Quando procuro realizar as ações necessárias para atingir as minhas metas de vida, vejo que é necessário realizar um trabalho extra. Esse trabalho extra é o que exige um esforço extra do meu espírito para acionar o meu corpo, além da sua rotina laborativa.
Tenho compromissos materiais e espirituais. Os compromissos materiais foram adquiridos ao longo de minha formação e amadurecimento cognitivo e hoje eles são conduzidos pela responsabilidade. Sei que assumo trabalho extra com vista a obter recursos extras para cobrir novas responsabilidades que vou assumindo comigo e principalmente com terceiros, com os filhos em primeiríssima instância. Foram estes os seres que vieram ao mundo devido minhas ações afetivas e com os quais assumi responsabilidade com os seus projetos de vida sem, no entanto, desviar dos meus próprios projetos de vida.
Assumi mais tardiamente compromissos de ordem espiritual, quando descobri a existência do mundo espiritual e sua prevalência sobre o mundo material. Reconheci a liderança cognitiva e espiritual de Jesus e reconheci a coerência dos Seus ensinamentos sobre a natureza do Pai primordial, e a criação de um Reino dos Céus que será viabilizado com o decorrer da nossa evolução.
Para colocar todas essas perspectivas em andamento são necessários o trabalho da mente e do corpo, através do acionamento da vontade pelo livre arbítrio. Nesse processo me deparo com as necessidades do corpo que não pode trabalhar ininterruptamente, precisa de repouso para recuperar as energias. Surge assim a preguiça associada a essa necessidade e faz o tempo de repouso ficar mais constante e mais prolongado.
Sei que meus mais severos adversários são aqueles que estão dentro de mim. Todas as forças instintivas associadas ao ego, a instância psíquica que representa os interesses do corpo. A preguiça é uma dessas forças e se opõe ao trabalho que devo realizar para cumprir o que meu espírito decidiu como correto.
A Bíblia ensina que o próprio Deus descansou no sétimo dia, após ter criado todo o Universo. Isso sinaliza a importância do descanso. Por outro lado, Jesus não obedece aos preceitos hebreus de respeitar o sábado como o dia destinado ao descanso, conforme a interpretação da Lei de Deus segundo eles. Isso coloca na minha compreensão, que o repouso é importante, está dentro da Lei de Deus e tenho que obedecer. Mas devo forçar a realização do trabalho que tenho de fazer o quanto for possível, para não deixar margem de controle para a preguiça sobre mim.
A conclusão, enfim, que chego nesse momento é que existe uma luta surda dentro de mim com relação ao trabalho que devo fazer e a preguiça que tenta extrapolar a necessidade de repouso do meu corpo. Até agora eu pressinto que a preguiça tem maior número de vitória no prolongamento do meu descanso, do que meu espírito no forçar um trabalho que precisa ser realizado.
Parece que a forma que o Pai encontrou para me ajudar a vencer essa disputa com a preguiça, é deixar dentro de minha consciência ordens para realizar atividades que necessariamente vai exigir um trabalho. E isso sempre está acontecendo. Algumas vezes essas ordens terminam se diluindo ao longo de minhas atividades e momentos de preguiça, mas logo outras surgem de acordo com as circunstâncias do momento. Claro, se eu deixo essas ordens sempre se dissiparem sem eu as assumir com vigor, isso é uma demonstração da minha fraqueza, e que eu necessitarei de outra encarnação para tentar melhorar essa falha na minha capacidade espiritual. Mas não me darei por vencido, enquanto sentir energias correrem em minhas veias, vou sempre observar as ordens do Pai e procurar empreendê-las sempre que possível, forçando sempre um trabalho extra, até mesmo para compensar o repouso estendido pela preguiça.