Quando tomei conhecimento do Evangelho e aprofundei o estudo com a mente e principalmente com o coração, senti a motivação de seguir essas lições com a maior honestidade possível. Cada pessoa tem uma forma de ser chamada, uma missão a cumprir dentro dos relacionamentos humanos, mas sempre com essa característica de seguir ao Senhor.
Essa decisão de seguir ao Senhor não é uma coisa fácil de fazer. Aparentemente parece ser tão simples, mas não é assim. Logo, tendo o Mestre como modelo em nossa caminhada, vamos verificar que Ele não tinha casa, não tinha bens materiais, parecia ser mais indigente que os animais brutos, pois a raposa tem covas, e as aves do céu tem ninhos, mas o Filho do Homem não tinha onde reclinar a cabeça. Caso a pessoa sinta a necessidade de enterrar o seu pai, logo o Mestre o adverte para deixar que os mortos enterrem os seus mortos, e que deve sim, divulgar o Reino de Deus. Se a pessoa pede para antes de segui-lO ir se despedir dos pais, dos que estão em sua casa, logo o Mestre adverte, que aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é digno do Reino de Deus.
É bom saber de tudo isso antes de tomar a decisão de seguir ao Senhor, pois posso ser rejeitado por Ele. É bom saber que não devo ir atrás dos bens materiais como objetivos de minha vida, como casas, carros, conta bancária, etc. O caminhante dos caminhos do Senhor deve ir munido apenas de sua convicção de divulgar e aplicar o Amor Incondicional, de construir o Reino de Deus. Até o interesse com a parentela, inclusive de enterrar os seus mortos, deve ser deixado como tarefa para os que ficam associados a esses valores.
Então, se eu sei que estou à serviço do Senhor, cumprindo a vontade de Deus, por que tenho que voltar à minha casa e pedir a opinião de meus familiares e amigos? Será que eu irei respeitar essa opinião se for contrária a que Deus colocou em minha consciência? Seria hipocrisia da minha parte com os meus parentes e amigos, fingir que poderei acatar a opinião deles quando de fato isso não sucederá, pois já decidi fazer a vontade de Deus. O que posso fazer quando a circunstância chegar é dizer qual o plano que Deus colocou em minha vida e a minha convicção em aceitá-lo e cumpri-lo. Não deverei dizer isso com arrogância, mas de forma didática e com o Amor do qual este plano está impregnado. Por mais estranho que pareça, por mais que afronte as normas culturais ou legislações preconceituosas, mas deverei ter a consciência de apontar a sintonia com a Lei do Amor que é a maior de todas as leis e é a que Jesus nos ensinou e que o Pai espera que eu possa cumprir.
Fazendo assim com clareza suficiente, todos que estão ao meu redor poderão também perceber quais são os meus objetivos na vida e que cabe a eles respeitarem ou não. Saberão até onde poderão me fazer convites, pois ao aceitar eles também devem enfrentar o peso das críticas. Não quer dizer que essa minha postura firme e coerente com a vontade de Deus não venha me trazer sofrimento. Quando eu passo a agir assim, eu me distancio deste mundo material com todas as suas regras preconceituosas e dogmáticas e entro no Reino do Espírito. Mas como estou ligado a Terra e envolvido com os diversos tipos de relacionamentos, principalmente os afetivos onde eu coloco tanta carga de Amor, sinto no coração o constrangimento de não ser reconhecido devido ter escolhido ser quem eu sou. Como um exemplo disso que estou afirmando, lembro do casamento do meu filho. Em todas as expressões de agradecimento à sua formação intelectual e pessoal, não fui citado. Foi passado um vídeo onde cada um dos noivos destacavam o papel das mães em suas formações, mas os pais não foram citados. Acredito ainda que isso tenha sido até um esforço da parte do meu filho para que o pai da noiva também não fosse citado com o destaque que ele também merecia na formação da filha, e eu agradeço por isso, senão a minha dor seria ainda maior. Mesmo assim eu não deixaria transparecer para ninguém, como não deixei, o sofrimento que se abrigava em meu coração, não pelo reconhecimento de minha ação paterna que todos os pais devem ter, mas pelo grau de amadurecimento da consciência dele que não percebe a dimensão do que ocorreu. Se fosse eu no lugar dele entenderia tudo e agiria de forma diferente, mas isso também não é culpa dele. Eu mesmo só vim a entender com mais clareza o que o Pai estava querendo de mim com muito tempo. Na maioria das vezes eu era um instrumento cego do objetivo que eu deveria alcançar, agia sintonizado no Amor e na Justiça, e isso foi o que permitiu o meu amadurecimento e ter alcançado esse patamar de compreensão.
Por tudo isso hoje eu entendo a dificuldade de compreensão dos meus companheiros no sentido de se manter dentro da vontade de Deus. Tenho somente que repetir o conselho dado por Jesus: “Se fostes capaz de pegar no arado para fazer o trabalho necessário, tenhas coragem, não olhes para trás como a esposa de Lot.”