Devo fazer uma retrospectiva para fazer essa pescaria mental em busca do conceito do Amor. Primeiro, devo afastar aquilo que deixei de aceitar como verdade, o que seria mais importante no relacionamento íntimo.
Iniciei a minha vida entendendo o amor romântico como o ponto mais alto desse sentimento e que deveria guardá-lo com fidelidade para a mulher que aceitasse dividir a vida comigo e que dividisse o mesmo sentimento de amor.
Logo percebi que o Amor Incondicional era a forma de Amor mais pura, que representa a energia do Criador, e que o amor romântico devia a Ele ser subordinado. Com essa compreensão, a exclusividade exigida pelo amor romântico perdeu o sentido. Quebrei todos os preconceitos sobre isso, inclusive os fortes sentimentos machistas que existiam dentro de mim. Dei à minha companheira o mesmo direito de se relacionar com quem ela tivesse desenvolvido algum afeto, como acontecia comigo. Nesse contexto tornou-se viável a prática do swing, e desenvolvemos iniciativas nesse sentido, mas não foi concretizado nenhum encontro nesse sentido. No entanto desenvolvemos Relações Livres, afetos, paixões e intimidades sexuais com diversos parceiros, e assim também procedia minha esposa. Caracterizava assim o Relacionamento Aberto, onde tínhamos nossas relações afetivas na condição de serem secundárias. Aconteceu de ser desenvolvido por mim um forte sentimento por minha prima e nesse momento coloquei a proposta de viver equilibradamente com as duas. Foi uma proposta de Poliamor dirigida as duas, mas de Relacionamento Aberto com relação as demais. Como a minha esposa não aceitou, passei a conviver com minha prima, defendendo o Relacionamento Aberto, mas sem ser aceito por ela. Até que chegou o momento que ela não conseguiu tolerar mais as minhas experiências afetivas fora do lar e me expulsou literalmente de nossa casa.
Passei a viver sozinho, mas com a proximidade maior de uma companheira que sabia de todos os detalhes da minha forma de amar e de manter o relacionamento e que pretendia se ajustar tentando se comportar como Radharani, uma princesa indiana da espiritualidade oriental que acolhia todos os afetos femininos do seu amado Krishna, sem nenhuma rejeição ou ressentimento. Era mais uma vez a tentativa do Relacionamento Aberto, onde as outras relações afetivas se desenvolveriam de forma secundária. Ela não conseguiu manter o “padrão Radharani” e suas constantes recaídas em rusgas e rejeições dos meus afetos, terminou esse tipo de relacionamento e ela perdeu a convivência explícita comigo.
Hoje eu sei, depois de tantas experiências, que não encontrei nenhuma mulher que desenvolvesse o sentimento básico capaz de garantir a convivência comigo, de amar sem fingimento a pessoa que me ama, de cuidar da pessoa que cuida de mim, de defender a pessoa que me defende... da mesma forma que estou capacitado a fazer com qualquer afeto extra que minhas companheiras desenvolvam.
Dentro dessa atual circunstância a forma de amar que eu apresento é o Poliamor, com a possibilidade de ter diversas relações afetivo-sexuais ao mesmo tempo, todas com a mesma importância.
Sei que o ideal ainda não é este perfil comportamental e afetivo. Com a compreensão de que este afeto deve servir para a construção do Reino de Deus, compreendo que o Relacionamento Aberto seja o mais adequado, desde que a companheira prioritária consiga acolher com afeto e fraternidade todas as novas companheiras que surjam no caminho. A prioridade conseguida pela companheira deveria ser em função do tempo de companhia, mas que ela aceite como natural toda a força do afeto, e suas consequências, que surge por uma nova pessoa, sem qualquer rejeição ou intolerância.
Enquanto a companheira compatível não surja, e talvez isso nunca aconteça comigo, desenvolverei o Poliamor, onde todas que desenvolvem afeto por mim de forma recíproca têm a mesma importância. Ressalto apenas que as companheiras mais recentes tem uma força afetiva maior por está mais próxima do instinto sexual, enquanto as companheiras mais antigas têm um compromisso maior por manterem a convicção ao longo do tempo.
Estou muito longe ainda de atingir esse estágio ideal de relacionamento, pois não depende de mim. São as minhas companheiras que não conseguem desenvolver um comportamento de solidariedade uma com as outras e termino dentro de um campo de conflito onde prevalece a separação do que a união. Mas tenho que tolerar essa falta de maturidade espiritual necessária para conter os impulsos instintivos do egoísmo inerente à condição humana, que ainda é mais prevalentemente animal.