Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
03/09/2014 12h55
RECEBER COM JUROS

            Dentro dos meus paradigmas de que tudo que tenho pertence a Deus e que sou apenas o administrador dos recursos que Ele coloca à minha disposição, tem a questão do dinheiro que mantenho na poupança. Quando alguém próximo a mim tem a necessidade e vejo a conveniência, faço o empréstimo e cobro o juro aproximado ao que o banco me pagaria, e que fica em torno de 1%.

            Ficava sempre na minha mente a dúvida se o que eu estava fazendo era correto, cobrar qualquer tipo de juro ao irmão necessitado. Lembrava do passado quando eu estava estudando na graduação e os colegas me emprestavam dinheiro para eu cobrir minhas necessidades e não cobravam juros. Mas o compromisso que eu tinha com eles era de devolver o mesmo valor no mês seguinte ou até mesmo antes de um mês. Isso eu também faço hoje sem cobrar juros, portanto não posso colocar esse passado como justificativa crítica. O que está sendo colocado aqui como dúvida são os valores mais altos que empresto com a proposta de pagamento durante anos. Isso eu nunca tive no passado. É aqui que entra a dúvida, se eu cobro ou não juros nessa nova circunstância.

            Mais uma vez o Mestre Jesus vem em meu auxílio com suas lições, apresentando a Parábola dos Talentos. Dizia Ele que um homem tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. Logo em seguida o que recebeu cinco talentos negociou com eles; fê-los produzir e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebeu dois, ganhou outros dois.  Mas o que recebeu apenas um, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Muito tempo depois, o senhor daqueles servos voltou e pediu-lhes conta. O que recebeu cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco; o que recebeu dois talentos adiantou-se também e disse: eis aqui os dois outros que lucrei. Veio, por fim, o que recebeu só um talento: senhor, disse-lhe, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeastes e recolhes onde não espalhastes. Por isso tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o que te pertence. Respondeu-lhe seu senhor: servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com juros o que é meu.

            Essa Parábola é bastante esclarecedora para a minha dúvida. Eu tenho os recursos do Pai que Ele deixou sob a minha guarda. Não devo deixar enterrado com ninguém, sem receber pelo menos os juros do banco. O ideal é que eu faça com que esses recursos cresçam, como fez aqueles dois primeiros servos que negociaram e ganharam a mesma quantidade de talentos que lhes foram entregues.

            Também serve a Parábola como um chamamento ao desenvolvimento de meus talentos no serviço aos outros e pela causa do Cristo. Conforme as próprias capacidades, cada um deve assumir e desenvolver seus talentos, ministérios, profissões, e empenhar-se em favor dos irmãos. O comodismo e o medo prejudicam o desenvolvimento do Reino de Deus.

            Aquele que nada faz com seus talentos simboliza a pessoa que usa suas posses somente para seu benefício pessoal, empregando-o em atividades e negócios que não contribuem para o bem-estar da comunidade.

            Quem nunca arrisca a fazer coisas novas na comunidade certamente nunca vai errar, mas também nada vai construir.

            Fico assim com o meu senso de justiça satisfeito, pois ao cobrar 1-2% de juro, valor equivalente ao que o banco me cobra, auxilio assim o irmão que não tem condições de tomar empréstimo bancário ou que se encontra preso nas garras da usura, pagando cerca de 10% aos agiotas. Existe também a questão da segurança, da possibilidade da pessoa não honrar os pagamentos, mas nesse caso Deus é o fiador, pois foi Ele que apresentou a pessoa e também as diversas situações para a decisão do meu coração sintonizado com o Amor Incondicional. Seguindo essa linha de conduta, jamais irá haver prejuízos, pois tudo entra na contabilidade do Pai.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 03/09/2014 às 12h55