A vida mental se desenvolve e evolui em torno da compreensão que posso ter das coisas que vou absorvendo com meus sentidos. Adquiri a compreensão do Reino de Deus tal qual Jesus ensinou e agora procuro me colocar dentro dessa realidade que meus sentimentos e comportamento podem construir, usando qualquer contexto que a vida possa oferecer para reforçar a ideia e não a deixar acuada sob dúvidas. Por exemplo, hoje é dia do Padre. Eu não sou formalmente um Padre, mas tenho conhecimentos suficientes para atuar com o Amor Incondicional na construção do Reino de Deus que é a tarefa principal que Jesus nos confiou. Tenho ao meu redor diversas pessoas, tanto parentes, colegas ou amigos, até mesmo pessoas que vejo pela primeira vez, necessitadas de luz para abrir as suas compreensões sobre a Verdade. Nesse momento eu devo funcionar da mesma forma que um Padre, um Pastor, na condução dessas ovelhas desgarradas, perdidas no breu da ignorância. O trabalho comunitário que estou iniciando nas comunidades tem por essência esse ensinamento. Mesmo que o objetivo concreto seja resolver questões do cotidiano, necessidade de organização material e de aprendizado formal por trás existe o ensinamento sobre o Reino de Deus e como devemos construir a sociedade fraterna, a família universal.
Jesus nos deu lições de como construir a compreensão firme sobre o Reino de Deus que as vezes a maledicência do mundo pretende destruir: “Quando pretendes levantar uma casa, primeiro cavas as valas, para que acolham o alicerce. Depois que este está familiarizado com a argila, é que vem as paredes, pedindo para suportar o seu peso. Depois, vem o telhado para, em seguida, entrarem os moradores, em segurança, na moradia. O ser humano procura construir cada qual a sua própria casa no reino da mente, pois, em primeiro plano, as necessidades exigem a limpeza das valas entulhadas de ideias imprestáveis. Em seguida à colocação das pedras nos alicerces que os ideais superiores nos oferecem, com a liga da boa vontade, mais adiante deveremos levantar as paredes, com cada tijolo representando um conceito que as leis de Deus interligam. Finalmente, aparece o telhado, que é a vivência e o tempo chancelando a segurança daquilo que aprendemos.”
Com essa lição tenho a compreensão que a minha casa mental já está construída e estou abrigado em segurança dentro dela. Os contrastes e duvidas que queiram se arremeter contra ela, são oportunidades que tenho de mostrar o quanto resistente é a minha casa, a minha compreensão do Reino de Deus. Para que eu me torne cooperador de Deus, um instrumento da Sua vontade, na vinha infinita da criação, o laboratório do mundo me testa permanentemente, em busca da perfeição, respondendo a todos os ataques à verdade, com a própria vida imperturbável no serviço da caridade e do Amor dentro e fora de mim, compreendendo e sentindo Deus, pelo bem que não deixamos de praticar, sem interrupção. Cada vez sinto que não existe mais lugar para dúvida em minha mente e que a ignorância quer fazer vicejar.
Aprendi com o Mestre que onde a compreensão é mais difícil é diante da maledicência, e quando sou ofendido e caluniado e, sem revolta, o coração me obriga a transformar meus sentimentos em perdão, um perdão que não exige condições. Nesses momentos, algumas vezes posso perder o ambiente de segurança da minha casa mental, assimilando a violência e intolerância dos ignorantes e, se faço a justiça que a razão me pede, passo a pensar do mesmo modo de quem me injuria. E aí, a semente de Deus, que procurava terra fértil no meu coração, é retirada pelos ventos da invigilância, deixando o “agricultor” à espera de outras oportunidades para tornar a semear.
Aconteceu isso com o episódio da batida do carro no retorno do sepultamento do corpo do meu amigo. Os ventos da invigilância conseguiram arrastar a paciência do meu coração e cometi um prejuízo material ao meu próximo. Não posso deixar que a terra fértil do meu coração seja comprometida por qualquer fenômeno que aconteça ao meu redor, devo estar seguro na casa mental que bem construí. Devo ocupar a minha mente com a compreensão que devo ter com os outros, sem exigir o mesmo dos outros para comigo, a não ser quando isso vem pelas linhas da espontaneidade ou do aprendizado da Verdade. Porque se eu passo a compreender a quem desconhece a lei do Amor e da caridade, mesmo sem palavras, essa pessoa passa a me admirar, e esse é o primeiro passo para o alcance da Verdade. Infelizmente, algumas pessoas estão tão envolvidas pelos sentimentos trevosos da raiva, medo e intolerância que não dão oportunidade de sentirem em si a aplicação da lei do Amor por quem tem tanta resistência.
Com toda essa compreensão, tenho o entendimento que devo alcançar um comportamento mais puro, inatingível aos ataques da ignorância, porque muito me foi dado, então, muito me será pedido. Sei que estou participando de uma claridade que, em outros olhos, produziria cegueira, tal como aconteceu com Saulo de Tarso no caminho de Damasco. Vim para servir, sem que qualquer exigência ou sugestão possa perturbar minha confiança em Deus e em mim mesmo.
Sei que o mal maior, mesmo para mim que estou despertando para a luz, é dar querendo receber, é perdoar esperando perdão, é sorrir porque preciso receber um sorriso, é amar pensando, primeiro, no amor que poderei receber em troca.
Espero que eu esteja resistente dentro da compreensão construída como minha casa mental para que isso não aconteça a mim, que já conheço o Filho e o Pai.