Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
20/08/2014 06h45
NA VINHA DO SENHOR

            Sempre pensei que o Senhor não estava sendo justo naquela parábola que Jesus ensinou sobre a vinha que precisava ser trabalhada. Por que as pessoas que foram contratadas no começo do dia deviam ganhar semelhante aquelas que foram contratadas no final do dia? As primeiras não haviam trabalhado todas as horas contratadas, não suaram durante todo o dia? E as últimas não trabalharam somente algumas horas do fim do dia? Não seria justo que tivessem um pagamento diferenciado?

            Mesmo o meu racional apontando essa injustiça, o mesmo racional diz que essa decisão veio do Pai que tem uma inteligência muito maior que a minha, portanto alguma justificativa tem que eu ainda não consigo compreender, mas com o tempo de maturação intelectual eu o consiga.

            O trabalho que estamos realizando na comunidade de Praia do Meio parece que está trazendo luz sobre essa questão. Vamos imaginar que essa comunidade seja a vinha na qual o Pai espera que trabalhemos durante seis anos para podar as videiras, tirar as sombras da ignorância, do egoísmo e deixar brilhar o sol do Amor e da Justiça para a devida maturação dos bons frutos. O Pai fez a convocação dentro das nossas consciências pelos mais diversos meios. A minha convocação foi feita através de um brado de impotência feito por uma colega no Hospital João Machado, de como combater a violência, fruto das trevas que cobrem nossa sociedade. Foi aí que me reuni com ela e com mais outra pessoa decidimos vir para a vinha onde a semeadura é feita e necessita de trabalhadores para mostrar os caminhos ensinados por Jesus através da lei do Amor cuja aplicação construirá o Reino de Deus.

            Cheguei à comunidade, à vinha, e logo o Pai fez mais convocação na consciência de diversas pessoas que passaram a se engajar no trabalho. O salário prometido é o de ser cidadão desse Reino divino e não se preocupar mais com a morte, pois iremos sempre evoluir em direção ao Pai. Começamos o trabalho e a todo o momento o Pai passa novamente pela praça e faz o convite a outras pessoas com o mesmo objetivo, com o mesmo salário.

            Vou imaginar que no último ano de trabalho, como o Pai continua a convocar as pessoas, chegam ainda mais trabalhadores. Mas o trabalho já está perto do fim, o trabalho não é mais tão intenso quanto antes... Os primeiros não deveriam ter um salário maior dos que os últimos? Mas o que foi que o Senhor prometeu a todos? Não foi ser cidadão do Seu Reino e ter a consciência da vida eterna? Eu já recebi parte do meu salário, já estou consciente da vida eterna e a morte não me causa o mínimo de temor,  nem para mim nem para os entes mais queridos que estão neste momento perto de mim. Falta a segunda parte que é ser cidadão do Reino de Deus que está sendo construído. Mas essa construção só pode ser realizada se todos estiverem sintonizados com essa ideia, realizando esse trabalho. Portanto, faz parte do trabalho na vinha a convocação que o Pai faz através de nós. O mesmo salário que estamos prometendo aos novos trabalhadores em nome do Pai é aquele mesmo que iremos receber. Mesmo porque o Reino de Deus não pode ser concluído enquanto existir um só irmão perdido nas trevas sem orientação. Nosso dever é ser o Bom Pastor, que deixa suas noventa e nove ovelhas, protegidas, e vai à busca daquela que ainda está desgarrada. O último trabalhador que irá concluir o Reino de Deus deve ser semelhante àquela parábola do filho pródigo onde o mesmo é recebido com tanta alegria. Assim devemos fazer com o último trabalhador, pois é ele que irá concluir o trabalho que iniciamos. Do mesmo modo que ele não pode exigir um salário maior por ser aquele que concluirá o serviço, não devemos ter um salário maior por ser aquele que iniciou o trabalho.

            Vejo com esse raciocínio que eu me aproximo da sabedoria do Pai, começo a ver racionalmente que não é pertinente a exigência de um salário maior para os primeiros trabalhadores, pois o salário prometido está justamente assegurado com a inclusão do último trabalhador.

            Assim devemos ter essa compreensão com os novos trabalhadores que a cada dia chegam à nossa vinha, todos eles são importantes e vão receber, com justiça, um salário igual ao nosso. Cada um pode trabalhar com inteligência e dedicação, sem ciúmes ou intolerâncias, pois cada um tem suas dificuldades, defeitos e virtudes. É esse clima de fraternidade que o Pai deseja que tenhamos para haja harmonia no decorrer do trabalho da vinha. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/08/2014 às 06h45