São Francisco de Assis era devoto da Santa Cruz do Cristo, por isso adotou o “Tau” e recomendava o seu uso. O “Tau” é uma cruz estilizada com a forma da letra grega Tau (T). Além de ser um símbolo bíblico é a última letra do alfabeto hebraico e a 19ª do grego, derivada dos fenícios e correspondente ao “T” em português. O Tau é a mais antiga grafia em forma de cruz e significa Verdade, Palavra, Luz Poder e Força da mente direcionada para um grande bem. O Tau é a convergência das duas linhas: verticalidade e horizontalidade, significam o encontro entre o Céu e a Terra, entre o Divino e o Humano. Em 1215 o Papa Inocêncio III prega a criação de um novo símbolo cristão e São Francisco, estando presente nesta reunião, assume o Tau como símbolo de sua Ordem Religiosa: a Ordem dos Frades Menores. Santa Clara tratava dos doentes com a imposição do Tau, invocava a Deus para que curasse aqueles que padeciam.
Os três nós que se encontram no cordão do Tau significam três votos: Castidade, Obediência e Pobreza. Esses três votos tinham um sentido na Idade Média quando foram construídos: não sexo; não autonomia; e não bens materiais. Mas hoje, na Idade Moderna, em plena Era Tecnológica, do mundo informatizado e globalizado, será que o sentido continua sendo o mesmo? Vou verificar esses três termos com os óculos da visão moderna e associados com o Amor Incondicional que deve ser aplicado nos relacionamentos mais diversos, como forma de contribuirmos para a construção do Reino de Deus.
Castidade é considerada simplesmente a abstinência sexual, mas podemos aplicar o conceito dentro da lei do Amor Incondicional, como deve ser feito em qualquer tipo de relacionamento humano. A Natureza feita por Deus, inclusive os impulsos sexuais associados ao prazer que visa a reprodução e a permanência da vida, não podem simplesmente ser abolidos como forma de atingir a pureza. Se todos fizessem isso a humanidade desapareceria dentro de 100 anos. Tanto o homem como a mulher são necessários na interação sexual para que a vida prossiga, e assim a vontade de Deus. Então, é da vontade de Deus que façamos o sexo; a Castidade como sinônimo de abstinência sexual é um desvio da Natureza, da lei de Deus. O que podemos observar com cuidado é o bem estar do parceiro. Para o sexo natural ser realizado é necessária a interação de dois parceiros. A orientação do Cristo agora é da máxima importância para que o sexo não se desvie do caminho divino: “Não fazer ao próximo o que eu não quero que façam a mim”, ou “Fazer ao próximo o que gostaria que fizessem a mim”. Esta é a bússola comportamental perfeita que o Mestre nos ensinou para que não me perca na incoerência com o Amor. O ponto de partida é “amar ao próximo como eu amo a mim mesmo”, portanto tenho que me amar para poder amar a quem quer que seja. Não posso ficar amarrado a nenhuma instância legal, cultural ou preconceituosa que impeça esses movimentos. Portanto o casamento com suas regras de exclusividade fica definitivamente abolido, pois implica em cercear minha liberdade e evitar que a existência desses relacionamentos afetivos e amorosos cheguem até mim. A Castidade dentro dessa conotação do Amor Incondicional vai existir como sendo a abstinência do sexo que não obedeça a essa lei e não de uma abstinência completa do sexo.
Resolvendo essa questão da Castidade, os outros dois aspectos dos nós do Tau, Obediência e Pobreza, ficam resolvidos. A Obediência maior é seguir a Lei de Deus colocada na minha consciência e exposta na Natureza. A Pobreza implica em não acumular bens de qualquer espécie em detrimento do meu bem estar ou do bem estar do próximo.
Assim, o uso do Tau adquire uma significância bem mais ampla, dentro da força principal da Natureza, que é a força dos instintos sexuais que passam a ser melhor entendidos e controlados na obediência do Amor Incondicional, mesmo que em algum momento se forme na relação sentimentos do amor romântico.