Para mim o Amor é tão simples de ensinar e praticar... isso quando estou funcionando dentro de minhas diretrizes cognitivas, dos meus paradigmas conceituais. No entanto, quando entro em contato com outras formas de interpretações do Amor, mesmo que seja feita por pessoas que sintonizam com a liberdade, com a justiça, com a transparência, da mesma forma que eu, mesmo assim sinto muita dificuldade em colocar o meu pensamento sobre o Amor de forma que corrija caminhos equivocados.
Isso aconteceu no encontro que tive com minha amiga que mora em Brasília e que nos ciceroneou na noite de ontem. Sentamos num barzinho para assistir uma apresentação de chorinhos, no Clube do Choro de Brasília. Ela passou a discorrer da sua tese que desenvolve sobre o Amor e fez críticas a pensadores como Platão e Sócrates. Cita autores novos com os quais desenvolve o pensamento central de sua Tese e do trabalho que realiza com mulheres grávidas. Eu sinto que o seu caminho segue diferente do meu, apesar de eu não encontrar paradoxos que inviabilize a forma de pensar. Tentei ainda colocar as linhas gerais do meu pensamento como forma de levantar algum paradoxo entre o meu e o pensamento dela. Notei que o pensamento que exibi foi muito bem absorvido pelo pensamento dela, mas a linha que eu sigo é totalmente diferente, no aspecto da prioridade que eu dou aos interesses espirituais, em contraponto ao valor que ela dá aos interesses corporais.
No entanto, apesar de minha segurança naquilo que eu percebo como verdade e que coloco os interesses evolutivos que devemos ter em ambos os aspectos da vida, não consegui deixar bem claro uma diretriz onde ela pudesse perceber a fragilidade do seu pensamento, se tal realmente existe. Os argumentos que ela coloca são racionais e coerentes com o seu pensamento. Isso implica que existem argumentos os mais diversos onde a expressão do Amor pode se manifestar. Mesmo sabendo que existe apenas uma verdade e que os derivativos dessa verdade em algum aspecto se tornam inferiores ou superiores uns aos outros, numa verdadeira rede de complexidade na construção dessa hierarquia de valores.
Sinto-me frustrado quando não consigo colocar com clareza aquilo que eu percebo como verdade, não encontro os argumentos necessários para sustentar a minha tese. Mesmo que, se devido a isso, eu fosse perseguido e machucado como aconteceu com Jesus. O Mestre colocou com sabedoria toda a verdade que veio ensinar, e, no entanto, as pessoas não compreenderam que tipo de Amor era esse que ele dizia ser o cimento de construção do Reino de Deus. Tanto é verdade que numa votação entre Ele e um assassino confesso, as pessoas possuidoras do poder temporal, os sacerdotes de Sua religião, principalmente, fizeram tudo para que à força dos cargos e de dinheiro distribuídos votassem contra Ele e a favor de Barrabás. A simplicidade com que Jesus ensinou o Amor adquiriu tal complexidade que nenhuma daquelas pessoas que votaram em sua crucificação sabia o que era isso.
Até hoje esse Amor que Jesus ensinou não consegue ser praticado devido a complexidade de leis e regulamentos que impedem a liberdade do homem. Tudo bem que essas leis e regulamentos devam existir para conter o egoísmo de muitos homens que ainda vivem num clima de selvageria. Mas hoje, num mundo civilizado onde encontramos pessoas bem educadas em todos os ramos do conhecimento humano, ainda observamos eleições conduzidas com o mesmo critério dos tempos de Barrabás. Os votos são influenciados pelos cargos oferecidos ou dinheiros distribuídos entre os eleitores. O Amor que Jesus ensinou está perdido num emaranhado de complexidades onde os condicionamentos são os fatores que distorcem a verdade, seja para que lado for.