Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
16/12/2014 00h59
VITÓRIA DO TRABALHO

            O Trabalho é o fator motivador, o motor da engrenagem comportamental que direciona o comportamento em busca de suas metas. A minha meta comportamental é de natureza espiritual, mas isso passa necessariamente pelos compromissos no campo material. Estes terminam por se transformar em problemas sérios quando o Trabalho não é acionado párea colocá-los em dia. Sei que tenho diversas ocupações e a falta de tempo termina por ser um fator limitador de coerente justificativa. Mas tem tarefas que vão sendo procrastinadas ao longo do tempo e terminam criando um fosso entre o objetivo espiritual e o compromisso material.

            Isso foi o que aconteceu com a tarefa de organizar os imóveis sob minha administração, principalmente o flat localizado na Redinha Nova. Chegou a um nível de acúmulo de objetos como livros, CDs e DVDs cobertos de maresia e mofo, impossibilitando até mesmo o uso saudável do imóvel. Decidi fazer a limpeza junto com todas as pessoas próximas (Simone, Navegante, Fábio, Flávio, Betânia) que podiam colaborar. Como tinha o trabalho de perícia a realizar as 14h, pensava em sair e depois voltar para a conclusão. Percebi no decorrer do trabalho que isso não seria possível, existia muito material para tirar de dentro do flat e fazer a limpeza de tudo. Liguei para o trabalho e informei que não poderia ir neste dia por causa de tarefa extra. Que os pacientes fossem remarcados para o dia seguinte, eu chegaria mais cedo ao trabalho.

            Dessa forma participei ativamente do carregamento e descarregamento dos livros, DVDs e CDs na garagem do meu irmão, Carlito, com o qual eu já havia combinado neste mesmo dia após sentir a intuição que deveria caminhar nesse sentido. O espaço que ele tinha disponível era o suficiente para guardar todo esse material que deverá ser usado oportunamente na construção de um sebo, talvez de natureza comunitária, associado ao trabalho realizado na Praia do Meio.

            Como vi que o condomínio está dando sinais de organização com os moradores embelezando os seus jardins, resolvi também fazer o mesmo. Entrei em contato com o vizinho, senhor Carlos, que informou onde comprou uma mesa e bancos para jardim, de cimento, e passei na mesma loja e encomendei conjunto semelhante que deverá ser entregue no sábado, assim como seis mudas de plantas e três jardineiras. Passei no apartamento e trouxe o aspirador de pó; passei no restaurante Casa de Mãe e trouxe cinco quentinhas para o pessoal almoçar, pois eu decidi que neste dia o trabalho seria a minha única meta e que eu não pararia nem para alimentação. Comi apenas um pedaço de melancia, sucos e água.

            Tive que fazer a encomenda de mais duas camas, pois a cama de casal e uma de solteiro estavam sem condições de voltar para o flat. Simone entrou em contato com Neta que trouxe esses pedidos inclusive uma mesa para substituir o apoio dos livros que uso em leitura permanente no apartamento da Praia do Meio.

            Por volta das 16h faltou energia no flat e como pensei que era uma falta geral fiquei a esperar o retorno. Somente ao cair da tarde, com o escurecimento é que vi os outros apartamentos com os televisores funcionando e procurei ligar para a COSERN. Como a portaria não tinha o telefone, liguei para Edinólia que me forneceu o numero da emergência. Tive que esperar mais uma hora para que a empresa tivesse condições de me atender e depois marcar com a equipe de rua para atender a solicitação dentro de 4h de espera. Recebi ainda no final a ajuda de Gerlane e Gustavo que se integraram no esforço da mudança e arrumação.

            O carro de Neta foi fundamental para o transporte dos livros para a garagem de Carlito e ficou apenas uma pequena parte dentro da sala do flat para ser organizado no próximo domingo e dar o fechamento dessa faxina e arrumação geral. Quando cheguei no apartamento, tomei banho e fui para a cama com os dedos todos doloridos do esforço durante o dia, o relógio marcava meia noite.

            Fiz esse relato mais ou menos detalhado deste dia para reforçar o papel do Trabalho no meu plano de vida. Em um campo da consciência estão em luta constante esses dois adversários, a Preguiça e o Trabalho; o primeiro é um dos sete pecados capitais, o segundo é uma das virtudes básicas do ser humano. A Preguiça associada às necessidades do Corpo está sempre levando vantagens sobre as necessidades do Espírito.

            O meu espírito decidiu reduzir essa vantagem da Preguiça sobre o Trabalho no que se refere a administração do flat. Aproveitou o sentimento de Reconhecimento que devemos ter dos benefícios recebidos, uma responsabilidade do Espírito, e preparei com tempo hábil um espaço para Lilian e seus amigos que moram em Brasília, que nos receberam em sua casa com todo o carinho quando estivemos em sua cidade, ficassem confortavelmente instalados. O corpo não teve trégua, ficou o tempo todo subjugado pelas ordens do espírito e só usava líquidos porque percebia o ressecamento da boca, sem salivação, como sinais de desidratação.

            Isso sinaliza para meu espírito a força que tem o Corpo quando passa a ter contato ou usar aquilo que ele tem necessidade. Passa logo dos limites do necessário para o abuso, e, portanto, tenho que ficar atento para que o Espírito não seja derrotado em batalhas constante e não chegue a perder a guerra. Tenho como exemplo o tempo que gasto no jogo do buraco quando tenho oportunidade, com meus amigos, parentes ou companheiras. É uma ação que atende as necessidades lúdicas do corpo e da mente, mas que não deve entrar no exagero, como observo que acontece em algumas ocasiões.

            Percebo que o Tempo parece que está fluindo mais rápido e minhas ações relacionadas com o trabalho devem ser mais constante, que devem chegar aos limites do sacrifício. Afinal entrei numa jornada indicada pelo Pai e aceita pelo meu livre arbítrio que leva a muitos sacrifícios dos quais já estou participando de alguns, como viver sozinho, eu, que tenho uma vocação natural para viver na companhia de alguém. Porem a exigência do Amor Incondicional força o afastamento de todos os instintos egoístas que estão ao meu redor e exigem exclusividade e assim provocam desarmonia no meu plano de vida. Por mais que eu seja tolerante, surge um afastamento progressivo e natural de todos que exigem de forma implícita ou explícita a minha exclusividade; que não usam a solidariedade com honestidade de princípios e sentimentos.

            Mas, agora não é motivo para essa lamentações, e sim de júbilo, pois hoje foi o dia de uma vitória retumbante do Trabalho sobre a Preguiça!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/12/2014 às 00h59