Quando ficamos à serviço do Pai não cabe em nossas ações preconceitos de qualquer tipo. Devemos seguir a vontade de Deus respeitando a condição de ente da Natureza na qual Ele nos colocou. E dentro da Natureza, cada ser vivo, especialmente os humanos, têm um papel individual, único, que não deve ser manietado por quaisquer conveniências externas, de terceiros que também têm seus deveres, sem por isso ter o direito de atrapalhar o dever ou missão de ninguém para implementar o seu.
No contexto humano, as mulheres por ser o lado físico mais fraco, sofreram e ainda sofrem uma série de restrições às suas liberdades, na forma de preconceitos, leis e normas culturais. No tempo de Jesus isso era mais pronunciado. No próprio campo religioso as mulheres não podiam se manifestar e muito menos se destacar. Jesus foi o primeiro a quebrar correntes culturais que aprisionavam as mulheres. Permitiu que caminhassem com Ele ou que o ajudassem dentro de suas possibilidades, inclusive a financeira. Podemos listar algumas dessas mulheres como Maria chamada Madalena da qual saíra sete demônios; Joana mulher de Cuza, procurador de Herodes; Marta e Maria, irmãs de Lázaro; Suzana e muitas outras. Todas tiveram um papel importante na divulgação do Reino de Deus e nos ensinamentos do Amor Incondicional.
Hoje, 2000 anos depois desses ensinamentos, eu estou aqui na condição de Seu discípulo. E querendo seguir os seus passos. É desejo de todo Mestre que o discípulo atinja a competência máxima de suas lições, e até chegue a superá-lo. Sei que não tenho a bagagem espiritual para superar o Mestre, pois isso depende de séculos de evolução que o Cristo já percorreu na minha frente, mas posso me esforçar para chegar perto dEle, indo até o limite das minhas forças.
A minha missão agora é de tentar fazer a construção do Reino de Deus, agir focado nesse objetivo que já está devidamente ensinado. Também desta vez as mulheres têm um papel importante na construção da família ampliada como protótipo da família universal. Também desta vez os preconceitos impedem a liberdade das mulheres como seres ativos, protagonistas da construção da sociedade solidária, fraterna, mas que se contrapõe à cultura estabelecida, onde a mulher continua a ser vista como um objeto de prazer ou um ser subserviente. Além dos instintos biológicos que privilegiam atitudes egoístas, existem os preconceitos incorporados como valores invariáveis, que até mesmo agridem aqueles que têm vontade de se contrapor a essas barreiras, reconhecendo a verdade que existe na construção desse Reino de Deus.
Mas sigo os passos do Mestre, acolho dentro do meu projeto de vida todas as mulheres que o Pai envia para mim, com suas mais diversas características. A senha para reconhecer que esse envio foi feito, que essa pessoa pode construir também nesse projeto, é quando o coração dispara uma onda de afeto que extrapola o simples dever de agir como um irmão para com o próximo.
Vejo que nesse novo apostolado feminino as mulheres continuam sendo as mais atingidas, tanto pelos preconceitos externos quanto pelos instintos internos. Toda essa pressão exerce um efeito considerável sobre a intenção de ser uma das construtoras desse reino de solidariedade, longe do egoísmo animal, perto da fraternidade angelical. Até hoje, mesmo tendo conhecido e me envolvido com tantas mulheres que o Pai me enviou, não encontrei ainda aquela tão sintonizada com esse projeto de Reino de Deus, com a consciência tão clara da necessidade da construção da família universal, quanto eu. Chego até mesmo a pensar de forma solidária e educativa quanto as dificuldades que elas apresentam, para assim ensinar como deveria ser: ah, se eu fosse mulher!