Ao assistir o documentário “I AM” na Netflix, notei alguns comentários dos participantes que achei conveniente confrontar com as ações práticas da minha vida. Vou reproduzir neste texto com algumas adaptações no sentido de atender as provocações que eles fazem aos meus paradigmas.
As noções básicas de nossa relação com as coisas vêm, de uma verdade e uma mentira na nossa cultura. A verdade é que se voce está nu e com frio, à noite, ao relento, sozinho na floresta e está chovendo, voce está infeliz. Certo? Todos concordamos com isso. E se alguém abrir a porta, convidá-lo para entrar e sentar perto de uma lareira, lhe der roupas, coberta, um lugar quente para dormir e um prato de sopa, de repente voce passa da infelicidade à felicidade com muito pouco, mas são coisas que fazem a diferença, simples assim. Então essa é a Verdade. A mentira é que se estas coisas vão fazê-lo feliz, então ter mais o fará mais feliz. Cem vezes mais o fará cem vezes mais feliz. Mil vezes mais o fará mil vezes mais feliz e Bill Gates vive em felicidade perpétua (Thom Hartmann – Autor de “Last Hours of Ancient Sunlight).
Então é um problema psicológico, pois, tem razão, pois não é a realidade. A realidade é que se você tem dois bilhões ao invés de um, não terá o dobro da felicidade. Mas as pessoas são movidas a acumular, acumular, acumular, sem se perguntarem: “isto vai me fazer feliz ou não?” (Howard Zinn – Historiador, Autor).
Então eu descobri que muita gente era infeliz mesmo parecendo ter tudo, mesmo parecendo estar fazendo ou vivendo o sonho americano. (John Francis – Environmentalist, Author, “Plantwalker”)
A riqueza por si não lhe proporciona a felicidade que achou que lhe daria. (Desmond Tutu – Arcebispo, Cape Town, África do Sul).
Rumi diz para suspeitar do que deseja. Isso é bem subversivo em uma cultura consumista, não é? Devemos multiplicar nossos desejos e satisfazê-los. Mas ele diz: “Voce cava covas para pegar alguém, mas acaba caindo nelas.”. “Trama para conseguir o que quer, mas acaba numa prisão.”. Sabe, “corro atrás de um veado e acabo perseguido por um porco.” (Poeta, Autor – “The Essential Rumi”).
Todas essas opiniões não ferem a minha consciência, não sou incompatível com elas. A fórmula da felicidade não passa pelo acúmulo de bens materiais e sim pelo acumulo de bens espirituais, o tesouro que podemos levar conosco para qualquer viagem, até mesmo a viagem para o plano espiritual.
Hoje à noite fizemos uma demonstração disso com o jantar que oferecemos aos familiares a amigos. O aspecto material fica totalmente fora de cogitação e toda a harmonia é feita em torno dos valores espirituais. Acredito que ainda posso melhorar muito esses momentos, pois perco a ocasião de expor com mais clareza aos convidados o nosso compromisso com os valores espirituais, o que o Pai espera de cada um de nós de acordo com os talentos que Ele deixa no coração de cada um, e das lições do Mestre Jesus que veio nos ensinar sobre o Amor Incondicional, na teoria e na prática.
Tenho que desenvolver a habilidade para reunir as pessoas presentes em torno do aprendizado dos valores espirituais sem que isso se torne monótono, maçante ou deixe transparecer algum tipo de fanatismo. Tenho que ter a habilidade do professor que conduz os seus alunos por terrenos áridos do aprendizado, mas deixando a sensação em todos eles de uma viagem mágica pelos caminhos da evolução.
Devo ter a habilidade de mostrar a todos a fórmula da felicidade que alcancei, mesmo não tendo eliminado o sofrimento que é inerente à condição humana de quem ainda sofre os efeitos dos desejos da matéria, da carne.