Este texto de hoje é o complemento da roda de conversa que tive ontem, domingo, no flat. Vou colocar agora os argumentos do meu primogênito e de sua namorada com relação aos seus relacionamentos no futuro.
Meu primogênito começou dizendo que respeita o meu posicionamento quanto aos meus relacionamentos, principalmente porque eu não engano ninguém, que todas as mulheres que se aproximam de mim e desejam convivência comigo, sabem da minha forma de pensar, sentir e agir. No entanto ele não quer isso para o seu relacionamento com sua companheira. Faz questão de frisar que faz diferença entre amor e sexo, e que a sua companheira tem toda a liberdade e confiança, para se relacionar com qualquer pessoa, desde que não cometa atos sexuais, mesmo que não haja penetração.
Fiz também questão de dizer que respeito a posição deles, de construir uma família nuclear com base no amor exclusivo, mas que isso implica na fidelidade, com base na verdade dos procedimentos. Que eles sejam firmes para garantir essa fidelidade ao longo da vida, sem fazer como a maioria faz, de romper essa fidelidade de forma clandestina e muitas vezes transformando o relacionamento conjugal em um campo de batalha verbal e agressões físicas, sem nenhuma qualidade de vida.
A namorada dele colocou uma perspectiva diferente. Ela considera que não só uma relação sexual é considerada uma traição, mas qualquer tipo de relacionamento afetivo mais íntimo ou projeto de vida desenvolvido com outra pessoa sem o conhecimento do companheiro. Colocou como exemplo uma pessoa que constrói uma casa com outra pessoa, do mesmo gênero ou não, e passa a dormir algumas noites com ela. Mesmo que não haja sexo, ela já considera isso como uma traição, tanto pelo fato de não ser conhecido como pela possibilidade de existir o sexo.
Senti que a posição do meu primogênito é mais ampla, ele dá total liberdade e confiança à companheira, desde que ela não tenha comportamento de natureza sexual com ninguém. Se a sua companheira faz uma viagem de estudos para um congresso sozinha, e lá encontra alguém que simpatiza, que sai para jantar, que cheguem até a dividir o mesmo quarto do hotel, para ele não há traição se não existe sexo, que seja informado o que está acontecendo ou não.
Para ela isso já configura traição se ele não comenta essa ocorrência, e mesmo que comente, mas se ficam no mesmo quarto do hotel, somente a possibilidade de existir o sexo já configura uma traição.
Percebi que a posição cognitiva quanto o relacionamento conjugal que eles têm hoje é semelhante ao que eu tinha no passado no início do relacionamento com minha primeira esposa. Eu também tinha total confiança nela e acreditava que a traição era caracterizada por fazer sexo ou projetos clandestinos com outra pessoa.
É importante que essas reflexões do futuro tenham conhecimento das minhas reflexões do passado, pois muito provavelmente eles irão passar por circunstâncias parecidas com as que eu passei e poderão evitar os erros que eu cometi.
Primeiro, se eles entram em reflexões que implicam na mudança dos seus atuais paradigmas, que o companheiro(a) tenha conhecimento no começo para evitar o que aconteceu comigo. Cresci muito cognitivamente na mudança de paradigmas de forma isolada e não permiti que a minha companheira fizesse as mesmas avaliações para chegar às mesmas ou diferentes conclusões.
Segundo, ao assumir a mudança de comportamento a partir das mudanças de paradigmas, devem estar prontos a suportar todas as consequências que daí advirem, quer sejam culturais, familiares, legais, etc.
O importante é que a confiança não seja afetada, por mais dolorosa que seja a verdade. Talvez essa minha experiência de vida seja o meu grande presente de casamento para eles.