Jesus veio ensinar sobre o Reino de Deus em uma sociedade materialista, violenta e preconceituosa. Como foram colocados conceitos de confronto a essa visão egoísta, terminou o justo sendo julgado e condenado como injusto.
Hoje sabemos da farsa daquele julgamento, sabemos da motivação de todos os seus acusadores e juízes. As lições de Jesus sobre o Reino de Deus feitas há 2000 anos permanecem vivas em nossas mentes e corações. Sabemos que somos os responsáveis pela correção de nossos vícios e defeitos, e pela construção desse Reino que Ele previu.
Sempre é bom lembrar essas lições de Jesus para poder aplicar em nossas vidas, nos nossos relacionamentos. Assim, vamos ver o que foi escrito pelos apóstolos:
“O Reino dos Céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo. Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio. Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: queres que vamos e o arranquemos? Não – disse ele -; arrancando o joio, arriscais tirar também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita.”
“O Reino dos Céus é comparado a um grão de mostarda que um homem toma e semeia em seu campo. É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos.”
O Reino dos Céus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa.”
Posso entender essas parábolas, auxiliado pela explicação do próprio Cristo, da seguinte forma: o que semeia a semente boa é o homem de bem; o que semeia a semente má é o homem ignorante. O campo é o planeta Terra, nosso país, nossa cidade, nossa casa. As boas sementes são as boas palavras, sentimentos e ações, que são originadas do Amor Incondicional que permeia o nosso coração em busca da evolução da alma; o joio são as más palavras, sentimentos e ações, que são originadas do egoísmo natural que permeia os instintos biológicos em busca da preservação individual.
Chegará o momento do crescimento e maturação dessas sementes e o julgamento divino quanto a sincronização desses frutos com a Lei do Amor. Todos os responsáveis por desvios, deslizes e erros de trajetória, serão retirados do meio da colheita dos frutos bons e serão lançados na fogueira dos sofrimentos, onde haverá choro e ranger de dentes, como oportunidade de correção dos erros cometidos. Essa colheita pode parecer o fim do mundo, mas é simplesmente o fim de uma jornada cumprida de uma vivência biológica, para logo em seguida ter reinício outra vivência de acordo com o julgamento ocorrido. Os ceifadores dessa colheita são os anjos, espíritos mais purificados, mais educados na Lei do Amor, e assim mais próximos de Deus. Eles atuam ao lado da consciência de cada um dos julgados que deverá reconhecer os erros cometidos e aceitar nova estratégia vivencial como prova ou expiação.
Nós, discípulos de Jesus, temos a obrigação de praticar a Lei do Amor e auxiliar os nossos irmãos na conversão do joio para o trigo. Lembro sempre que antes eu era, por natureza, uma espécie de joio. Foi algum cultivador que plantou a semente em meu coração e agora ela está germinando e me transformando em trigo. Sei que como parte dessa transformação eu devo ser um semeador do bem, devo ter o Evangelho como instrumento de trabalho e o meu próprio corpo como instrumento de Deus para cumprir a Sua vontade de construção do Seu Reino na Terra.
Apesar de toda essa consciência, meus erros e defeitos ainda são enormes. Posso citar o dia de ontem, domingo, como exemplo: fui almoçar na casa do meu irmão e ficamos para brincar, jogar, nos divertir em família, no ambiente doméstico. Em determinado momento eu tive o convite de fazer o Evangelho no Lar. Coloquei a justificativa de não ter levado o livro que sempre uso para esse momento, para não tocar mais no assunto. Foi uma falha enorme frente ao Pai! Ele sabe, como eu também, que não é preciso um livro específico, ou mesmo qualquer livro para falar do Evangelho, de semear as palavras boas e bons sentimentos. Das seis horas que ficamos na diversão de jogos, com baralhos e Perfil (jogo de perguntas e respostas), eu poderia ter tirado pelo menos uma hora para fazer essa semeadura. Ali estavam presentes corações necessitados, corações adolescentes cheios de ingenuidade, ou adultos cheios de ignorância. Eu sei que a boa palavra semeada pode germinar e crescer no coração de quem ouve como a semente de mostarda, e que ao se tornar árvore abriga tantos pássaros, tantas outras pessoas, como aconteceu e continua acontecendo comigo; eu sei que a boa palavra é como o fermento que agindo no coração faz crescer as boas intenções, as boas palavras e sentimentos. Seria essencial naquele momento, pois se percebe o predomínio das palavras más, mesmo que irônicas, tentando destruir a moral ou a sensibilidade do outro. A palavra do bem nesse momento de harmonia fraterna poderia mostrar com mais clareza os erros que podemos cometer pensando estar brincando com o nosso semelhante. A melhor ironia que se pode fazer é conosco mesmo, nunca com o semelhante para o deixar constrangido.
De todas as pessoas presentes nesse dia, naquela casa, eu era o mais capacitado teoricamente e comprometido espiritualmente para semear as boas palavras, as boas sementes. Certamente meu anjo da guarda ainda tentou me ajudar intuindo a minha companheira a fazer o que era minha responsabilidade. Mas algo maior me impediu. O que? Por que eu dei uma resposta negativa e tão simplória, de não estar com um livro para fazer uma tarefa que eu sei que posso fazer sem livro algum? Seria minha mente viciada não querendo interromper o jogo? Seria meu orgulho por a ideia não ter partido de mim e sim de outra pessoa? Seria a falta de coragem de interromper uma atividade em que todos mostravam prazer para outra que fosse considerada inconveniente ou enfadonha? Pode ter sido qualquer uma dessas hipóteses, pode ter sido outra que não penso no momento, e pode ter sido todas elas. O que importa é saber que eu fracassei na minha missão, tão simples e tão oportuna que seria. O Pai me ajudou, me intuiu para eu levar os livros básicos das religiões que o consideram como único Deus, eu já estava com minha agenda que tem diversas partes do Evangelho, inclusive essa que fala do Reino de Deus, e que usei para construir este texto. Ele usou os anjos da guarda, desencarnados e encarnados para eu executar minha missão, e eu não respondi!
Não vou pedir perdão agora a Ele, pois sei que Ele sonda meu coração e está vendo agora minha vergonha e arrependimento. Acima de tudo isso Ele ver uma montanha de falhas e defeitos, de joio ao redor de meu trigo que sufoca o meu crescimento. Mas, abaixo de tudo isso, Ele também ver um raio de luz no fundo do meu coração, que se esforça para sair das trevas da ignorância, da dominação da preguiça e da instintividade; que se esforça para levar o Amor que sinto para cobrir a multidão dos pecados que cometi e cometo.