Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/07/2014 23h59
BRASIL 1 X 7 ALEMANHA

            O jogo de futebol é uma forma atual de descarrego da agressividade, semelhante a luta patrocinada pelos imperadores romanos nas arenas. O povo se mostrava muito interessado nesse tipo de divertimento onde o ser humano não tinha nenhum valor, e a massa sabia que podia influenciar na vida daqueles que se digladiavam, uma espécie de voto para decidir sobre a vida ou a morte, da ordem que partiria do imperador.

            Esse divertimento, esporte, era muito valorizado pelos imperadores romanos, pois servia para eles participarem ativamente desse jogo, colocando técnicos que selecionavam e instruíam quem iria participar ativamente desse embate mortal, enquanto anestesiava a consciência dos cidadãos para não despertarem para tudo que acontecia de errado, de podre, na sociedade.

            Foi somente com a vinda de Jesus, o Mestre do Amor, que esse tipo de divertimento foi desmascarado. Foi ensinada a verdade sobre a condição humana, da existência do mundo espiritual e de um Pai comum a todos e que nos transformava em irmãos. Foi mostrado que o verdadeiro inimigo, aquele mais poderoso, não é o externo que podemos destruir com nossas habilidades marciais, e sim os internos, nossos vícios e defeitos; que a pessoa mais valente e corajosa não é aquela que humilha e mata o adversário, e sim aquela que tolera e chega a mostrar a outra face quando agredida.

            A inteligência humana associada à semente de Amor inerente a cada pessoa reconheceu a verdade que o Cristo ensinava e alguns se tornaram apóstolos e outros aceitaram mudar as suas vidas, fazerem a reforma íntima, para se tornarem cidadãos do Reino de Deus, como era previsto acontecer.

            Após muitos sacrifícios de almas corajosas nas mesmas arenas romanas, sobre o crepitar das fogueiras ou entre os dentes dos leões, o pensamento cristão se tornou majoritário, se tornou a religião oficial do Império Romano. As arenas deixaram de oferecer o espetáculo sangrento dos gladiadores e chegamos ao século XXI depois do nascimento do Cristo, com o pensamento fortalecido nas suas lições e com as arenas transformadas agora em campos de futebol. O pensamento cristão se espalhou pelo mundo, e apesar de distorcido na maioria das pessoas tem influenciado para nos retirar da condição de animal preso às necessidades da vida material, para a condição de ente espiritual em processo de aprendizado, de controle das forças instintivas com a aplicação do Amor e de nos aproximarmos da essência de Deus.

            Dessa forma nós reconhecemos que dentre todas as nações, o Brasil é considerado o país onde existem mais pessoas que seguem a religião católica apostólica romana, aquela que se propõe a continuar os ensinamentos do Cristo a partir de sua origem. Além disso, possui um número crescente de outras formas de seguir essas lições, nas variadas denominações evangélicas, nas antigas religiões africanas como a Umbanda, e nas recentes formas de compreensão transcendental como nas doutrinas esotéricas, principalmente o espiritismo. Possui um povo miscigenado, sem a índole belicosa contra países irmãos e excessivamente tolerante com as misérias que os governantes infligem sobre si. Por tudo isso é considerado o “Coração do mundo e a pátria do Evangelho” onde o Espírito cristão pode comandar o novo tipo de governo, o imperialismo cristão, que deve levar ao Reino de Deus.

            Por nossas habilidades também nos tornamos a Pátria do Futebol e nesta data, onde acontece a Copa do Mundo em nossas arenas, enfrentamos a Alemanha com um resultado muito curioso. Para muitos aconteceu uma catástrofe, com o placar “humilhante” de 7 x 1 para a Alemanha. Depois de fazer essa digressão chego a ter outra perspectiva desse resultado: não foi uma grande derrota, foi uma grande vitória!

            Eu considero que o Brasil, sendo o “Coração do mundo e a pátria do Evangelho” enfrentou a seleção do país que melhor representa o pensamento racista, anti-cristão, que levou milhares de pessoas a morte nos campos de concentração durante a última guerra mundial. O Brasil foi trucidado dentro da arena pelo futebol gladiador dos alemães, onde não existe a compaixão, a verdade, a fraternidade. Ali a vitória é o objetivo, o fim, pelo qual se fazem todos os meios, mesmo que seja fingindo uma dor ou causando uma lesão incapacitante ou mortal no adversário. O Brasil já possuía uma seleção frágil, mesmo assim chegou até este dia, pois era importante que mostrasse para o seu povo e para todas as nações, a incoerência que existe entre a forma como esse tipo de esporte é praticado e o pensamento prático que o cristão deve exibir: verdade, tolerância, honestidade, fraternidade.

            A nação brasileira com esse resultado de 1 x 7 nas mãos tem uma oportunidade de ouro para refletir sobre o comportamento inerente ao futebol comparando ao que se espera de uma pessoa cristã. O dinheiro derramado de forma escandalosa na construção dos estádios, nas diversas formas de corrupção que não permite uma saúde, educação e segurança dignas aos cidadãos, devem vir à luz da consciência. O Evangelho agora tem, sobre os escombros da arrogância futebolística tupiniquim, a oportunidade de ficar nas mãos de cada brasileiro e cada um usar o sapato não para chutar o corpo do adversário, mas para se dirigir a casa de cada irmão que sofre e necessita do apoio de todos nós, seja aqui ou além.

            Houve uma derrota humilhante sim, do arrogante e malicioso que não queremos ser; houve uma vitória onde podemos demonstrar nosso comportamento de humildade e mostrar que a verdadeira coragem, força e alcance da felicidade é com a aplicação do Amor em todas as suas dimensões, que muito além de sermos a Pátria do Futebol, nós somos a Pátria do Evangelho!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/07/2014 às 23h59