Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
07/07/2014 11h14
CASAMENTO E PROPRIEDADE

            O tema do casamento, das relações íntimas que levam a geração da família é o meu foco existencial, a missão que Deus colocou em minha consciência para que eu pudesse colaborar com a evolução do ser humano.

            Reconheço dois grandes legisladores inspirados por Deus, Moisés e Jesus. Cada um deles sintonizados com a sua época falaram da vontade de Deus e ensinaram a lição intuitiva de como deviam ser os relacionamentos.

            Observo que das lições e legislação que Moisés deixou, Jesus fez um avanço cerca de 2000 anos depois para ajustar à mentalidade da época.

            Jesus dizia o seguinte: “Ouvistes o que foi dito aos antigos: não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher já adulterou com ela em seu coração. Foi também dito que todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério.”

            Posso interpretar essas lições de Jesus comparando o Evangelho com a lei antiga de Moisés, a qual foi escrita nas tábuas de pedra, nos 10 mandamentos. Jesus veio ensinar a interiorizar essa lei, ao dizer que não basta realizar o ato do adultério, basta lançar sobre a mulher um olhar de cobiça que o pecado foi cometido. Desse modo a nova lei de Jesus não anula a lei de Moisés, mas atingirá o mal em sua raiz, no coração e não somente quando se manifesta nas atitudes externas.

            Procuro absorver essas duas leis, a primeira de Moisés e a atualização feita por Jesus. Comparo agora com a missão que o Pai colocou em minha consciência, dentro do contexto moderno. Observo a necessidade de outra atualização dessa lei, transcorrido mais 2000 anos da atualização feita por Jesus.

            Não quero dizer com isso que sou um espírito da estirpe de Moisés ou Jesus, reconheço minha inferioridade espiritual. Mas por outro lado também reconheço o esforço que faço para ser um aluno aplicado, tanto nas lições que Eles deram quanto na vontade do Pai colocada em minha consciência. Reconheci a existência do Paráclito, do Espírito Santo em minha consciência, conforme Jesus ensinou que Ele viria. Aceito a orientação dEle em nome do Pai e é por isso que eu me atrevo a colocar um texto com essa dimensão transcendental, de tentar atualizar um ensino e uma legislação milenar e de inspiração divina.

            Vejo que a intenção do artigo da Lei “Não cometerás adultério” relaciona-se com o “não matar”, pois o adultério, à semelhança do homicídio, lesa a pessoa enquanto subtrai ao legitimo cônjuge aquilo que é considerado um bem que lhe é próprio. É inevitável a conclusão que posso chegar, de que o cônjuge, principalmente a mulher como é sempre citado nos textos, é equiparado a um objeto do qual o homem pode dispor. Essa lição particular de Jesus não retira da mulher essa condição de objeto, mas Ele disse com toda veemência que o artigo mais importante da lei é “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” Com a aplicação desse artigo eu posso corrigir as incoerências que eu observo nos outros artigos.

            Ora, se eu observo que trato a minha mulher como um objeto e não quero isso para mim, então eu tenho que corrigir minhas atitudes. Passo a considerar ela como um ser humano igual a mim, com necessidades e desejos, que ela precisa ser respeitada em sua dignidade. Sei que pela lei da Natureza criada por Deus os desejos de envolvimento íntimos com terceiros podem surgir, são os instintos da sexualidade. Quando Jesus diz que “todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher já adulterou com ela em seu coração”, isso é muito forte. É forte porque essa “cobiça” que Jesus citou está muito próximo do “desejo” sexual inscrito na fisiologia animal que somos todos nós, na forma de instintos que o Pai criou, e que não posso evitar.

            A lei necessita de mais uma atualização frente a nova compreensão que temos da vida, da existência desses instintos e do papel deles na Natureza. Seguindo o modelo didático de Jesus, posso dizer assim: “Foi dito aos antigos para não cometer adultério, nem mesmo por pensamentos de cobiça. Eu, porém, digo, tu tens o desejo sexual na tua fisiologia instintiva, mas deves aprender a usar essa força dada por Deus para trazer benefícios ao próximo da mesma forma que gostarias de ter, sem prejudicar a terceiros, obedecendo sempre a lei do Amor Incondicional.”

            Quando eu pratico essa atualização da lei, quando pratico o Amor Incondicional, o amor romântico perde a força egoísta que possui e o casamento perde o sentido na formação da família tradicional que deixa de ser nuclear para se tornar ampliada e cada vez mais próxima da família universal, do Reino de Deus.

            Deve ficar também muito claro, que essa transformação da estrutura familiar só pode ser possível com a aplicação do Amor Incondicional em todos nossos relacionamentos, principalmente os íntimos. Enquanto isso não é possível, o tradicional casamento com sua legislação dura se torna ainda necessária, enquanto o homem continua sua luta para livrar os instintos divinos que recebeu do Pai da carga de cobiça originada do egoísmo animal.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 07/07/2014 às 11h14