Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
11/12/2014 00h59
FRATERNIDADE, RESPONSABILIDADE E JUSTIÇA

            Hoje é dia de comemoração internacional dos direitos humanos. Uma data que deveria ser observada por todos que lutam pela justiça, pelos direitos humanos. No entanto, não vejo nenhuma manifestação da sociedade a esse respeito. Nem mesmo dentro de setores bem esclarecidos da sociedade, como o Departamento de Medicina Clínica do qual faço parte. Durante a reunião plenária que é realizada mensalmente na segunda quarta feira do mês, ninguém se lembrou de citar a importância do dia. Pode ter que tivesse alguém como eu, que sabia do significado do dia, mas que não manifestou a lembrança.

            Outro fato aconteceu dentro da reunião plenária que na minha avaliação agrediu o direito humano de quatro professores, no que se refere à justiça e que vou tentar explicar como ocorreu.

             A secretaria do Departamento estava sempre lembrando aos professores de levarem presentes à reunião para depois serem sorteados na forma de amigo secreto. No entanto, apenas quatro professores levaram os presentes. Eu fiquei entre a maioria que não levou. Os quatro presentes foram colocados sobre a mesa e o chefe do departamento pegou o envelope com o nome dos professores presentes para o sorteio. Uma das professoras que levou presente disse que assim não era justo, que o sorteio devia ser feito somente entre as pessoas que levaram presentes. O chefe do departamento resolveu colocar em votação as duas sugestões e antes disso acontecer surgiu nova proposta: que os quatro presentes fosse sorteado entre os funcionários. O chefe acatou e colocou as três propostas em votação.

            A primeira proposta, dos presentes serem sorteados com todos não teve nenhum voto; a segunda proposta teve voto de poucas pessoas; venceu com grande maioria a proposta de deixar os presentes para os funcionários.

            Após ter saído o resultado chamei a atenção dos meus colegas com um viés político. Disse que o que acabara de acontecer na sala foi um retrato do que estava acontecendo em todo o Brasil. Em nome da Fraternidade com os mais pobres não se pratica a Justiça com quem produz. O governo distribui fartamente as bolsas-famílias por todo o país sem ouvir quem produziu para comprar essas bolsas, mas como foi eleito de forma democrática se acha no direito de fazer assim.

            Aqui na sala aconteceu fato semelhante, continuei. Por uma questão de Justiça quem não comprou presente devia ter se abstido de votar para doar os presentes que eles não compraram para terceiros. Sei que levantar essa questão numa votação num clima natalino como esse onde prevalece o sentimento de Fraternidade, pode parecer uma posição de Egoísmo, de não querer ajudar os mais fracos. Foi assim que aconteceu nas últimas eleições no Brasil, usaram o dinheiro de quem trabalhou para ajudar os mais pobres e com o uso da mentira fez com que a democracia referendasse a injustiça.

            Logo mais a noite participei de uma reunião política e fiquei encarregado de elaborar uma nota para ser publicada nos jornais sobre o que aconteceu na última votação no Congresso Nacional e que transcrevo abaixo na íntegra:

            NOTA À POPULAÇÃO NORTE-RIOGRANDENSE

            A presidente do Brasil, Dilma Rousseff (PT), não cumpriu a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e gastou além do permitido, que é um crime já consumado. Para se livrar da punição mandou ao Congresso um Projeto (PLN-36) que torna legal o que é ilegal. Além disso, condicionou a aprovação do Decreto que amplia em R$ 748,7 mil o limite de gasto de emendas por parlamentar. Tornou ainda mais vergonhosa essa aprovação. Dessa forma nos congratulamos com o voto NÃO do deputado Felipe Maia (DEM). Repudiamos o voto SIM dos deputados Henrique Alves (PMDB), Betinho Rosado (PP), João Maia (PR), Fábio Faria (PSD), Fátima Bezerra (PT), Paulo Wagner (PV) e da senadora Ivonete Dantas (PMDB). Entendemos como correta a posição do senador Agripino Maia (DEM) e Paulo Davim (PV) que não compareceram a votação na tentativa de não dar quorum, mas o presidente do Congresso, Renan Calheiros, completou consigo mesmo, o que não é usual. Finalmente, deixamos uma menção honrosa ao deputado Tiririca que faz o povo rir, mas não o trata como palhaço!

            Ass. Unidos Pela Liberdade / Força Democrática

            Essas são as consequências quando não se tem a responsabilidade de cumprir a Lei em nome de uma fraternidade mascarada pelos interesses egoístas: ser punido pela justiça. Infelizmente a Justiça termina com os olhos vendados sem conseguir interferir nas manobras para fugir da sua teia, quando o poder é exercido sem ética.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/12/2014 às 00h59