Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
02/09/2014 18h57
PAÍS DA MENTE

            Fui convidado por Will Durant para visitar o seu “País da Mente”, através do seu último livro: “Heróis da História – Uma breve história da Civilização da antiguidade ao alvorecer da era moderna.” Ele destaca a posição de que são as ideias fomentadas nas diversas civilizações que aprimoram a humanidade, e isso é bem estabelecido pelo tribunal da história. Mistura bem a filosofia com a história e diz que em vez de alguém passar horas em abstrações teóricas sobre uma questão filosófica, como, por exemplo, se a riqueza concentrada nas mãos de uns poucos deveria ou não ser redistribuída entre a população em geral, basta ver que nossa herança humana já tem exemplos concretos mostrando resultados, se esse princípio gerou o que desejávamos ou se precipitou uma catástrofe não prevista.

            Foi sua argumentação sobre a constituição desse “País da Mente” da história humana a qual é apenas um fragmento da biologia, que me trouxe enquanto estudioso do psiquismo, informações valiosas para sustentar e reformar os meus paradigmas. Todo o nosso orgulho do construto psíquico, como Psicologia, Filosofia, Medicina, Matemática, Física, Diplomacia, e qualquer Utopia por mais racional que seja, todas devem se harmonizar com as leis biológicas gerais se quisermos viver em paz e adaptados neste planeta.

            Assim ele constrói o seu “Pais da Mente” há cerca de um milhão de anos antes de Cristo. Depois de muito tempo com o homem vivendo na condição de nômade, foi que ele inventou a agricultura, em 25.000 anos antes de Cristo. Assim podemos ver com clareza que o homem viveu 40 vezes mais como caçador do que como lavrador da terra, vivendo uma vida enraizada. São esse 975.000 anos do passado que ainda continua a desafiar a civilização construída no atual “País da Mente”.

            No estágio da caça, o homem era extremamente ávido e voraz porque precisava ser assim. O seu suprimento de víveres era incerto e, quando ele capturava a presa, precisava comê-la, gostando ou não, até suprir a capacidade máxima do volume do seu estômago, se não a carcaça logo se deterioraria; em muitos casos comia a carne crua, ou “malpassada”, como dizemos. Agora, explica ele, parece que o homem volta ao estágio da caça nos melhores restaurantes. Nesse “País da Mente” está registrado na memória inconsciente as milhares de vezes, naqueles milhares de anos que o homem precisou ser belicoso, sempre pronto a lutar pela comida, pela companheira ou pela vida. Se pudesse teria mais de uma companheira, pois caçar e lutar eram atividades mortalmente perigosas e deixavam um excedente populacional de mulheres em relação aos homens; assim, o macho ainda é polígamo por natureza.

            Isso explica porque nós, homens, temos essas marcas em nosso caráter básico. Mesmo com a característica de civilização que o “País da Mente” tem, a principal função do macho é sair à caça de alimento para a família ou em busca de algo que possa, se necessário, trocar por comida, como dinheiro. Daí tanta corrupção!

            Comprovo tudo isso no “Pais da minha Mente”. Todos esses caracteres que estão enraizados na minha mente tem a sua justificativa nesses milhões de anos do meu passado nômade, do comportamento egoísta e agressivo da infância da minha história. Tudo isso está dentro da Natureza desenvolvida por Deus e agora chega o momento de respeitar tudo isso, mas direcionar o meu comportamento para a construção do Reino de Deus, limpando o “País da Mente” de todo esse atavismo (característica originada de um ancestral evolutivo distante). 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 02/09/2014 às 18h57