tenho de observar uma lição preciosa do Mestre Jesus: “Não julgueis e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e com a medida que tiverdes medido, também vos sereis medidos. Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão”.
Aquele que deseja ser justo, não deve esquecer esta lição. Nosso Amor para com o próximo deve ser sincero e concreto, na presença ou na ausência. Não posso falar bem de uma pessoa, ou omitir opinião negativa quando ela está presente, e na ausência “soltar os cachorros” sobre ela. Isso além de ser o pecado mais criticado pelo Cristo, a hipocrisia, ainda vem acompanhado da covardia. Se o irmão está ausente aí é que seus defeitos devem ser esquecidos e suas virtudes lembradas.
Não posso julgar o meu irmão, pois sei que não sou perfeito. Não posso fazer prejuízo aos que me rodeiam, principalmente aqueles que de alguma forma fazem parte da minha vida, da minha caminhada. O mau juízo a respeito de um irmão é sempre um atentado contra a pessoa e contra a comunidade. E dentro da família, nuclear, ampliada ou universal, jamais deverá ser feito. A regra de ouro é: se temos algo negativo a comentar sobre determinada pessoa, que o façamos de forma reservada; se temos algo positivo a comentar, que o façamos em público.
No Evangelho não existe nenhum trecho que me incentive ou autorize a julgar o próximo. Devo acostumar-me a interpretar bem o próximo, mesmo quando suas ações não evidenciem o bem.
Além de ofender a misericórdia de Deus, a qual sou convidados a imitar, posso ofender também a Verdade, pois a minha verdade pode ser um equívoco das minhas cognições. Não sou melhor do que os outros, não estou em posição de julgar ninguém.
Se quero ser justo, tenho que decorar e aplicar esta lição: não julgar!