Procuro entender com certo rigor metodológico tudo o que se passa em minha consciência, mesmo sabendo que estou lidando com um terreno pantanoso, que não posso querer encontrar certezas definitivas. O que me alenta é que sei da existência da Verdade e que ela é quem pode me libertar dos grilhões da ignorância. Então a minha consciência deve ser o instrumento que devo usar para essa busca, sem correr o risco de cair em armadilhas instransponíveis por diagnósticos errados do que seja a Verdade. Este é o dilema que não consigo evitar, como entender algo como verdadeiro, que não seja o reflexo de uma verdade distorcida? O que tenho para usar nessa selva de objetos e fatos que existem ao meu redor, e que devo descobrir a verdade sem desvios ou manipulações do meu interesse egóico ou de terceiros, é a inteligência e a coerência, atributos cognitivos usados pela consciência.
Entro agora nessa reflexão e vejo que não é tão simples assim. A própria forma de falar denuncia algumas incoerências. Por exemplo, quando eu digo “minha consciência”, eu estou dizendo que essa consciência pertence a quem? Pertence a mim, corpo ou espírito? Sei pelos estudos espirituais que pertence ao espírito, enquanto a maioria das pessoas acreditam que pertence ao corpo com uma variável sub-interpretações. Eles acreditam estar com a verdade, e eu também. Mas um de nós está enganado. Pelos estudos que faço, pela comprovação de fatos, pela coerência de ideias, acredito que eu estou certo, pois eles não colocam para mim nenhuma outra argumentação ou fatos que se mostrem superiores aos que eu tenho. E por que eles não aceitam os meus dados e confirmam a minha verdade adquirida? Muitos não querem nem raciocinar sobre a possibilidade de estarem errados, tem certeza que estão certos e que não podem ser envolvidos com as mentiras dos outros. Nesse ponto a Verdade mostra dois tipos de comportamentos: o meu, aberto à possibilidade de que estou errado e que posso corrigir-me a qualquer momento que eu tenha a compreensão do erro, e o comportamento do outro que se considera certo e que nenhuma outra informação pode corrigir a verdade suprema que ele imagina possuir.
Quem avalia de fora esses dois tipos de comportamentos, chega logo a conclusão de que o comportamento humilde de se mostrar capaz de estar dentro de um erro é muito superior àquele que tem a certeza de ser o detentor da Verdade e por isso não está disposto a mudar ou considerar a possibilidade disso acontecer.
Pelo motivo de eu perceber que a atitude aberta de manter a minha consciência sempre apta a captar os estímulos que chegam aos meus sentidos e ajustá-los com coerência aos paradigmas já construídos, fortalecendo ou ajustando a verdade considerada como tal, é que acredito que estou num patamar superior de convívio com a Verdade. Deixo todos os comandos da consciência ajustados para fazer toda essa avaliação cotidianamente, até mesmo de forma automática.
Essa forma da consciência pensar, autorizada pela inteligência do Espírito, é que leva minha vontade a ser acionada para caminhos que aparentemente divergem daqueles que eu estava trilhando até pouco tempo. Mas tudo isso é aparência. Quem convive mais próximo de mim e entende melhor a profundeza dos meus pensamentos, ou até mesmo quem acompanha a leitura deste diário, verificará que todos estão entrelaçados, por mais dispare que pareça a nova atividade.
O Espírito programa a consciência para usar os comandos cognitivos no meio do cipoal de estímulos internos e ambientais, dos relacionamentos de toda a natureza, sempre no sentido de se ajustar automaticamente ao encontro da Verdade. É parecido com o que acontece com o uso de um GPS. Colocamos o endereço e seguimos, se por qualquer motivo há um desvio da rota, logo o aparelho encontra um caminho alternativo para chegar aquele endereço. Assim, a consciência é o meu GPS. Se no caminho eu entro em algum desvio, logo que ela percebe aponta outro caminho alternativo para que eu continue em direção à Verdade.