Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
15/09/2014 23h59
APELIDOS

            Interessante como o mundo está a nos ensinar constantemente. Nele existem diversos professores, de todas as áreas de todas as inclinações. Depende da sintonia da nossa alma para escolher quais dos professores devemos nos aproximar e aos quais seguir suas lições. Já fiz minha decisão de evoluir no mundo espiritual ao invés de ficar marcando passo com os valores efêmeros do mundo material. E nesse contexto o meu professor mais graduado é o Mestre Jesus, do qual recebo lições diretas ou indiretas, através de pessoas como eu, que escrevem os seus pensamentos sintonizados com as lições do Amor Incondicional transmitidas pelo Mestre. E o resultado desse aprendizado constante é que a cada dia eu sinto que o meu psiquismo se ajusta de forma mais conveniente ás diversas lições e tenho uma melhor percepção de como elas aconteceram, tanto agora como no passado.

            Tudo isso é para mostrar ao meu leitor, com o qual tenho compromisso de mostrar esse passo-a-passo consciencial e comportamental; uma mudança que identifico chegar agora na consciência com uma maior clareza de sua função no meu psiquismo. É o que diz respeito aos apelidos. Uma atitude criada por muitos, quase sempre para ironizar o próximo e causar nele reações divertidas. Confesso que gosto de me divertir com essas situações, mesmo sabendo que não é correto provocar assim os outros. Mas de certa forma essas pessoas que reagem de forma negativa e divertida, terminam por mostrar o que existe nas suas essências, e pagar assim o seu preço. Por mais que eu ficasse chateado com os apelidos que colocavam em mim de forma irônica, quando eu era ainda uma criança, quando eu era bem mais jovem, lembro que jamais eu reagi de forma tão negativa como eu vejo aqueles que são atingidos pelo humor de Mução reagirem. A minha tendência era a de sofrer calado a força do impacto da ironia, sofrer calado os risos e chacotas que surgiam nesse momento tão prazeroso para os meus “amigos”. Essa minha atitude prevenia que eu não entrasse num clima de desarmonia tal que proporcionasse a minha entrada no campo da agressividade, da violência, da vingança. Até porque tudo na vida tem um sentido, mesmo que não possamos percebê-lo de uma primeira vez.

            Assim acredito que aconteceu com os apelidos que recebi desde cedo na vida. O primeiro foi “Dr. Satã”, uma forma engraçada de me comparar com um personagem do filme “O satânico Dr. Nô”. Não lembro bem como era esse filme ou série, sei que devido a minha semelhança com o ator eu ganhei essa alcunha. Satã ou Lúcifer, tem relação com o anjo caído das graças de Deus. Com o significado de “adversário” ou “portador da luz”, segundo a mitologia, perdeu a companhia de Deus por querer ensinar sobre o bem e o mal aos homens, como está escrito em Gênesis, o primeiro livro da Bíblia. Talvez esse primeiro apelido tenha vindo para despertar o meu psiquismo, não para ser adversário de Deus, mas sim ter o meu corpo que é o templo de Deus como o meu grande adversário, cumprindo a vontade do próprio Deus. Assim, sou uma espécie de adversário, de acusador, de Satã, para o meu corpo, mesmo que o respeite como expressão do próprio Deus sobre o meu domínio. Devo também levar a luz desse conhecimento aos meus irmãos, como Lúcifer tentou fazer com a humanidade. O trabalho com este diário serve a esse objetivo.

            O segundo apelido, esse foi obtido mais tarde quando eu estava servindo ao Serviço Militar, engajado na Marinha do Brasil. Nessa ocasião, por eu destoar dos demais colegas de farda, que gostavam de farras, bebedeiras e mulheres, acrescido do fato de meus olhos grandes e mortiços, característicos do povo da Índia, fui apelidado de “Já Morreu”. Como acontecia quando criança, suportei o peso da ironia sem despertar comportamento agressivo e dentro de minhas características de solidariedade, de apoiar os mais fracos, mesmo não sendo tão forte, terminei como companheiro de quarto de outro jovem ridicularizado pelo apelido de “Cheira Pomba”. Apesar de nessa época eu procurar desesperadamente a ajuda de Deus, de entrar em igrejas evangélicas, de ler livros os mais diversos, eu não conseguia entender o significado mais profundo desse apelido que hoje eu compreendo ter tido uma mensagem visionária para mim. Não é que eu tenha morrido materialmente, que o meu corpo esteja deteriorado e que eu fique caminhando como um zumbi, o que a ironia dos colegas podia querer fazer compreender. Mas o que eles não sabiam por suas ignorâncias das leis espirituais, e talvez nunca venham a conhecer, é que eles foram instrumentos de Deus para dizer o que eu iria ser ao assumir fazer a Sua vontade. Eu iria fazer morrer dentro de mim o homem velho, iria viver neste mundo, mas não seria mais deste mundo. Nunca um apelido seria para mim uma espécie de coroação frente ao Pai, ao ser reconhecido por mim, por todos e por Deus, que realmente eu atingi esse estágio que o Cristo nos ensinou a alcançar: o de “Já Morreu”!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/09/2014 às 23h59