Recebi um texto na forma de uma entrevista com Lúcifer e que acho interessante reproduzir para gerar reflexões.
LÚCIFER (Anjo de Luz)
P. Onde você morava?
R. No Jardim do Éden e caminhava no brilho das pedras preciosas do Monte Santo de Deus (Ezequiel 28:13).
P. Qual era sua função no Reino de Deus?
R. Como querubim da guarda, ungido e estabelecido por Deus; minha função era guardar a Glória de Deus e conduzir os louvores dos anjos. Um terço deles estava sob o meu comando (Ezequiel 28:14; Apocalipse 12:4)
P. Alguma coisa faltava a você?
R. (reflexivo, diminuiu o tom da voz) Não, nada (Ezequiel 28:13)
P. O que aconteceu que o afastou da função de maior honra que um ser vivo poderia ter?
R. Isso não aconteceu de repente. Um dia eu me vi nas pedras (como espelho) e percebi que sobrepujava os outros anjos (talvez não a Miguel ou Gabriel) em beleza, força e inteligência. Comecei então a pensar como seria ser adorado como Deus e passei a desejar isto no meu coração. Do desejo passei para o planejamento, estudando como firmar o meu trono acima das estrelas de Deus e ser semelhante a Ele. num determinado dia tentei realizar meu desejo, mas acabei expulso do Santo Monte de Deus (Isaías 14:13,14; Ezequiel 28:15-17).
P. O que detonou finalmente sua rebelião?
R. Quando percebi que Deus estava para criar alguém semelhante a Ele e, por consequência, superior a mim; não consegui aceitar o fato. Manifestei então os verdadeiros propósitos do meu coração. (Isaías 14:12-14)
P. O que aconteceu com os anjos que estavam sob seu comando?
R. Eles me seguiram e também foram expulsos. Formamos juntos o Império das Trevas. (Apocalipse 12:3,4)
P. Como voce encara o homem?
R. (com raiva) Tenho ódio da raça humana e faço tudo para destruí-la, pois eu a invejo. Eu é que deveria ser semelhante a Deus. (1Pedro 5:8)
P. Quais são suas estratégias para destruir o homem?
R. Meu objetivo maior é afastá-lo de Deus. Eu estimulo a praticar o mal e confundo suas ideias com um mar de filosofias, pensamentos e religiões cheias de mentiras, misturadas com algumas verdades. Envio meus mensageiros travestidos, para confundir aqueles que querem buscar a Deus. Torno a mentira parecida com a verdade, induzindo o homem ao engano e a ficar longe de Deus, achando que está perto. E tem mais. Faço com que a mensagem de Jesus pareça uma tolice anacrônica, tento estimular o orgulho, a soberba, o egoísmo, a inimizade e o ódio dos homens. Trabalho arduamente com o meu séquito para enfraquecer as igrejas, lançando divisões, desânimo, críticas aos líderes, adultério, mágoas, friezas espirituais, avareza e falta de compromisso (ri às escaras). Tento destruir a vida dos pastores, principalmente com o sexo, ingratidão, falta de tempo para Deus e orgulho. (1Pedro 5:8; Tiago 4:7; Gálatas 5:19-21; 1Coríntios 3:3; 2Pedro 2:1; 2Timóteo 3:1-8; Apocalipse 12:9)
P. E sobre o futuro?
R. (com o semblante de ódio) Eu sei que não posso vencer a Deus e me resta pouco tempo para ir ao Lago de Fogo, minha prisão eterna. Eu e meus anjos trabalharemos com afinco para levarmos o maior numero possível de pessoas conosco. (Ezequiel 28:19; Judas 6; Apocalipse 20:10,15)
Este texto foi elaborado com base nos versículos bíblicos e monta uma entrevista que poderia ser considerada verdadeira dentro dos princípios religiosos colocados na Bíblia por diversos autores.
Sei que existem incoerências com o pensamento racional e com os ensinamentos espirituais dados pelos próprios espíritos. É ensinado que tudo na vida sofre os efeitos da evolução, tanto na dimensão material quanto na espiritual. Que nada regride neste fluxo evolutivo que tende à perfeição, à harmonização. Como é então que um anjo altamente evoluído, bem próximo de Deus, sofre os efeitos do orgulho e vaidade a ponto de se rebelar e sofrer um retrocesso em sua evolução e fica condenado às penas eternas, juntamente com quem o acompanhou? É uma história completamente incoerente!
No entanto serve para a instrução dos espíritos atrasados e encarnados na Terra para entenderem de forma alegórica a pressão que todos sofrem dos instintos animais. São instintos egoístas e perversos, que foram criados por Deus para garantir a nossa sobrevivência, principalmente nos primeiros dias do nascimento do corpo no qual eles se expressam. Esse instintos primitivos é quem podem ser identificados como a Luz que o Pai nos dá ao nascer, por Lúcifer. São esses instintos que devem desempenhar uma tarefa dupla e aparentemente contraditória. No primeiro momento deve garantir a sobrevivência do corpo, o primeiro papel de Lúcifer que o Pai deseja que ele realize. Ele assim o faz. Num segundo momento, o Pai espera que ele desempenhe o papel de ajuda ao próximo, às vezes com o sacrifício de sim mesmo. É neste momento que o Lúcifer interno se revolta, não quer ajudar ao próximo, pelo contrário, procura prejudicar de todas as maneiras. Tem orgulho de si mesmo e vaidade; e inveja de quaisquer benefícios que o outro consiga. É esta a revolta do anjo Lúcifer (Luz) que Deus colocou dentro de nós. É este demônio interno que nos atenaza e procura nos manter longe de Deus, como o texto tão bem identifica.
Mas ele não está condenado ao fogo eterno do inferno como o texto ameaça. Esta luz que pode está contaminada ainda pelos efeitos mais diversos do egoísmo que gera as trevas ao redor, pode sofrer a transformação do Amor que Deus também colocou dentro de nós e que pode ser acessado pelo livre arbítrio associado ao coração. O corpo é apenas um detalhe nessa luta que teremos ao longo do tempo, por diversas vivências corporais; nosso espírito terá que enfrentar as trevas para reorientar o Lúcifer interno, deixar a Luz brilhar também em direção ao próximo e criarmos a comunidade do Reino de Deus, como o texto sinalizou que já existiu, e que pode voltar a existir, como Jesus ensinou.