Ao refletir sobre a matéria da revista IstoÉ que trabalhei ontem, que abordava a forma de amar afetiva e sexualmente com a possibilidade de formação de vínculos, de companheirismo, percebi que a ideia que tenho não se ajusta a nenhuma delas, mesmo sabendo que estou no campo do amor não exclusivo. Como então definir a minha ideia sobre o Amor? Sei que ele não é romântico, apesar de em alguns momentos ter essa característica. Sei que ele é subordinado ao Amor Incondicional, capaz de bloquear os desejos da minha carne se isso ofende aos interesses do próximo. Daí eu entender que essa forma de amar está dentro dos ensinamentos do Cristo e a Ele me refiro como Mestre por perceber em Seu comportamento uma pureza espiritual que ainda não possuo. Mas Ele não quis se envolver nessa questão da sexualidade, da intimidade que gera vínculos, filhos, companheirismo, família, solidariedade e que deve ser a mais universal possível. Ele preferiu caminhar em suas lições com seus apóstolos sem tentar explicar como isso funcionaria na relação homem-mulher. Então me deparo agora com essa questão. Por um lado a cultura milenar que aponta um determinado comportamento padronizado e por outro a minha consciência que intui outra forma de relacionamento, mais próxima da Verdade que o Cristo ensinou. Então, como captar essa ideia, como conseguirei ver essa forma, segundo Platão, que são seres imutáveis, perfeitos, ideais, dos quais tudo no universo é uma cópia melhorada ou piorada? Como conceituar o Amor que acredito ser o mais racional para conquistarmos o Reino dos Céus? Devo exercitar a mente no raciocínio, pensar a respeito e realmente entendê-las, especialmente ao filosofar.
Para Platão as ideias eram entes extramentais que habitavam a realidade exterior, não visíveis aos olhos, mas passíveis de serem conhecidas pela mente. Hoje em dia pensamos em ideias como conceitos ou imagens que existem, no máximo, na mente de uma pessoa. Mas para isso acontecer é necessário que essa pessoa tenha conseguido êxito e “pescado” essa ideia extramental e trazido ao campo da realidade mental, no início individual, mas que será em seguida socializada. Essa é a minha tarefa, fazer essa procura do que a minha mente intui como verdadeira, fazendo a “pescaria” racional.
Entendo essa ideia que quero “pescar”, como um arquétipo de algo que existe na mente de Deus; Deus esse que antes de criar o universo e tudo que o contém, já tinha em Sua mente a ideia do universo e de tudo que ele conteria.
Devo procurar ver em minha mente um tipo de imagem desse conceito que ferve em meus pensamentos, pois é a ela que se refere a ideia do conceito de Amor que eu possuo, uma coisa, um sentimento. Expressar o que vem à mente à menção de fantasia, noção, espécie, ou aquilo com que a mente se ocupa enquanto pensa. Devo transformar essa ideia em objeto do pensamento e torná-la capaz de ser considerada ou discutida por duas ou mais pessoas.
Devo respeitar as ideias já consideradas como objetos do pensamento, como liberdade, justiça, guerra, intriga, fraternidade, paz, governo, amor romântico, poliamor, swing, relações livres, relacionamento aberto, casamento, fidelidade... e tantos outros objetos mentais. Devo trabalhar o meu pensamento para transformar a ideia que quero “pescar” em mais um objeto do pensamento nessa ampla prateleira consciencial.
Para isso eu tenho que fazer uma retrospectiva de quando a minha mente andava pela prateleira consciencial usando as ideias expostas e tentando aplicá-las em minha vida. Identificar quando essas ideias já não atendiam ao meu senso de Justiça ou de coerência com a Verdade superior. O Amor foi descoberto, a meu ver, como a força mais poderosa do universo, essência do Criador, e, portanto, não poderia ser subjugada por nenhum interesse menor, interesse das criaturas em detrimento do interesse do Criador. Portanto, a minha forma de amar deveria ter a maior coerência possível com o Amor maior, que é o Amor Incondicional. É por isso que sinto a necessidade de “pescar” em meus pensamentos essa ideia que também se encontra na mente de Deus e trazê-la à realidade e assim preencher as reticências que ainda uso ao redor do: ...Amor...