Quando me defini como cristão, que devia seguir as lições do Mestre Jesus o qual anunciou a vinda do Reino de Deus, logo percebi que estava engajado numa batalha entre o mal, representado pela ignorância, e o bem, representado pela Verdade. Vejo ao meu lado um bom número de igrejas cristãs, que divulgam a mensagem do Mestre, mas que ainda são pobres em ações comunitárias que visem a transformar cada uma dessas comunidades em propostas do Reino de Deus. A minha constante leitura dos conceitos cristãos e espiritualistas de toda espécie, que sintonizam com a vontade de Deus, serve como capacitação para a minha ação no meio social como um verdadeiro “Soldado de Deus” sob o comando de Jesus.
Na liturgia de hoje, um trecho de Mateus (4, 12-17.23-25) diz que após a prisão de João Batista, Jesus foi para Cafarnaum, a Galiléia dos gentios, terra vizinha ao mar, com um povo que vivia nas trevas. A partir daí resplandeceu uma grande luz e surgiu uma aurora para os que jaziam na região sombria da morte. Desde então Jesus começou a pregar, orientava para a penitência, pois o Reino dos Céus estava próximo.
Epifania é a súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo, e sinto essa epifania como a manifestação de Cristo e de sua mensagem ao mundo. Essa mensagem chega como uma grande luz, uma lição de libertação para os corações. Implica numa conversão dos interesses do mundo material, dos desejos da carne, para os interesses do mundo espiritual, como pré-requisito. Fazendo assim assumimos o trabalho que o próprio Cristo faria se estivesse entre nós.
Vejo uma grande multidão de pessoas que vivem como manadas, lutando pela sobrevivência, de forma digna ou indigna. Apesar de existir lideranças cristãs, como o Papa, pastores, padres, etc., mas todas essas pessoas parecem no cotidiano de suas vidas, como ovelhas sem pastor. A luta pela sobrevivência cria guetos de miséria humana, tanto nos indigentes como nos multimilionários. As pessoas, criaturas de Deus, se comportam como animais colocados na selva, onde a agressividade, o crime, a impunidade, o roubo dos “sem camisas” ou dos “colarinhos brancos” imperam a cada momento, em cada local. Constitui um verdadeiro campo de batalha onde o outro é visto como um competidor, como o adversário, e muito raramente como irmão, filho do mesmo Pai.
Eu, como Soldado de Deus, revestido da epifania do Cristo, passo a agir na batalha com a espada do Amor e o escudo do perdão. Mesmo que saiba que sou uma pessoa cheia de defeitos, que ainda sou subjugado aos desejos do corpo em muitos aspectos, mas a minha vontade e convicção estão sempre voltadas para Deus, para a realização de Sua vontade. Como eu, existem outras pessoas com a mesma convicção e determinação, começamos a fazer patrulhas, e cada vez mais sentimos a chegada de novos reforços. É como se o Pai sentisse após a sondagem em nossos corações que pode confiar neste trabalho que pretendemos realizar e toca no coração de seus filhos mais sensibilizados para se incorporarem ao trabalho.
Espero que a tolerância seja uma virtude ao alcance de todos, pois as diversas falhas que ainda apresentamos irão com certeza machucar o companheiro que trabalha ao nosso lado, com as mesmas intenções nobres de ajudar ao próximo.