Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
05/10/2014 00h01
BÊNÇÃO E PROVA

            Ser escolhido por Deus é uma bênção e ao mesmo tempo uma prova. Eu vivia tão confortável com esposa e filhos, e de repente Deus coloca na minha mente, no início de forma sutil, que eu deveria sair dessa situação, deveria deixar a “manada” e procurar novos pastos, a terra prometida, o Reino dos Céus. Deixou em minha mente um forte senso de justiça e despertou no meu corpo os instintos biológicos que Ele criou para a reprodução da espécie. A consequência disso foi que eu quebrei os paradigmas sociais do casamento tradicional e deixei livre o Amor Incondicional com base nas lições do Cristo. Somente mais adiante, quando a minha ignorância foi um pouco diluída, à força de tanto ensinamentos espirituais, que reconheci ter sido escolhido por Deus para colocar avante esse projeto de Família Universal e quebrar os paradigmas da família tradicional.

            Posso considerar uma bênção ser reconhecido pelo Pai para levar adiante tão importante projeto, mas por outro lado sei que estou em constante prova para garantir a fé que tenho nEle, assim como Ele exigiu provação à Abraão. Mas sei também que Ele sabe do forte senso de Justiça que eu possuo e que num teste de matar o próprio filho eu acredito que não passaria. Mas o Senhor é sábio e não vai me dar uma prova como esta, uma prova que se eu for reprovado estarei ressaltando valores de Justiça que está associada ao Amor e que esta é a Sua essência. Então comigo a prova seria diferente. A minha prova consiste em sair da zona de conforto e deixar a preguiça e o ócio, e fazer o trabalho que é necessário para o estabelecimento do Reino de Deus.

            Mas... eu penso assim, que pela Justiça sou mais perfeito que Abraão? Mas, ele pela fé se mostrou mais próximo de Deus. O meu argumento de que a Justiça é derivada do Amor, e que o Amor é a essência do próprio Deus tem alguma falha? Pois, quando Deus impede que o sacrifício do filho de Abraão seja consumado no último segundo, Ele preservou Abraão de cometer um crime e deixou-o sair ileso. Quando eu não obedeço a ordem do Senhor, amparado na Justiça que tenho na consciência, não poderia estar errado? Já que eu sou falho e Deus é perfeito? Abraão não estaria correto ao obedecer ao ser “perfeito” e ignorar a vontade dele por ser “imperfeito”? Por outro lado, isso tudo não seria um delírio? E se a voz e a visão não tivessem salvado o meu filho? Chego então a uma conclusão: para que eu tenha fé é necessário que eu tenha o meu psiquismo íntegro para não correr riscos de cometer graves erros seguindo ilusões ou alucinações.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 05/10/2014 às 00h01