Sei que a felicidade não é deste mundo, já li isto em algum lugar, e aceito a assertiva, pois não conseguirei passar por essa vida sem sofrer de alguma forma. Mas posso procurar atingir o máximo de felicidade que eu tenha capacidade de alcançar. Para conseguir alcançar esse objetivo eu devo evitar que minha mente seja contaminada pelas emoções perturbadoras. Essas emoções decorrem do excesso de autoestima, do apego aos bens materiais, e às pessoas, e do orgulho, entre outros fatores negativos.
O excesso de consideração que me concedo, pode me levar à irritação, ao ciúme, à agressividade, toda vez que os acontecimentos se dão diferentes do que eu espero e suponho merecer.
Eu considero que tenho um bom controle sobre essas emoções perturbadoras, mas aconteceu um evento nesta última semana que tendeu a despertá-las.
Fui convidado por um amigo e colega de trabalho no departamento universitário onde lecionamos, para participar na sua chapa como vice, para coordenar o curso de medicina, com o objetivo de acelerar a criação da Faculdade de Medicina, que vem há anos se arrastando na ideia, sem sair do papel. Na véspera da eleição postei através do e-mail para todos os eleitores os motivos pelos quais eu estava me candidatando com o colega. Logo em seguida eu vi ser postado através de outro colega lotado no Campus Central, da mesma forma que eu fiz usando o e-mail, a plataforma da chapa opositora. Logo surgiu na minha mente o germe da emoção perturbadora, com o excesso de consideração. “Por que ele não me considerou e evitou postar a plataforma da adversária?” Não reconheci o direito que ele tem de decidir pelo melhor candidato na sua avaliação e que não tenho nada a ver com isso. É questão dele com seus princípios, e os meus princípios são colocados no sentido de respeitar tais posições do livre arbítrio do próximo. É o que eu quero para mim, então não devo negar isso a ninguém. Devo evitar que esse excesso de consideração que o ego exige não se desenvolva na minha mente. Tenho que cortar tal mal pela raiz. Não devo deixar que isso evolua para a irritação, ao ciúme e à agressividade, alegando que eu não mereço tal consideração. Confesso que a irritação e o ciúme ainda chegaram a se manifestar no palco da mente, mas como eu procurei não alimentá-los com a reverberação do pensamento de que não fui devidamente considerado, ele se esvaiu com o tempo. Agora mesmo ao digitar esse texto, percebo que não existe nenhum resquício dessas emoções perturbadoras que ainda esboçaram entrar na minha mente. Não deixei que o orgulho me intoxicasse e me levasse a pressuposição de ser credenciado pela vida a ocupar uma situação privilegiada e ser alguém especial, merecedor de homenagens e honrarias, em detrimento dos demais.
Devo ficar sempre vigilante a qualquer ocorrência que se apresente contrário a esses desejos gerados pelo ego, pois isso causará a instalação das emoções perturbadoras que terminará levando a desequilíbrio de largo porte.
Não há nada que eu não possa me acostumar com o tempo, tenho que exercer esse autocontrole para evitar o germinar de emoções perturbadoras. É um treinamento íntimo que criará dentro de mim novos condicionamentos, que me ajudarão na formação de uma conduta ditosa e tranquila.
Acredito que eu já tenha entrado nesta minha nova vida atual com uma série de condicionamentos que já estou executando agora. Só assim eu posso explicar porque foi que consegui com relativa facilidade desenvolver o Amor incondicional em minha vida, enquanto vejo a maioria das pessoas com tanta dificuldade em fazer isso. Certamente em outra existência que eu venha a experimentar, devo trazer comigo já em forma de condicionamentos espirituais, a conquista sobre as emoções perturbadoras que eu alcançar agora.