Ora, o que é a verdade? Posso começar assim esta reflexão. Verdade é aquilo que acontece dentro da realidade, que pode ser percebido por todos, que causa efeito em todos. Portanto, é algo que pode ser produzido por mim e também pelos outros; é algo que existe na Natureza, que já existiu ou que pode vir existir. A verdade pode ser criada a partir do meu campo mental, da minha consciência e pode ou não ter uma correspondência com a verdade externa comum a todos. A minha verdade interna pode ser exposta na forma de opinião e pode se confrontar com a verdade do outro que pode ter opinião diferente. Dentro dos meandros dos pensamentos que existem em cada mente, é impossível que uma mente alinhe os seus pensamentos de forma idêntica à outra mente. Mesmo que as duas pessoas sejam gêmeas idênticas, a sua percepção do mundo interno e externo são necessariamente diferentes. Esta captação de estímulos diferentes, mesmo que provindos de uma mesma realidade externa, pode causar na mente das diversas pessoas convicções sobre a verdade e que são bastante induzidas pelas motivações individuais, egóicas. Isso pode causar uma distorção, consciente ou inconsciente, na formatação da verdade individual que cada pessoa faz a cada momento.
Essas reflexões explicam porque eu penso de certa forma e em algum momento eu desvio meu comportamento para outro tipo de ação que sinto ser mais condizente com o que minha mente reprogramou tendo em vista novos dados da realidade externa ou interna que foram captados. Não é que com isso eu me torne uma pessoa frívola, que não tenha uma posição definida. Não, é o contrário! A minha posição é firme no sentido de seguir a Verdade da forma mais coerente, com a realidade externa, com meus pensamentos e sentimentos. Mesmo que isso me leve de encontro à opinião contrária de meus colegas, amigos e parentes, e por causa disso eu me torne isolado, que viva sozinho, por não compactuar, por não conviver com aquilo que considero desarmônico com a verdade que engendrei.
Estarei errado agindo assim? Acredito que não. Errado eu estaria se considerasse tal atitude correta e não a seguisse. Sei que isso pode parecer profundamente egoísta, de não considerar o pensamento e sentimento de pessoas queridas... Mas eu considero e até respeito, mas não posso seguir uma verdade que não é minha, por mais próxima que seja essa pessoa: mãe, pai, filho, amigo, etc. Fatalmente eu irei entrar em conflito com a opinião de algumas dessas pessoas, ou melhor, irei entrar em conflito em algum momento com todas. É necessário que eu tenha maturidade consciencial de reconhecer toda esta dinâmica e respeitar a opinião de todos ao meu redor, entendendo que todos estão convictos de expressarem uma verdade, de acordo com suas motivações. Respeitar e não seguir, se necessário me afastar ou não tocar no assunto para não trazer constrangimento para um ou para o outro.
Fiz todo esse preâmbulo para justificar o meu comportamento na vida pessoal, íntima, e na vida pública, coletiva. Foi no garimpo de assertivas que considerei corretas que passei a defender com prioridade a aplicação do Amor Incondicional em todos os meus relacionamentos. Isso fez com que o amor romântico ficasse em segundo plano e a estrutura do meu casamento que era baseado nesse amor, desmoronasse e a família nuclear que eu estava consolidando passou a adquirir para mim características de uma família ampliada, mais próxima da família universal, aquela que o Cristo ensinou que seria a base social do Reino de Deus.
No campo político, eu havia votado no PT para substituir o governo do PSDB. No momento que o PT, no governo, promoveu o pagamento de parlamentares com dinheiro público, para votar de acordo com os seus interesses, eu considerei que essa verdade que veio à tona não era compatível com a verdade formatada em minha consciência, com o meu apoio. Na eleição seguinte votei no seu opositor e assim fiz até esta atual eleição de 26-10-14, onde os ânimos ficaram muito mais exaltados e a Verdade muito mais corrompida.