O tema que circula nos nossos pensamentos mais íntimos fica a maioria restrita às intimidades da consciência, onde ninguém tem acesso. É o tipo do iceberg que representa nossa condição racional, apenas 10% desse processamento cognitivo vem a público na forma de palavras ou ações.
Este trabalho que desenvolvo com este diário tem o objetivo de aumentar um pouco essa porcentagem do que acontece em meus pensamentos. Faz parte do compromisso que firmei com o Pai de publicar tudo que eu consiga organizar de forma coerente para explicar meus comportamentos e tendências, as motivações biológicas, materiais e espirituais que justificam minhas ações como forma educativa para mim e meus irmãos que possam acompanhar a leitura.
Hoje irei falar sobre essa condição psicológica que domina a minha mente com base num compromisso que assumi com o Pai.
Vejamos só, no momento que eu escrevia acima “compromisso com o Pai” veio na minha mente que eu devia colocar assim: “pseudo-compromisso com o Pai”. Era uma forma de dizer que eu não tinha certeza que esse compromisso que direciona minhas ações tem alguma coisa a ver com Deus. Esse é o pensamento lógico, científico, materialista e que atende os princípios da Academia de ciência (senso amplo) da qual faço parte. Mas eu voltei no texto e apaguei o “pseudo”. Eu tenho a convicção de que estou movido pela compreensão de ser filho de Deus, de saber que a intenção dEle com a Natureza que Ele criou e na qual se apresenta para nós é que tudo flua com harmonia, incluindo esta nossa capacidade de pensar e fazer a co-criação junto com Ele. Se eu não apagasse o “pseudo” eu estaria anulando na consciência todo esse paradigma de vida que acredito e tento seguir, ou por outro lado sendo hipócrita: pensar uma coisa e falar e fazer outra.
Agora, nem tudo são flores nesse caminho que o Pai me ofereceu. Tenho o reconhecimento das faltas e defeitos que sou possuidor e também sinto na pele o defeito e falhas das pessoas ao meu redor, principalmente das minhas companheiras, presentes ou passadas, de qualquer natureza, fraterna ou sexual, espiritual ou material.
Uma dessas consequências é a exigência de viver sozinho, por mais amores ou companheiras de jornada que eu tenha ao lado. Pois sinto que quando estou ao lado exclusivo de uma as outras sofrem; quando estou só no meu apartamento, o efeito do meu distanciamento de cada uma delas fica mais atenuado.
Isso parece um paradoxo, pois onde eu estou e com quem eu estiver, o meu compromisso comigo mesmo e com o Pai é de distribuir o Amor com o qual Ele me abastece. Isso faz a pessoa ao meu lado feliz, mas as outras que estão distante, sabendo que isso acontece, ficam tristes. Aí é que está o aparente paradoxo, pois se o Amor real prevalecesse no coração, o sentimento era de alegria quando se soubesse que o nosso ser amado estava feliz, amando e sendo amado ao lado de outra pessoa. Eu sei que já atingi esse nível, de saber que a minha pessoa amada está feliz ao lado de outra pessoa e me sentir feliz com isso também, mesmo que ela não volte ao meu lado em outra ocasião, se isso for o desejo deles.
Também sei que a evolução que ocorre com o tempo atinge todas as pessoas, e que o Amor sendo a energia mais importante que rege o universo vai chegar o dia em que todos estão sintonizados com ela que circulará livremente sem preconceitos ou sentimentos egoístas de exclusividade por todos os corações.
Nesta última semana fiquei surpreendido com uma fala de E. Ela sempre mostrou muita dificuldade na forma de meu companheirismo, mas atualmente conseguiu uma boa adaptação ao meu lado, nas minhas caminhadas. Ela disse que não pensava encontrar um companheiro para “chafurdar” sexualmente, e sim em alguém que pudesse compartilhar a vida nos momentos que fossem apropriados, em cinemas, teatros, restaurantes, viagens, inclusive que pudesse ser incorporado aos seus atuais companheiros. Perfeito! Quando ela estiver ao lado dessa pessoa, sendo feliz com ela, mesmo distante de nós, todos nos sentiremos felizes por eles. Assim será construído mais um elo dessa família ampliada que tende a ficar cada vez maior em direção a família universal, ao Reino de Deus.
É isso que eu gostaria de sentir, que minhas atuais companheiras estão realmente felizes quando sabem que eu estou longe, ao lado de outra companheira permutando o Amor que seja possível na ocasião. Que fiquem muito mais felizes sabendo que eu estou trocando Amor com outra pessoa em algum lugar, do que preso sozinho dentro de um apartamento. Mas reconheço que todas fazem o seu devido esforço para chegar a essa perfeição e que devo ter paciência para esperar o momento de cada uma, como parece estar chegando para E. Tenho a certeza da vigilância do Pai que sonda diariamente o meu coração, sabe das minhas falhas e deficiências, mas confia nas minhas intenções e oferece a cada dia a beleza da Natureza ao meu redor e lições excepcionais que chegam à minha consciência das mais diversas fontes.