Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
05/08/2014 10h26
ENTENDIMENTO

            Como é difícil trilhar os caminhos do mundo com uma perspectiva espiritual, com uma aceitação de cumprir a vontade do Criador da forma que Ele plantou na nossa consciência. Eu vivo cercado de dúvidas que as pessoas ao meu redor procuram jogar sobre mim, e com razão, pois os parâmetros de comportamento que passei a desenvolver são muito diferentes do que é defendido e praticado culturalmente, ou melhor dizendo, que é procurado seguir de forma legal.

            Eu tenho uma bússola que adquiri dos ensinamentos do Mestre Jesus, para não me perder nesse emaranhado de opções que existem à minha frente, com tantas motivações de todos os matizes ideológicos. A bússola do Mestre diz simplesmente para eu não fazer ao outro o que não desejaria que fizessem a mim. Recebi hoje um vídeo onde um filósofo está sendo entrevistado sobre a ética, e ele cita uma frase de Imanuel Kant que achei muito interessante e de valor prático: “Aquilo que você não puder contar como fez, não faça.”

            Mesmo assim, o entendimento fraterno não é alcançado, mesmo entre as pessoas que até conhecem essas ferramentas conceituais, evangélicas inclusive, de direcionamento do comportamento. Lembro como exemplo a dificuldade de entendimento que sofro quando tento explicar o novo direcionamento do meu comportamento, da prática do amor exclusivo na relação conjugal, para o amor inclusivo que implica em novos parceiros na relação, para ambos.

            Mas o Mestre Jesus nos conforta com suas lições e aprendemos como nos comportar de forma ética, sem perder nosso rumo em direção ao Pai. Jesus diz que a idoneidade de uma pessoa depende muito, mas muito mesmo, da vivência que ela leva diante dos conflitos interiores e dos problemas que a própria natureza externa apresenta como teste de sua maturidade. Pelo tom da tua voz, Ele diz, notarás a apreciação que fazes em ti e nos outros, e pela análise, notarás a falta de compreensão de grupo para grupo e de almas para almas, começando dos lares até as nações. Jesus diz que esse é um processo inevitável, dos homens e dos povos para que se entendam mais tarde, pois as dificuldades são criadas para que a dor possa aparecer, ensinando, na antecipação do Amor. É bom que saibas, reforça o Mestre, que quanto mais bruto é o animal, maior é a corrigenda.

            Continua ensinando: A roseira mostra suas pétalas suaves, mas trás os espinhos na retaguarda, para que a vigilância seja desenvolvida. Deves conhecer bem os livros sagrados e a interpretação dos sacerdotes, mas deves fazer o teu próprio esforço para compreender a lei de Deus e a vontade do Pai para a tua vida; não te deve faltar a razão. Voce vai observar que Moisés foi o portador da justiça para disciplinar a dureza do coração de pessoas brutalizadas. No entanto tu vais entender, com o teu raciocínio, que a nova mensagem que eu te ensino transforma a justiça, pelas linhas da misericórdia, em Amor e, se queres saber mais, dileto aluno, é justo que saibas que somente o Amor no coração das criaturas fará estabelecer a verdadeira compreensão através do tempo, nos lares e nas ações.

            O Mestre ainda faz uma advertência: Usa a tua inteligência, não te iludas com falsas filosofias. O esquema de Deus não foi feito para transformações imediatas, principalmente no que diz respeito as almas. O despertar de um espírito para as coisas reais da vida depende de sequências de esforços indescritíveis. O sol tem uma marcha moderada com respeito ao tempo, para formar o dia, e este a mesma sequencia, na estrutura do ano. Assim os séculos, assim os milênios, assim a eternidade.

            O Mestre continua a dissertação dos seus ensinamentos: A compreensão é incompatível com a ignorância. Se é a ignorância que comanda e domina a maioria na Terra, como poderás esperar ajuste de Entendimento entre as criaturas? Se é certo que toda a humanidade tem fome de Amor, é mais justo que esse Amor seja dado aos que desconhecem os seus grandes benefícios. Tu és um aluno da Verdade, com atividades teóricas como esta que fazes agora, para ter um maior Entendimento das coisas e da vida. Da vida e dos homens, dos homens e do mundo dos anjos. Mas deves ter as responsabilidades práticas dentro dos relacionamentos interpessoais, de fazer a vontade de Deus que é o motivo pelo qual estamos aqui, para transmutar a justiça em perdão e o perdão em caridade, e que nesse empuxo da vida, passes a esplender na pureza do Amor.

            Assim, com esses termos, o Mestre termina essa importante lição que hoje Ele trouxe para mim: Francisco prepara-te para escutar a Verdade que não esperavas. Se te preocupas muito com a compreensão de uns para com os outros e dos outros para contigo, se intentas lutar para estabelecer um Entendimento universal, se te dispões a trabalhar para uma unidade de sentimentos, colocas o capacete do trabalho edificante sem perguntar o que vais receber. Envolve-te na tolerância educada na força do bom senso. Respira e distribui a caridade sem fanatismo, arregimenta as armas do perdão incondicional e não penses no tempo em que a tua cooperação com os outros que esposam as mesmas ideias venha a formar a fraternidade entre os povos. Porque na verdade te digo que essa incompreensão que tanto temes, tu a sentirás no próprio meio, onde tens as melhores armas para combatê-la. E, se continuares no bem até o fim, fazendo a tua parte, os outros farão o mesmo e Deus fará o resto.

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            Vejo quão importante são essas lições. Fico boquiaberto com tanta sabedoria! Ensina-me a ter paciência e a entender que o sofrimento é necessário, na proporção direta da brutalidade do ser, para que o Amor possa chegar com seus benefícios.

Entendo melhor assim que aquele que sofre, por mais intensa que seja a dor, é porque está nos preparativos da vinda do Amor e que eu posso acelerar com minhas ações caridosas.

Entendo que mesmo levando as pétalas suaves do Evangelho para ensinar seres brutalizados na comunidade, devo ser vigilante e levar comigo alguns espinhos na retaguarda para me proteger.

Entendo que o meu trabalho essencial com o próximo é o de transformar a justiça em Amor, o meu papel não é de juiz e sim de servidor do Pai.

            Entendo que não devo esperar por resultados rápidos, nem isso o sol consegue, quanto mais eu que pretendo ser um simples raio de luz.

            Entendo a essência do que devo fazer, transmutar tudo que eu entender como injustiça, em perdão e em seguida em atos de caridade. Esse julgamento que é feito para considerar um ato como injusto, deve ficar restrito ao meu campo de consciência, o perdão que devo oferecer é não deixar que esse sofrimento provocado por essa “injustiça” fique circulando na minha mente como ressentimento. Este é o meu primeiro ato de caridade, comigo mesmo, evitando com o resentimento um sofrimento que se perpetua no tempo. A caridade com o ofensor é não ressaltar o seu lado negativo e sim, privilegiar publicamente o que ele tem de bom. E finalmente, ter humildade e paciência para esperar pela ação do tempo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 05/08/2014 às 10h26