Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/10/2014 00h59
SEXO E MORAL

            Fundamentado na ética do Amor, devo ter um comportamento sexual com higiene moral e respeito indispensável ao exercício dessa função dentro de padrões equilibrados. Dessa forma constituo a atividade sexual como um elemento proporcionador de saúde e bem estar, desde que consiga evitar o seu atrelamento a qualquer outra força, romântica, financeira, cultural, etc. A atividade sexual deve obediência exclusiva ao Amor Incondicional e a nenhuma outra força deve se dobrar, nem mesmo aos atavismos milenares que controlam o comportamento humano desde o tempo das cavernas. Sabemos através de Freud da existência de dois impulsos básicos que controlam a existência biológica os quais denominou de Eros e Tânatos. O primeiro defende a conservação da vida que através da libido garante o impositivo da procriação; o segundo atua no inconsciente como força dominadora que reconhece a necessidade da morte física para que a engenharia mecânica dos corpos funcione dentro de um caminho evolutivo que engloba todos os seres.

            Melanie Klein descobriu algo surpreendente com o recém-nascido. Desde o ato inicial da alimentação ele demonstra também ter ciúme do peito materno, sua fonte de vida, num comportamento destrutivo, confirmando as duas pulsões descritas por Freud. O seio que sustenta a existência proporciona, ao mesmo tempo, o medo de perdê-lo, num conflito que se prolongará por toda vida e que vai contribuir mais tarde para as dificuldades de adaptação e equilíbrio.

            Jung, no entanto, procurando penetrar no inconsciente humano para tentar encontrar as formas de sair desse conflito e atingir um estado de plenitude, onde sejamos autossuficientes sem sofrer os efeitos do medo da perda, do ciúme, da raiva, da agressividade, vai identificar os arquétipos. São as heranças primitivas mais remotas nos quais estão incrustados os fenômenos conflitivos, as aspirações e lutas pela sobrevivência; a ânsia de libertação na busca do estado numinoso, de respeito frente ao Universo, um estado religioso da alma. Era a isto que Jesus Cristo se referia quando dizia que “A Verdade vos libertará”. Quando passamos a conhecer essas forças, observamos que elas são poderosas no sentido de garantir a sobrevivência do corpo físico, mas acima do corpo físico existe a alma, instância imortal, que não tem a necessidade dessa sobrevivência, e sim de aprendizado moral. Não devo deixar que essas forças atávicas dominem a minha consciência e eu esqueça do principal, da educação da minha alma. Não posso deixar que predominem em mim os instintos agressivos, segundo Alfred Adler, que estabelecia como fundamentais o meio social e a tensão contínua do individuo em alcançar os objetivos essências para a sua vida corporal mediante a conquista do poder, do aparecer, do triunfar.   

A função sexual é um elemento central nessa disputa de forças e é essencial para a aquisição de uma existência harmônica ou entorpecida pelos desassossegos e transtornos que chegam a ser neuróticos ou psicóticos.

Vou buscar no espiritismo que é preocupado com a evolução moral, uma visão tríplice para a minha existência: Espírito, perispírito e corpo físico. Vou concentrar minha atenção no Espírito que é o ente imortal que necessita de instruções para a evolução moral em direção a Deus. O perispírito é apenas uma ferramenta de acoplamento ao corpo físico, e este é o instrumento que foi colocado à minha disposição para que eu receba as lições necessárias ao meu grau de instrução. É como se fosse uma escola onde a cada dia recebo lições e tenho oportunidade de comprovar o meu aprendizado de acordo com minhas ações práticas.

Compreendo assim a função sexual dentro de um planejamento moral superior, comandado pelo Amor Incondicional. Reconheço a sua importância como fonte da vida pelo “milagre” da reprodução. Vem acompanhada pelo prazer intenso do orgasmo e suas variáveis e por esse motivo se torna necessário uma ética-moral para evitar os exageros motivados pelos instintos biológicos. O uso da razão e do discernimento são os grandes aliados da consciência, que me capacita a viver com a função sexual, mas não exclusivamente para ela ou sem ela.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/10/2014 às 00h59