Mesmo quando estamos envolvidos em mentiras sempre existe alguém que percebe a Verdade. Podemos considerar que aqueles que não percebem a Verdade estão perdidos no cipoal de mentiras. Nesse ponto podemos evocar as lições do Evangelho citado por Lucas, quanto a ovelha perdida que foi encontrada pelo pastor o qual voltou para casa cheio de júbilo. Queria Jesus com essa lição que o céu se mostraria jubiloso por um só pecador que fizesse penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
Aproveitando essa lição do Mestre, podemos aplicá-la na atual conjuntura social de nosso país, considerando como ovelhas as pessoas de bem. Quando uma delas se perde na confusão das mentiras, ficará a sociedade muito mais jubilosa no seu resgate pela Verdade do que os 99 que já estavam sintonizados com a Verdade.
O cristão que percebe essa situação e sente a necessidade de cair em campo para livrar a ovelha perdida no laço da mentira, adquire a condição do Bom Pastor, ao passo que aqueles que percebem que estão usando a mentira em seu proveito são os lobos. Muitos deles estão misturados com as ovelhas, disfarçados, lobos em pele de ovelha. As próprias ovelhas não conseguem fazer a distinção e caminham lado a lado com o inimigo sem perceber o perigo no fim do caminho. Quem pode fazer essa distinção é o Pastor que além de ser capaz de fazer picadas na selva de mentiras para chegar até a consciência da ovelha perdida, ainda tem que mostrar coragem no enfrentamento do lobo que não quer largar a sua presa.
Isso ficou bem claro nos movimentos populares que ocorreram em todo o Brasil, quando uma multidão foi à rua de forma pacífica para protestar contra os desmandos do governo. Ali estavam as ovelhas, mas entre elas existiam os lobos que destruíam e queimavam o que encontravam pela frente, deformando o caráter pacífico das passeatas. Foi necessário usar os cães (policiais, no bom sentido da proteção) para fazer o enfrentamento com os lobos.
Assim, ovelhas, lobos, cães e pastores, são as quatro instâncias psicológicas dentro do comportamento humano as quais o divino Mestre quis se reportar na sua lição do Bom Pastor. Nascemos todos na condição de ovelha, protegidos pela inocência. À medida que nos desenvolvemos, os instintos que garantiram a nossa sobrevivência nos primeiros dias de nascido e que continuam sendo importante por nossa vida toda, tendem a extrapolar suas funções e prejudicar a existência do próximo. Essa tendência de nos transformar em lobos é uma força derivada dos instintos e que precisa ser controlada com base na Verdade descoberta pela inteligência, instigada pela educação. Quando isso não acontece e o processo consegue se disseminar no redil, parece que todas as ovelhas se transformam em lobos, lobos que continuam em pele de carneiro, pois as conquistas éticas da civilização impedem que os lobos se apresentem como tais. Torna-se necessária a constante presença dos cães para coibir os abusos contra as ovelhas a cada instante. Aqueles que conseguem ter acesso às lições de Jesus e aceitam como verdade o seu conteúdo, se transformam em pastores que procuram libertar as ovelhas do labirinto do mal e até mesmo os lobos, fazendo-os reconhecerem sua condição natural de ovelha e que também podem se transformar em pastores e trilhar o caminho em busca do Pai.
Chegará um tempo que não necessitaremos mais da figura do pastou nem dos lobos, pois cada ovelha nascida inocente terá os devidos requisitos de educação para controlar os seus instintos e construírem a sociedade fraterna com base na família universal, com o esteio em todos os níveis de relacionamento do Amor Incondicional.