Vamos lembrar dos 10 mandamentos dados a Moisés no Monte Sinai pelo próprio Deus:
1)Não terás outros deuses diante de mim
2)Não farás para ti imagem esculpida
3)Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão
4)Lembra-te do dia do sábado para o santificar
5)Honra a teu pai e a tua mãe
6)Não matarás
7)Não adulterarás
8)Não furtarás
9)Não dirás falso testemunho contra teu próximo
10)Não cobiçarás a mulher do teu próximo.
Quando perguntaram a Jesus qual era a maior das leis que Deus queria que respeitássemos, Ele disse sem vacilar que seria “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo.” Com essas duas observações Jesus conseguiu atender todas as leis compostas nos 10 mandamentos. Se atendermos as duas observações feitas por Jesus, atenderemos os 10 mandamentos entregues por Moisés. Isso mostra uma evolução de uma lei para a outra, de um legislador para outro. Mesmo falando de um mesmo Ser, Deus, certamente o Deus de Moisés tinha um perfil de exigência muito diferente do Deus de Jesus. E como observamos uma evolução entre as duas formas de legislar, do Amor condicional de Moisés (olho por olho, dente por dente) ao Amor incondicional de Jesus (dar a outra face a quem te bater e perdoar 70 vezes 7), podemos imaginar que essa evolução na forma de legislar poderia voltar a ser necessária, agora que se passaram 2000 anos das lições do Cristo. É um tempo equivalente ao que foi gasto entre Moisés e Jesus.
Tendo a ousadia de estudar as duas leis e propor uma reforma evolutiva para os nossos dias, vou analisar a sétima lei de Moisés, “Não adulterarás”, com o foco da Lei de Cristo, da aplicação do Amor Incondicional acima de qualquer preconceito, lei ou cultura moral. Vou criar uma parábola, como Jesus fazia, para tentar explicar a situação:
Certo dia um homem da vida mundana, que não tinha religião, mas que procurava viver dentro dos princípios da justiça e solidariedade, tal qual aquele “samaritano do Evangelho” conheceu certa mulher casada. Era uma pessoa jovem, bonita, sensual, mas com uma nuvem de melancolia em seu semblante. Ela contou a sua história, vivia triste com o seu marido, pois esse a traia abertamente, e ao mesmo tempo a humilhava dentro de casa e tudo era motivo para ser criticada. De tão perturbada se encontrava que perdeu a sua autoestima, não conseguia mais fazer o seu trabalho e a depressão tomava conta da sua alma. Procurou um padre que a aconselhou rezar e pedir a Deus para suportar a sua cruz; procurou a família que lhe aconselhou a ficar perto do marido, pois ruim com ele, pior sem ele; procurou um psiquiatra que fez uso de remédios para ela suportar a situação e corrigir a doença que já tomava conta da sua mente apesar do torpor que isso provocava. Dizia ela que, apesar da melhora relativa que ocorria, do consolo momentâneo que tinha, não sentia uma recuperação adequada, pois a relação com o marido não tinha nenhuma melhora e ele se recusava a participar de qualquer tratamento ou aconselhamento.
Esse homem de vida mundana não tinha a principio nenhuma cobiça nessa mulher, na mulher do próximo, mas ficou sensibilizado com aquela história. Ele sabia que o comportamento do homem permitia esse tipo de comportamento, de adultério, e que isso era tolerado pela sociedade e até incentivado como um ato de heroísmo, de prova de machismo pelo homem. A mulher, pelo contrário, seria considerada uma vadia e digna de apedrejamento. Esse homem mundano se colocou no lugar daquela mulher, e por empatia passou a sentir o que ela sentia. Aquela sensação de desprezo, de menos valia, de uma pessoa desprezível que não era digna de ser amada. Então esse “samaritano” desenvolveu um carinho, um afeto por essa pessoa que ela sentiu essa energia positiva como um halo de amor em sua volta. Logo o instinto sexual despertou e o “samaritano” conduzindo-o dentro dos limites do Amor, nada fez que prejudicasse essa mulher com seus pudores e respeito as leis que ela aprendera ser importante. Mas ela também foi tocada por esse Amor e da mesma forma que o homem mundano, ela também teve despertado dentro de si os impulsos sexuais. Agora eles já estavam discutindo de forma harmônica se valia a pena eles se envolverem sexualmente, já que ambos desejavam e que traria prazeres aos dois e uma vitalidade muito importante para aquela mulher desprezada. Depois de muito considerarem a situação, decidiram que não estariam cometendo injustiça contra aquele marido, pois igual coisa ele fazia e de forma escancarada que a humilhava tanto. Ela percebia que aquele seu amigo mundano não tinha o desejo exclusivo de usá-la como objeto do prazer e desprezá-la em seguida. Ela sentia que também era amada por ele e que o sexo não iria ser algo vazio. E assim aconteceu. A mulher se envolveu sexualmente pela primeira vez com um homem fora seu marido, cometera adultério. No entanto, aquilo serviu como um bálsamo na sua vida. De repente ela percebera que poderia ser amada, que não era um ser desprezível; percebeu também que seu marido se comportava assim, não exclusivamente por sua causa, e muito mais por sua tendência biológica de atender os seus instintos de macho. Apesar de aprender a amar aquele homem mundano, ela tinha agora uma melhor harmonia no seu casamento, entendia melhor o seu marido que não deixava de ser grosseiro e deselegante, e sabia que podia tomar uma decisão na sua vida, mesmo que não fosse para ser uma nova esposa para aquele homem mundano, pois isso ele deixara claro que não podia acontecer. Passou a ter um novo posicionamento frente a vida, não procurou mais conselhos do padre, da família e deixou de tomar os remédios. Tinha um novo horizonte na sua vida e aquele homem mundano podia fazer parte dele enquanto fosse conveniente para os dois, como haviam combinado desde o início.
Então fica aqui o xeque. Quem aplicou o amor incondicional neste caso? Quem amou ao próximo como se fosse a si mesmo? O sendo de justiça diz que foi aquele homem mundano que se permitiu amar aquela pessoa que se sentia desprezada, a fez recuperar a autoestima, ensinou como funciona a natureza biológica dos gêneros, e a fez reviver como uma pessoa que reassumiu seu auto domínio. E não deixou de ter adultério na questão. Então esse conceito deve ser melhor aplicado para não causar obstáculo para a aplicação do Amor Incondicional, que é a Lei maior que devemos cumprir.