A visita feita na Fazenda Campos com a família que An. está construindo com o seu companheiro, dentro da cultura tradicional da família nuclear, me fez fazer algumas reflexões. Eu vi que naquela família que tem o L. como mentor da parentela, havia através dele uma preocupação saudável de seguir a orientação evangélica, de procurar os benefícios seguindo a ordem natural do indivíduo, da família e da sociedade. Isso é o que a leitura das lições do Cristo procura disciplinar dentro das relações humanas, e se todos fizessem assim haveria um crescimento saudável do corpo social. Mas acontece que não é assim que observo. Vejo apesar desses exemplos saudáveis, uma crescente necessidade da sociedade, um crescimento das forças do mal, que parece que essa estrutura da família nuclear, mesmo obedecendo todos os critérios do Evangelho, não consegue superar.
Como fazer essa ampliação do Amor, da família para a sociedade? Sei que a peça chave nesse quebra-cabeça comportamental é como vamos estruturar a família. Como vamos considerar nossa relação com o próximo e conosco mesmo. Vejo a sutileza da luta do amor condicional com o Amor Incondicional, mas de resultados estrondosos em favor do amor condicional. Aquela família de grande sentimento e entendimento evangélico tem a preocupação de deixar na forma de herança todos aqueles benéficos que 1000 hectares de terra comporta para a parentela, incluindo a minha filha e meu neto. Confesso que fico satisfeito com isso e ainda mais por saber que aqueles recursos também são ofertados de forma gratuita as pessoas que moram no entorno, na forma da água que é doada e das pessoas que vivem e trabalham no local. Mas é como se eu visse uma grande riqueza sendo canalizada para as mãos dos parentes consanguíneos, mesmo que dela seja permitido a oferta de migalhas para o próximo.
Como ampliar o máximo dessas migalhas que são ofertadas aos pobres, sem o comprometimento do valor do patrimônio dos proprietários, que segundo a lógica capitalista deve oferecer lucros cada vez maiores em todas as áreas de investimento? Não é assim que fazem os bancos e demais instituições na relação com o capital? Não é assim que fazem as instituições religiosas, as igrejas católicas, os templos evangélicos com sua suntuosidade e recursos amealhados? O crescimento vai seguindo no fluxo do tempo e atrás vai ficando um rastro de pobreza e miséria que não consegue ser apagado. Se por acaso é apagado dentro de uma família, de uma comunidade, até de um país, mas em algum lugar do mundo impera a fome e a guerra a destroçar os corpos esqueléticos dos irmãos que nascem e morrem na ignorância, quando esses não têm a sorte de escapar para a criminalidade e ameaçar com a violência a vida daqueles que sustentam esse status quo. A família nuclear, que nutre em seu seio essa fornalha de egoísmo querendo tudo para o sangue e no melhor dos casos, as migalhas para os outros, parece ser o principal elemento de manutenção dessa situação.
Podemos criar uma família que não priorize tanto o amor condicional a ponto de mascarar ou anular o Amor Incondicional? Pois é essa a condição pela qual a Terra se mantém como lugar de provas e expiações. Só podemos evoluir para um planeta de regeneração se conseguirmos resolver essa questão, de como ampliar o Amor que deve surgir na família e se espalhar sem contaminações por todo o orbe. E a chave para isso é obedecer a lei de Deus que está escrita tanto na Natureza como na consciência.