Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
24/07/2014 00h01
O CRUCIFICADO

            Na reunião de estudos da última terça feira, dia 22-07, uma das minhas colegas, sem nenhuma provocação da minha parte ou de qualquer outra pessoa presente, disse que a pessoa que mais aproveitava essas lições era o “crucificado” e apontou para mim. Todos fizeram relação com o meu silêncio, quem menos fala nessas reuniões sou eu, deixo todo mundo falar e somente quando sinto que posso contribuir com o teor da discussão é que faço alguma intervenção. Mesmo assim quando eu sinto que não tem alguém com mais necessidade de falar do que eu. Mas onde está o sentido de “crucificado” nessa situação? Eu não estou submetido a nenhum martírio, a nenhum sofrimento ou trabalho forçado. A outra hipótese é com relação a E. que sempre está encontrando um espaço para jogar algum tipo de culpa sobre mim. Nesse caso até que pode justificar o termo de “crucificado”.

            Mas parece que a aplicação do que ela quis dizer tinha uma abrangência maior, pois logo em seguida eu tive que abrir mão do anonimato das minhas ações para explicar e justificar um fato que aconteceu. G. levantou a crítica de que não acolhemos a colega M. que chegou à reunião trazendo o sofrimento da morte recente da sua mãe. Disse que nós ficamos envolvidos no estudo do livro sem atentar para a dor que ela estava sentindo e que devíamos ter conversado com ela sobre os seus sentimentos. Tive que explicar que M. recebera justamente o que foi procurar, um estudo neutro sobre as características do mundo espiritual, que é uma existência real e que a morte não existe, pois o espírito depois do desencarne volta para o pátria espiritual que é o nosso lar real. No dia anterior eu havia ido ao seu apartamento e tive oportunidade de falar bastante sobre o seu sofrimento, sobre a vida da mãe, do seu retorno à pátria espiritual e que ela devia fazer o seu dever enquanto tivesse encarnada, cuidando da sua vida e ajudando o próximo. Orientei para que ela fosse ao estudo na terça feira e a ação prática na quinta feira na Praia do Meio. Depois da reunião ainda a acompanhamos até sua casa e a deixamos mais harmonizada no seu lar. Portanto, o que o grupo poderia ter oferecido naquele momento era o que foi realmente oferecido: foi o estudo do mundo espiritual de forma neutra para que ela pudesse raciocinar com mais clareza sobre a realidade e sobre o que deveria fazer. Os colegas então puderam perceber que a minha ação antes e depois da reunião tiravam deles qualquer sentimento de culpa, pelo contrário, fizeram justamente aquilo que M. precisava receber. Isso implicava em algum tipo de sacrifício que eu estava fazendo em benefício do próximo e dentro do estudo. Também podia ser aplicado o termo de “crucificado”.

            Outra situação que acontece em função do estudo, é a carona que eu dou regularmente a E. e a R. que faz eu percorrer a cidade quase toda, do Centro para a Zona Sul, depois Zona Norte, para chegar no meu apartamento na Zona Leste. Também faço isso em função de crescimento espiritual de minhas companheiras, sem esperar nenhuma recompensa material com esse trabalho. Também pode ser considerado uma espécie de crucificação. Tudo isso justifica até o termo de crucificado que ela usou, mas acontece que ela não tinha conhecimento disso. O que posso concluir é que os mentores espirituais desse estudo, que tudo percebem dentro e fora da reunião, mandou esse recado que somente quem pode avaliar como tal sou eu, pois ninguém da reunião tem a dimensão desse trabalho que executo fora da reunião em função desse estudo. Eles perceberam que não tenho nenhuma intenção de obter recompensa material com esse trabalho e resolveram mandar um recado que tudo está sendo devidamente contabilizado no plano espiritual. Como talvez ninguém faça tanto esforço quanto eu dentro da reunião, eles usaram a colega para me mandar esse recado como forma de me recompensar. É como um aluno que recebe uma nota boa na escola de acordo com a tarefa que ele desenvolveu, como forma de premiação.

            É pena que eu não possa dividir essa reflexão com os colegas, pois eu estaria entrando no campo da vaidade e terminaria sendo recompensado pela admiração deles, deixaria de ser recompensado por Deus. Portanto, essas reflexões vão ficar restritas a este blog, que poucas pessoas leem e pouquíssimas sabem do contexto real.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 24/07/2014 às 00h01